quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Tiques de pertença


As gentes da nossa terrinha são muito estranhas.

Aqui há uns anos, em tempos de vacas gordas, não havia cão nem gato que não se tivesse esquecido das hordas de portugueses que se tinham feito a países terceiros e criticavam ferozmente os que, nessa altura, imigravam para Portugal.

Agora as críticas ao turismo são uma constante, normalmente feitas por quem nunca perdeu uma oportunidade para fazer turismo nas terras dos que nos visitam.

Nem o facto de isso ser um dos índices mais relevantes para o aumento de exportações, nem a ideia de que muito das melhorias da nossa economia se deve a estes fluxos de turistas faz tirar a cara de enjoado ao sentimento da pertença nacional.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.060/2017]

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Do altruísmo


Só meia dúzia de palavras sobre as mortes provocadas pela aeronave na Praia de São João na Caparica.

Tratou-se da execução de um procedimento de emergência de falha de motor e não de um despenhamento de aeronave.

Todos os pilotos que eu conheço (e são muitos) teriam, mesmo em caso de despenhamento, tentado evitar que a aeronave atingisse terceiros. Neste caso, tratando-se de uma aterragem de emergência (e não de um despenhamento) perante uma praia com pessoas, teriam decidido a amaragem mesmo correndo maior risco de insucesso, salvaguardando a vida dos banhistas. Para mais, a aeronave não transportava passageiros e o mar estava tranquilo.

Estranho que a justiça tenha aplicado as mesmas medidas de coacção aos dois tripulantes uma vez que a responsabilidade é unicamente do instrutor da aeronave que, perante a emergência, teve de assumir o comando da aeronave e tomar a decisão final.

O egoísmo e a falta de altruísmo não eram, no meu tempo e na minha escola, factores psicológicos aceitáveis para formar pilotos.

Espero que a justiça não tenha mão leve neste caso.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.059/2017]

sábado, 15 de julho de 2017

E vão dez

T. Rowlandson

Mesmo em modo "anda que não anda" este estabelecimento acabou de fazer dez anos.

O barbeiro continua a banhos mas há-de voltar quando a época balnear ficar queda e se abrir caminho para que o Governo volte a ter, no executivo, a representação dos votos sufragados.

O autor apresenta, desde já, aos seus parcos clientes os habituais agradecimentos pelos encómios que estas ocasiões sempre proporcionam.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.058/2017]

terça-feira, 20 de junho de 2017

Quando a notícia passou a ser um não-acontecimento


A notícia passou agora a ser:

"Afinal não caiu um Canadair em Pedrogão"

Os jornalistas da SIC (só falo destes porque tem sido o canal por onde tenho acompanhado os acontecimentos) estão desolados.

Deram a notícia da queda de um Canadair, o que lhes daria mais umas horas de tagarela em loop, e a queda não se confirmou.

De repente parou tudo.

As imagens repetidas até à exaustão dos carros queimados na "estrada da morte" já deixavam de ser matéria e o impacto das novas imagens de um Canadair destroçado, de preferência filmado por um drone, passariam a ser uma "caixa" fantástica para manter o pessoal atento aos ecrãs.

Galo, galo, galo!

É o que dá a excitação das notícias que são disparadas sem confirmação e já não é só do Correio da Manha que estou a falar.

Nota 1: como ainda não tinha referido neste Blog a consternação que sinto pelo devastador incêndio que desde Sábado queima o centro do País, deixo agora e aqui esta nota de pesar, principalmente pelas vidas que se perderam. Esse sentimento não me abafa, no entanto, a crítica que acima faço.
Se a consternação é minha (e de todo o País de luto) e de pouco serve, entendi não deixar passar uma das muitas revoltas que sinto no meio de tudo isto. O espectáculo mediático que se monta à volta destas tragédias (de que a anormalidade perpetrada por Judite de Sousa foi o expoente máximo) é desumano e macabro.

Nota 2: Há cinco minutos que a notícia de abertura do Jornal da Noite da SIC é:
"Não temos notícia. O tal Canadair não caiu" (faltou-lhes o ... infelizmente não caiu)
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.057/2017]

terça-feira, 6 de junho de 2017

Um pentelho que mexia


Conversa para surdos foi o que a maioria dos electro-dependentes portugueses, pagantes das pornográficas facturas da eléctrica, concluíram da conferência de imprensa promovida esta manhã pela EDP.

A linguagem de trapos habitual baralhou, sem explicar limpinho, porquê pagamos o que pagamos pela electricidade e o cúmulo foi quando, em vez de se apresentarem desculpas pela porno-chachada dessas facturas se cuspiram pentelhos ameaçantes contra alguém que, anónimo, colocou a Judiciária e o Ministério Público no terreno para apurar as razões do pornógrafo.

