Tirando aquilo que se pôde observar em relação à personalidade dos candidatos, pouco restou do debate que ontem se fez na SICn (cabo) entre
António José Seguro e
Francisco Assis.
ConstrangimentoOs candidatos estavam no espaço público. Mesmo no plano pessoal estavam condicionados. (note-se que a escolha em curso não é só relativa ao líder mas também aos delegados ao Congresso – apoiados nas respectivas moções globais - onde serão determinados os objectivos do Partido Socialista para os dois próximos anos)
Para não falarem do passado, escudaram-se no futuro dando a entender partir-se do nível zero. Desperdiçaram a oportunidade da aprendizagem resultante da análise dos aspectos positivos e negativos do anterior exercício do poder. Recusaram a oportunidade de avançar com base numa metodologia de melhoria contínua.
DiferenciaçãoAntónio José Seguro apresentou-se como coordenador de uma equipa aberta para a construção de soluções. Primeiro valorizando a sua própria equipa e chamando à responsabilidade e ao trabalho os elementos que a compõem (todos os militantes do PS) e, a partir dos conteúdos obtidos, colocá-los em discussão pública.
Francisco de Assis apresentou-se a liderar soluções aptas a serem discutidas publicamente colocando em pé de igualdade a equipa (o universo de militantes) e os eleitores em geral.
Digamos que,
enquanto que para Seguro é importante que o Partido analise, estude e proponha soluções seguindo a lógica de organização política para depois as colocar em discussão pública e lhes acrescentar valor antes de as fazer sufragar,
para Assis chega construir soluções (dele ou dele e de um grupo de elite) e depois abri-las à discussão pública numa amálgama entre os que têm deveres e direitos (os militantes) e os que só têm direitos (os não militantes).
Outro aspecto diferenciador neste debate foi o que se relaciou com a personalidade e com a eficácia. Sempre que foram colocadas
questões concretas,
Seguro dizia que se fosse o actual Primeiro-Ministro estaria a fazer isto ou aquilo (p.e. a trabalhar com os outros lideres europeus em busca de soluções para os problemas reais).
Assis respondeu invariavelmente com retórica, nunca se colocou no papel de Primeiro-Ministro, nunca conseguiu descolar-se do ideólogo. Chamado à pedra para explicar como pretende implementar as suas ideias de abertura, enrolou, baralhou-se e acabou com a apresentação de soluções burocráticas. (a "
declaração de honra" é exemplo).
ConclusãoDo observado, que foi muito pouco interessante para a generalidade dos portugueses que estavam na expectativa de encontrarem algo que os empolgasse, concluo que Seguro tinha razão em preferir aprofundar o debate interno (a que o Assis apelida de espírito de seita) e que este debate público televisionado acabou por ser uma acção de desmobilização. Oxalá me engane e os militantes, perante o que observaram, reajam com o seu voto no final do mês em curso.
Nota: Comentário que deixei no Blog Banco Corrido, do Paulo Pedroso, no Post em que ele fez o levantamento do que se passou nos Blogs e Redes Sociais à volta deste debate. Este levantamento é da maior importância para o entendimento do que é um Partido aberto e em rede. Se este teu trabalho (que trabalhão!) não servir para mais nada, pelo menos deixa uma clara referência à importância que as tecnologias da informação e da comunicação, nas quais se enquadram as redes sociais, têm no mundo de hoje.
Esta constatação assume importância de relevo quando se discutem as novas formas de fazer política, de abertura dos Partidos e de impacto das vozes “anónimas” (anónimas, no sentido de desconhecidas e não do próprio anonimato) tanto junto de uma comunidade em expansão (tecnologia e comunicação) como em conteúdo aproveitável na comunicação social (divulgação e informação).
O tempo já não está limitado aos segundos de tribuna que são concedidos nos plenários e congressos e as ideias, críticas e soluções podem fluir e ficam disponíveis para trabalho.
Muito útil. Vou fazer-lhe referência (e com isto complementar a característica viral de rede)
LNT[0.274/2011]