Tenho um amigo oriundo da cortina de ferro que gosta de falar a língua dos mortos. Se falamos de economia cita mil vezes Keynes, Hayec, Friedman ou Smith, se falamos de outras gestões saca de modelos e ciclos, finlandeses, de Silicon Valley e outros e, se falamos de ciências ocultas, evoca o barbudo ou a terra do Donald Duck.
Mas não só disserta, como demonstra e teima. Teima que os mortos são melhores do que os vivos porque consegue ler os mortos e nos vivos, mesmo quando os lê, só encontra menções aos mortos.
Esse meu amigo que nasceu na cortina de ferro acredita que há Europas dentro da União Europeia, umas a norte, protestantes e trabalhadoras e outras a sul, católicas e preguiçosas que só por acidente não são África porque Deus teve um lapso quando atirou com a água do Mediterrâneo um pouco mais abaixo do que deveria.
Nós, os barbeiros teólogos, sabemos que este conceito de erro é a própria negação de Deus, Entidade não susceptível de o cometer. Se as águas nos separam é porque há algo de inatingível que assim o faz ser, alguma coisa sábia que só cogitaremos quando formos divinos.
Esse meu amigo, nado e criado entre a cortina de ferro, os Champs-Élysées e Lisboa, diz que o Duna é azul, que la Seine é verde e que o Tejo só mistura as duas cores porque tem estuário no Bugio, entre a Caparica e Oeiras, em Atlântico aberto, ao contrário de la Seine que desagua na Mancha e do Duna da sua terra que deixa de ser rio quando se escapa para a Croácia.
Ele crê, esse meu amigo que nasceu para lá da cortina de ferro, entre Buda e Peste, que os mortos que lhe falam e de quem ele fala e sobre quem estuda, ainda estão vivos.
Mesmo depois do Globo se ter atrasado na rotação, de Bernard Madoff ter sido preso e de Obama ter ensaiado o SNS americano.
LNT
[0.117/2010]
Mas não só disserta, como demonstra e teima. Teima que os mortos são melhores do que os vivos porque consegue ler os mortos e nos vivos, mesmo quando os lê, só encontra menções aos mortos.
Esse meu amigo que nasceu na cortina de ferro acredita que há Europas dentro da União Europeia, umas a norte, protestantes e trabalhadoras e outras a sul, católicas e preguiçosas que só por acidente não são África porque Deus teve um lapso quando atirou com a água do Mediterrâneo um pouco mais abaixo do que deveria.
Nós, os barbeiros teólogos, sabemos que este conceito de erro é a própria negação de Deus, Entidade não susceptível de o cometer. Se as águas nos separam é porque há algo de inatingível que assim o faz ser, alguma coisa sábia que só cogitaremos quando formos divinos.
Esse meu amigo, nado e criado entre a cortina de ferro, os Champs-Élysées e Lisboa, diz que o Duna é azul, que la Seine é verde e que o Tejo só mistura as duas cores porque tem estuário no Bugio, entre a Caparica e Oeiras, em Atlântico aberto, ao contrário de la Seine que desagua na Mancha e do Duna da sua terra que deixa de ser rio quando se escapa para a Croácia.
Ele crê, esse meu amigo que nasceu para lá da cortina de ferro, entre Buda e Peste, que os mortos que lhe falam e de quem ele fala e sobre quem estuda, ainda estão vivos.
Mesmo depois do Globo se ter atrasado na rotação, de Bernard Madoff ter sido preso e de Obama ter ensaiado o SNS americano.
LNT
[0.117/2010]