Como a virgindade é coisa única, quem se dispõe a perdê-la, seja por libido exacerbado, por extaseamento, por deslumbramento, por higiene ou por distracção, arrisca a dor pelo prazer.
Temo que se a perda de virgindade for só trauma e acto único, fique a ideia de que todos os que anteriormente a viveram só repetem o acto por malvadez.
Na política também pode ser assim e se a perda for tão intensa que leve o trauma a provocar a insensatez de generalizar nos outros e em todos os que os antecederam a incapacidade de criar prazer, acaba-se isolado do mundo, agarrado à moralidade sensória e à frustração da irrealização, atirado para os confins de um carmelo sem nunca chegar ao prazer e à utilidade.
Isto parece a estória da carochinha, e é. A estória da carochinha que queria casar com o João Ratão, o tal que morreu no caldeirão por querer comer a feijoada enquanto fervia.
LNT[0.455/2009]