Mais pentelho, menos pentelho foi isto.

Pagas e não bufas e, se bufares e mexeres com os citados pentelhos milionários, haverás de pagar mais porno na conta mensal destinada a alimentar também um batalhão de advogados.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.056/2017]

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Sargent Pepper's lonely hearts club band


Eramos todos tão irritantemente novinhos e escandalosamente tão bem apessoados..

E os que não eram novinhos, por ainda não passarem de cogitações, andem por aí a mandar bocas com a ideia de que são gente.

Feliz quinquagésimo aniversário, meu caro Sargent Peppers lonely hearts club band
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.055/2017]

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Colinhos


Vejarâmos as coisas como elas serem. Tu sabêras que o Esprito Santo devêra estar em terceiro parque o sagundo que é evocado na benza é o Filho. Já o primeiro, o lugar que todos quererem para ficar ao colo do Pai, é muito difícil se tu fores um clube de acandemia, parque isto não vai lá com acandémicos.

Parexemplo: Tu tens esse desejo grandíssimo de ser Tenta e sabes que se não tiveres garra para ensinar nem massa para comprar fora da acandemia ficáras de calças na mão a vêramos os penátis passarem ao deslargo.

Eu soubéra quando atravessára a 2ª circular com a tralha e a apps adebaixo do braço, no sovaco, para fazer do nosso clube um campeão que iria ser uma terefa defícil, mas prantos, tentei e quando se tentra a gente não se apoquenta.

Os nossos sócios é que estão fora da realidade.

Parexemplo: poderiam ter faturado a festa do tetra, penta ou sétima, já nem sei quantos anos seguidos no terceiro lugar, na praça do café central da Raboleira e se eu próprio e a rapaziada não iramos á varanda da Câmara de Lisboa, poderamos ter ido mostrar as medalhas de bronze na açoteia da Junta de Freguesia de Alvalade.

Já com o Parsidente da República era bom que ele não fosse também da corda. Podéra ter oferecido à gente um lanche parque pódio é pódio e nós santáramos o dito no terceiro degrau do mesmo.

Este ano vamos nova-mente fazer um Tenta, com ou sem colinho, não me chame eu pelo Santo nome que herdei dos meus priginitores e o Bruno me assegure por mais uma timporada.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.054/2017]

Já fui feliz aqui [ MDLXVI ]


Sport Lisboa Benfica - Tetra 2017 - Lisboa - Portugal
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.053/2017]

domingo, 21 de maio de 2017

Marcelo, o selfie made president man


O nosso Marcelo, professor para os amigos, podia aproveitar a sua tendência selfie para diminuir substancialmente o contributo do Orçamento de Estado nas despesas da Presidência da República.

Ao Domingo, antes da Santa Missa e depois do mergulho marítimo de Cascais, abria os jardins do Palácio de Belém e, tal como o Pai Natal, sentava-se no banquinho do pechiché que Cavaco lá deve ter deixado e fazia-se selfiar com os seus fãs pela módica quantia de cinco cêntimos/flash.

Para os mais abonados poderia igualmente oferecer um chocho que iria dos cinquenta cêntimos aos vinte euros, consoante o sítio a ser aplicado.

Sempre que, por uma ou outra coisa, o afecto fosse publicado num jornal nacional/televisão de sinal aberto cobraria royalties de acordo com a tiragem/share que a denguice obtivesse.

Fica desde já salvaguardado que os afectos - beijos, abraços, fotografias ou outro tipo de registos – distribuídos e/ou efectuados durante os dias úteis e em horas do expediente normal, não deverão ser cobrados dado que as funções presidenciais já são remuneradas pelo erário público.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.052/2017]


terça-feira, 16 de maio de 2017

Arte urbana


Ao irrecusável convite de Pedro Correia, que reabre a porta do DELITO DE OPINIÃO aos seus camaradas dos blogs seis anos depois, respondo presente
embora os anos tenham feito rarear a vontade de escrever na Barbearia onde já desunhei imaginação, a torto e a direito, para suavizar olheiras e escanhoar bochechas imberbes deitando, não poucas vezes, cal na água sempre que pretenderam deixar as paredes da loja no esquife.

Volto ao DELITO com uma reflexão sobre a última obra-graça de Bansksy.

Um homem de macaco, provavelmente um imigrado em Inglaterra - porque só esses andam de macaco e pendurados em escadas na terra de sua majestade - a desconstruir a estrela dos ilhéus deixando no seu lugar o vazio que se pressente ser o futuro do Continente cada vez mais deserto de autóctones.

