domingo, 27 de fevereiro de 2011

Carnívoros e colesterol

Lombo e cogumelosDuas frigideiras. Uma com tampa para os cogumelos selvagens.
Na que não tem tampa, óleo, para aquecer muito e selar a carne que não pode perder os sucos.
Na outra, pouco azeite, cebola e alho picado, dois cubos de tomate, pimentos picados (pouco).
O bife de lombo é temperado com flor do sal, alho esmagado, ervas, pimenta partida e coentros moídos à mão.

Estrugir o conteúdo da frigideira com tampa. Depois de feito, um pouco de Porto. Deixar evaporar, juntar os cogumelos selvagens. Voltar a tapar. Esperar. Rectificar temperos. Tirar do lume. Juntar natas espessas. Misturar. Voltar a tapar.

Aquecer bem o óleo na frigideira sem tampa. Atirar para lá os nacos de lombo até criarem crosta, voltar e empratar.

Tirar a tampa dos cogumelos e vertê-los sobre o bife no prato. Servir sem esperar.
O tinto alentejano com cabernet sauvignon amacia a coisa.
LNT
[0.069/2011]

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mon dada c'est la danseuse

MagritteDéjà tout gosse, dans les coulisses, / Je passais mon temps sur les cuisses / Des belles danseuses électrisées / Des strip-tiseuses m'hypnotisaient / Déjà gosse, est-ce par hasard? / J'aimais les plumes et les plumards.

S'il faut que les enfants grandissent / J'en connais qui gardent leur vice / Leur vice ou bien leur obsession / Je vous laisse le choix du nom / Est-ce mal ou bien? Ou bien, j'en sais rien! / En tout, cas, j'ai gardé le mien.

Certains préfèrent les plisseuses / D'autres aiment mieux les blanchisseuses / Les brodeuses, couseuses ou lisseuses / Moi, mon dada, c'est la danseuse!

Dans un frou-frou de fanfreluches / Les danseuses vivent en ruche / Ca bourdonne et ça prend son miel / Sur le pigeon providentiel. / Maman avait peur quelquefois / Que le pigeon, ce soit papa. / Dans ma mémoire, se déforment / Des mamelons de toutes formes / Seins lourds, seins bombés / Seins pointus, fesses rondes à ras du tutu, / A dix ans, ça m'faisait rougir / Maintenant, je sais m'en servir!

Dentiers branlants, perruques en berne / Les vieux beaux venaient par douzaines / Suffoquant dans leurs vieux habits / Offrir des fleurs ou des rubis. / J'en ai vu qui étaient tellement vieux / Qu'ils mouraient en rentrant chez eux / Dans la pénombre des coulisses / Certains soirs des corps se blotissent / Parmi les habits de couleurs / Des danseuses avec des danseurs / J'ai même surpris, quelle horreur!

Serge Lama et Jean-Claude Petit

LNT
[0.068/2011]

A água faz rãs

RãEsta frase do título é mais um dos muitos mitos que a língua portuguesa, agora em atentado ortográfico, inventou para nos vender outros vícios. Quer ela (a frase) dizer que é preferível beber vinho, o suco fermentado que o Botas afirmava ser o sustento de milhões de portugueses, do que manter a cabeça fresca. Um povo bêbado não chateia, mesmo sabendo que o que faz as rãs são os seus progenitores.

Vem isto a propósito de uns pensamentos estranhos que de vez em quando se bissectam pelas salas desta vossa barbearia.

A Helena surpreende-se, na caixa de comentários do registo 64, com o comportamento egípcio de Westerwelle, de Cameron e de Ashton admirando-se também com o estado da União. E eu estranho a Helena, mulher inteligente e fina que nem um pardal, por ter ainda o preconceito de reconhecer que isto já deixou de ser uma União há muito tempo, mais precisamente desde que se iniciou o caminho para o 4º Reich.

Pegando nos dois dedos de conversa sobre os três melros acima citados basta seguir as pistas para se perceber que o apetite é mais lato do que o Cairo e que no outro lado do Atlântico não se anda a dormir.

É aqui que a bissectriz se traça e, usando a Competitive Intelligence para levantar as pontas ao véu luso deixando de lado a ponta das burkas desviantes, o caminho deixou de ser atlântico para passar a interoceânico.

Confuso? Talvez pareça, talvez seja, principalmente para as elites papagueantes do regime que se preocupam mais em citar mortos do que em produzir pensamento que nos mantenha atentos.
LNT
[0.067/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLX ]

Gorongosa
Gorongosa - Moçambique
LNT
[0.066/2011]

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Outros voos

Águia

LNT
[0.065/2011]

O voo da borboleta

BorboletaSempre que passo por Berlim trago de lá alguma coisa que me interessa. Podia pegar nas alternativas mas deixo isso para os entendidos. Fixo-me na coisa da tenda e convenço-me de que é realmente assim: Nada fiz para que se reduzisse a dependência nacional de gente que à nossa pála manda passar os seus a pente de cartucheira. Sinto-me miserável por ter contribuido para os beijos e abraços que ecoaram daquilo que não deveria ter sido mais do que um bacalhau entre cliente e fornecedor.
E, se os baixinhos precisam de esticar mais o pescoço para mamar nas tetas da vaca, ao menos evitem engolir tanto ar e mordiscar a teta para que, da sofreguidão, não venham a bolsar o leite em excesso e o sangue que causam.
LNT
[0.064/2011]

As gaivotas não se empoleiram nas árvores

GaivotaUm assunto: Foi preciso andar todos estes anos distraído para só hoje ter reparado que as gaivotas não se empoleiram nas árvores. Quando passei na Praça de Espanha, perto do arco, reparei numa árvore com pombos, gaios, pardais, melros e restante passarada. As duas gaivotas que voavam em círculos, quando tinham de descansar, aterravam. A membrana entre os dedos retira-lhes a veleidade do galho, torna-as diferentes e, ainda assim, deixa-as intocáveis no porte e na elegância.

