#BarbeariaSrLuis
[0.042/2022]
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Para que conste (Fonte Portal da AR), e só me referindo às
eleições do Presidente da Assembleia da República, uma vez que não me apetece o
trabalho de compilação de dados relativo aos Vice-presidentes, antes que comece
o choradinho Venturiano, faço um resumo do que sucedeu na AR desde a
Constituinte, que igualmente ilustro no quadro que construí e apresento na
imagem acima.
Faço notar que o quórum mínimo de funcionamento da Mesa da
Assembleia da República é de metade dos lugares disponíveis e que tanto o
Presidente como os restantes membros da Mesa têm de ser eleitos por maioria
absoluta dos deputados presentes em sufrágio directo e secreto.
Nunca foi eleito qualquer PAR por unanimidade. Houve 11
candidaturas únicas sendo que, num dos casos, só foi eleita à 3ª volta e depois
do candidato anterior ser afastado. Houve 8 candidaturas com 2 candidatos.
Pelo que se pode observar estas eleições ficaram muitas
vezes longe de ser pacíficas e, olhando os resultados, nem sequer foi observada
qualquer eventual recomendação de voto.
Para além dos votos contra que refiro, em muitas destas
eleições houve abstenções, votos brancos e votos nulos.
Passando aos dados:
1976 – Candidato único Vasco da Gama Fernandes eleito com 4
votos contra.
1978 – Candidato único Vasco da Gama Fernandes eleito sem
votos contra.
1978 – Candidato único Teófilo Carvalho Santos com 84 votos
contra.
1979 – Dois candidatos tendo sido eleito à 1ª volta Leonardo
Ribeiro de Almeida (perdeu Teófilo Carvalho dos Santos). (nota: o Portal da AR
tem uma gralha na data)
1980 – Dois candidatos tendo sido eleito à 1ª volta Leonardo
Ribeiro de Almeida (perdeu Teófilo Carvalho dos Santos).
1981 – Dois candidatos tendo sido eleito à 2ª volta Francisco
Oliveira Dias (perdeu Teófilo Carvalho dos Santos).
1982 – Dois candidatos tendo sido eleito à 4ª volta Leonardo
Ribeiro de Almeida (perdeu Teófilo Carvalho dos Santos).
1983 – Candidato único Manuel Tito de Morais eleito com 28
votos contra.
1984 – Candidato único Fernando Monteiro do Amaral eleito
com 30 votos contra.
1985 – Dois candidatos tendo sido eleito à 1ª volta Fernando
Monteiro do Amaral (perdeu Manuel Tito de Morais).
1986 – Candidato único Fernando Monteiro do Amaral eleito
com 35 votos contra.
1987 – Candidato único Victor Pereira Crespo eleito com 31
votos contra.
1988 – Dois candidatos tendo sido eleito à 1ª volta Victor
Pereira Crespo (perdeu António Lopes Cardoso).
1991 – Dois candidatos tendo sido eleito à 2ª volta António
Barbosa de Melo (perdeu Alberto Oliveira Silva).
1995 e 1999 – Candidato único António de Almeida Santos
eleito sem votos contra.
2002 – Candidato único João Bosco Mota Amaral eleito sem
votos contra.
2005 e 2009 – Candidato único Jaime Gama eleito sem votos
contra.
2011 – Candidata única Maria Assunção Esteves eleita à 3º
volta depois de na 1ª e 2ª volta Fernando Nobre não ter conseguido ser eleito.
2015 – Dois candidatos tendo sido eleito à 1ª volta Eduardo
Ferro Rodrigues (perdeu Fernando Negrão).
Penso que nunca fica mal estudar qualquer assunto antes de
se debitarem os “achismos” e “parece-mes”
cada vez mais frequentes. E não estou a falar dos Faces, Blogs, ou de outras redes sociais,
mas dos avençados das televisões que odeiam assim ser tratados por não aguentarem
a verdade.
Ver esses avençados escandalizados por a Assembleia da
República, eventualmente, não eleger um deputado da extrema-direita para
Vice-presidente, demonstra o conceito que essa gente tem do que é uma
democracia e do valor que nela representa o boletim de voto.
Dá-se por isso quando falam das eleições sem se coibirem de
chamar indigentes aos cidadãos que votam diferente deles.
Não lhes ficaria mal estudar o Regimento da Assembleia. De
cor, tenho ideia que, pelos artigos vinte, se especifica a forma de eleição dos
membros da mesa da AR que, como se sabe, são eleitos por sufrágio secreto.
Passa pela cabeça de alguém votar em quem se não reconhece idoneidade para o representar?
É isso que qualquer eleitor faz quando se dirige a uma urna com um voto na mão?
Alguma vez um eleitor vota contra a sua consciência só para que na Assembleia
da República haja uma representação política que abomina?
E, embora não pareça, esta eleição interna do Parlamento pode
ter consequências que vão para lá da mera representação. Basta lembrar que
os vice-presidentes da AR podem substituir o Presidente da Assembleia da República
e que este, por sua vez pode, em caso catastrófico, substituir o Presidente da
República, embora o PAR, num caso destes, fosse substituído, em princípio, pelo Vice do seu Grupo Parlamentar.
Não falamos de coisa pouca e só de pensar que, por absurdo, poderíamos
deparar-nos com um ex-terrorista a exercer o cargo de Presidente da República é
coisa que fará pensar seriamente qualquer deputado antes de depositar o seu
voto na urna.
Talvez seja preferível que o terceiro vice-presidente da AR
nunca seja eleito, o que não inviabilizaria o funcionamento do Parlamento, a
pôr em risco as instituições democráticas.
Para guia deixo o Regimento da Assembleia da República.
Depois de ser sido lançado e posto em circulação um “postal-inteiro” comemorativo do centenário de nascimento de Tito de Morais, da autoria dos CTT, numa cerimónia realizada na Assembleia da República que contou com a apresentação de Pedro Coelho pelos CTT, Jaime Gama, anfitrião do evento e Carolina Tito de Morais, filha mais velha de Manuel Tito de Morais e Presidente da Comissão Executiva das CCTM, deu-se início, na sala da biblioteca, à Homenagem Nacional ao antigo presidente da Assembleia da República.
Usaram da palavra, Luís Barbosa, presidente da AEDAR, Domingos Abrantes pelo PCP, Fernando Rosas pelo BE, Narana Coissoró pelo CDS, Mota Amaral pelo PSD, Maria de Belém Roseira pelo PS, Carolina Tito de Morais pela família e pela Comissão Executiva e o Presidente, Jaime Gama, que encerrou a sessão.
Numa sala repleta de individualidades representantes dos diversos órgãos de soberania, do poder judicial e do poder local, antigos e actuais Deputados, dirigentes sindicais, representantes das diversas Ordens, familiares de Tito de Morais e membros das Comissão de Honra e Executiva das Comemorações e muitos outros convidados e cidadãos que quiseram participar nesta homenagem nacional, foi unânime o reconhecimento da importância que Manuel Alfredo Tito de Morais teve na luta pela democracia e na sua consolidação no pós 25 de Abril. Todos lhe reconheceram o papel fundamental que desempenhou, primeiro a favor da liberdade e, depois do movimento militar que derrubou a ditadura, a favor do desenvolvimento social das populações e da dignificação da função parlamentar, para ele símbolo maior da democracia portuguesa.
Tratou-se de um acto raro de grande unidade que muito honrou a Casa do Povo, como Tito de Morais gostava de chamar à Assembleia da República.