Não foi difícil chegar aqui. Na grande ilha nunca se guiou pela direita, nunca se trocou a libra esterlina pelo marco travestido de moeda única, nunca se contrariou a dinâmica americana em favor da solidariedade da União e, tirando a amizade pelas calientes águas mediterrâneas e atlânticas vizinhas do Al-Maghrib e pelo Oporto, nunca se levaram a sério as línguas românicas que, no dizer do Flying Dutchman dos tempos calvino-penitenciais em voga, só servem para gáudio dos prazeres da carne e da gula dos éteres.

Também não foi difícil lá chegar porque os continentais estrelados foram perdendo o gás e, em menos tempo do que qualquer outra constelação, murcharam em sabedoria e ideais e fizeram-se joguetes invertebrados dominados pelo medo, que dizem não ter, a burocratas e banqueiros que lhes extorquem o que resta da sua dignidade e condição histórica.

Volto ao homem de fato-macaco, alegadamente um migrante, neste espaço europeu que as gentes do norte do Douro poderiam designar por “morcão” e as do Sul do Seine por “Marcon” e onde os social-democratas abandonaram o social à sua sorte e os democratas-cristãos evoluíram para o ateísmo, para analisar mais fino a arte de Bansksy.

O operário, embora de balde à cintura, não usa o queirosiano pano encharcado em benzina (transportando Eça para o actual contexto europeu repleto de Abranhos), nem tão pouco repinta a estrela murcha com o azul do fundo. Prefere representar o proletário de marreta e escopro na mão a sacar nacos de tinta sem ferir o estuque de uma bandeira que tem por hino a nona de Ludwig, An die Freude, adaptada por Herbert para que todos os povos do Norte e do Sul o cantem afinados, dirigidos no ritmo pela batuta alemã.

E é isto, Pedro. Um barbeiro a fazer de crítico de arte, um analista a fazer de escritor.
Paz e saúde.
(texto publicado ontem (2017.05.15) no Delito de Opinião)
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.051/2017]

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Delito de Opinião


A convite de Pedro Correia, que saúdo e a quem agradeço a lembrança, publico hoje um texto no Delito de Opinião.

Amanhã trago o Arte Urbana também para aqui.

PS. Esta saudável prática que Pedro Correia reactivou em 2017 faz parte da história da época de ouro dos Blogs em Portugal. Há que visitar o Delito de Opinião, um dos poucos grandes Blogs que ainda se mantém com actualização permanente.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.050/2017]

Já fui feliz aqui [ MDLXV ]


Benagil - Algarve - Portugal
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.049/2017]

domingo, 14 de maio de 2017

Vamos somando

Prefácio: Nunca tinha visto um vencedor despojar-se desta forma da vaidade da glória e partilhar o seu momento mais alto de fama com quem o impulsionou.
Enquanto os do costume se recusam a perceber que um miúdo com trejeitos marados e postura alheia ao registo da praxe pode fazer com que quarenta e tal países quase europeus, incluindo um da Europa no Hemisfério Sul, escrevam nos ecrãs de televisão a palavra Portugal e que outros tantos países rabisquem nas capas de jornais o nome de um País que raramente por lá aparece e que quando aparece é, quase sempre, para o destratar, a confiança avança deixando a toma do veneno a quem o destila.

O caso é efémero, como tudo na vida, mas é o caso de momento e não se trata de gostar ou não da postura, dos acordes, da harmonia ou da poesia, até porque gostos não se discutem.

A questão é mais arreigada a uma mentalidade bolorenta, a mesma que em tempos chamou de maricas a uma geração que se desgravatou, deixou crescer o cabelo à Beatle e usou calças justas à boca-de-sino ou mini-saia, uma mentalidade incapaz de admitir o diferente e de perceber que não temos por predestinação o fado sombrio da pequenez a que este cu de Mundo, segundo eles, nos condenou.

O Universo não está a nossos pés nem se pretende que venha a estar. Continuamos a ser um País limitado e periférico com recursos naturais diminutos, com elevada dependência energética e pouco dinheiro para explorar o imenso território submerso que nos serve de fronteira. Mas temos um Povo cada vez mais preparado para sacudir o bolor que a ignorância em que o quiseram manter para o conservarem submisso e respeitador vai dando resultados.

O ar austero do provincianismo feito poder, o determinismo da não alternativa, o espírito dos bons alunos ditado pelos bons costumes e lavores femininos e a tradição do chapéu na mão e da cabeça baixa tem os dias contados.

Acreditem, ou não, há Mundo a desbravar e a instrução e o desempoeiramento levar-nos-ão lá.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.048/2017]