Gosto de gaivotas. Comem o que houver para comer, não se deixam ir em cereais e grãozinhos, voam mais alto do que a maioria das aves que se empoleiram e aterram com dignidade, nada parecido com o melro pimpão que, para as imitar, fez uma aproximação ao relvado e acabou espalhado no meio das ervas.

Outro assunto: As moções para o Congresso do PS já estão aí.

Assunto final: No princípio da Primavera as árvores começam a ter folhas. Dificulta um pouco o empoleiramento mas a passarada sente-se mais protegida.
LNT
[0.063/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLIX ]

Mar Ericeira
Mar bravo - Ericeira - Portugal
LNT
[0.062/2011]

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Olá Zeca

José AfonsoQuem diz que é pela rainha
Nem precisa de mais nada
Embora seja ladrão
Pode roubar à vontade
Todos lhe apertam a mão
É homem de sociedade

Acima da pobre gente
Subiu quem tem bons padrinhos
De colarinhos gomados
Perfumando os ministérios
É dono dos homens sérios
Ninguém lhe vai aos costados
José Afonso

LNT
[0.061/2011]

Lágrimas de crocodilo

Lágrima de CrocodiloMuitos dos mesmos, mesmíssimos, que agora carpidam os líbios, fizeram fila para entrarem na tenda do facínora que, para eles, deixou de ser um terrorista por ter mandado pagar (sem nunca ter sido julgado) as indemnizações aos familiares dos inocentes que condenou à morte nos céus da Escócia.

A geração do "hoje somos todos (qualquer coisa)" – penso que hoje sejam todos líbios e usem a foto da bandeira Líbia no seu avatar do Facebook – é ainda por cima normalmente selectiva e, se atirou todo o género de impropérios ao octogenário do Egipto que, mesmo sendo ditador, não mandou chacinar os seus contestadores, insiste que o septuagenário da Líbia é um revolucionário e não um terrorista.

Aqui, na Barbearia, os bois têm nomes e, tirando o Pedro Correia e mais meia-dúzia de bloggers, "não tenho de memória" de que há quatro anos o choro tenha sido tão forte.
LNT
[0.060/2011]

Ganhar-tempo

Brent LynchDe todas as expressões parvas, a mais parva e esbanjadora de todas (a seguir ao vale-o-que-vale, e à sociedade-civil), é a de ganhar-tempo.

Ganhar-tempo é uma aberração porque o tempo perde-se com a mesma lógica que cada segundo passado é menos um segundo para a morte.

Normalmente a expressão ganhar-tempo não é mais do que perder tempo e só serve para empatar.

Qualquer coisa do género:
"Meus caros, o trabalho está a apertar. Vamos dilatar o prazo para ganharmos tempo e podermos fazer isto mais descansados", ou
"enquanto os gajos não desembarcarem na Portela vamos ganhando tempo".
LNT
[0.059/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXVIII ]

Mar - Serrão
Mar - Portugal
LNT
[0.058/2011]

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Amazonas de camelos

Amazonas de KaddafiAfinal parece que o beduíno ainda não marchou para o colo do Chavéz. Consta nos meios diplomáticos que tem qualquer coisa a ver com o computador infantil que aguenta bombardeamentos, mas que ainda não contém a tenda do deserto nem as amazonas que lhe protegem o back, office.

Mesmo depois de Chavéz ter assegurado a el-Kaddafi que pretende igualar no poder Castro e dos Santos, o que garante a son amie Muammar poder ir para os braços das setenta virgens depois de longa e próspera vida terrena nas cataratas Parekupa-meru, o turra do 747 de Lockerbie diz que ainda não se sente preparado para abandonar o povo líbio que ele ama até à morte.

Entretanto a GALP, cheia de nervos, rói as unhas.
LNT
[0.057/2011]

As mazelas

Leão pataA carga que os listados desferiram ontem na PSP está ainda por explicar. Adultos, jovens e crianças em fúria, possivelmente perfumados com o jasmim da moda, como não conseguiam expulsar os diabos que os incomodavam, atiraram-se à polícia como gato a bofe e espatifaram o lote mais colorido das cadeiras que só eles sabem porque usam, em vez de ficarem em casa.

O leão assarapantado com tais desacatos já pediu à direcção cessante e à outra que ainda não se conhece mas que também há-de cessar, que abra um inquérito para apurar os factos. O bicho tem as patas cheias de picos. Não há quem lhos tire e, como o que se passa dentro das quatro linhas não interessa nada porque nada de interesse lá se passa, abriu a caça ao chui, desporto em moda no Magreb e nos raianos, em tempos memoráveis, confiscados aos sarracenos.

Como dizia um alarve que ontem foi caçado pelas câmaras da TV, os "ranhosos" não interessam nada. Hão-de ser sempre "ranhosos", o que constitui uma espécie de afirmação indexada à outra máxima da semana: - para se ser educado não basta ser rico.

O que isto está mesmo a precisar é que o Bundestag tome conta da praia e biqueire com a bota cardada o cu da Europa.

Hoje somos todos lagartos. Velada no Camões. Cuidem dos felinos. Libertem os prisioneiros, já!
LNT
[0.056/2011]

Já fui feliz aqui [ DCCCLXVII ]

Janela
Sharon Stone - Basic Instinct - USA
LNT
[0.055/2011]