sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Colaborador da Semana [ XCVIII ]

ColaboradoraRevigoradas pela greve geral, as nossas colaboradoras voltam a espevitar-se para o quadro de honra.

Nesta semana e pela enésima vez, Petroska Coelhona, um russa pela parte materna e italiana do lado paterno, ocupa o lugar de destaque pelos serviços de qualidade dispensados à nossa clientela assídua.

Petroska esparja-se, e nós com ela, cada vez que enfia na cabeça o barrete laranja que a faz sentir-se adolescente amada, predestinada às brincadeiras da dominação, arte em que consegue dar a volta por cima embora continue a ser endrominada por baixo.

Estas práticas conhecidas nos meios pedicuros como entreténs, afagam-lhe a alma e a vaidade e ela, espasmando-se, angaria mais e mais clientela que transforma esta barbearia em prosperidade do patrão.

Por isso é a escolhida para colaboradora da semana.
LNT
[0.435/2010]

Com um escafandro

EscafandroO que mais gostei na entrevista que o Paulo Portas fez ontem à Judite de Sousa foi aquela coisa da soberania nacional passar pela nossa capacidade submarina.

Penso que já todos sabíamos que o patriotismo de Portas residia no periscópio mas, agora que ele o disse, ficamos mais sossegados.
LNT
[0.434/2010]

Os mercados

Vacas na Praça de EspanhaPelo que se vê no Bulhão e na Ribeira os mercados de hoje já não são o que eram.

Dantes compravam-se couves, batatas e peixe da nossa terra. Agora é tudo importado a juros altíssimos. Dizem os que mandam não produzir o leite, as couves e os cereais, que não se podem enfrentar os mercados, que há que calar (e não comer) porque os mercados de quem somos clientes têm razão e, se não queremos que eles nos vendam ao preço que querem, temos de nos abster de recorrer aos seus serviços. Ao mesmo tempo defendem que não se produzam alfaces e nabos em solo português porque os mercados pagam essa não-produção para nos venderem, ao juro que quiserem, aquilo que nos pagaram para não produzir.

Parece confuso? Não, é só a economia, estúpidos! A economia dos (destes) economistas, está bem de se ver.

Com tudo isto deixou de haver a relação personalizada que os clientes estabeleciam com as peixeiras. Dantes discutia-se o preço e a qualidade. Agora, em tempo de selvajaria, é o que se vê e, se em tempos recuados o cliente tinha sempre razão (o que não era verdade), no presente momento nem sequer deve apresentar reclamação, até porque o chamado mercado livre é mesmo um mercado de oligopólio.
LNT
[0.433/2010]

A vida tem destas coisas

Sumo de laranjaHoje está um frio de rachar e há pouco tempo fazia um calor de ananases.

Sócrates aumenta hoje brutalmente a carga fiscal e há pouco tempo jurava não ir haver aumentos de impostos. Passos Coelho engole hoje um sapo com leitinho achocolatado e há pouco tempo esmagou Ferreira Leite por ela proteger esses e outros sapos. Paulo Portas defende hoje a redução dos salários dos gestores públicos e há pouco tempo nomeava-os e defendia que os gestores públicos deviam ser bem remunerados. Cavaco Silva defende hoje a solução marítima e há pouco tempo desmantelou a indústria naval e as frotas mercantes e de pesca.

Hoje é aprovado um Orçamento de Estado considerado péssimo mas que amanhã, quando acontecer aquilo que todos sabemos que vai acontecer mas que fingimos acreditar que não vai acontecer, vamos achar que era um orçamento razoável.

Hoje estamos tramados, amanhã também.
LNT
[0.432/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCXXVIII ]

Alhos e Coentros
À espera das conquilhas - Lisboa - Portugal
LNT
[0.431/2010]

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25 de Novembro

La cocaracha
Sei que hoje andamos em comemorações do que se passou há trinta e cinco anos mas Teixeira dos Santos não precisava de fazer a evocação com os banqueiros.

Ainda por cima, faltam lá alguns.

De relance, não me lembro que constem da convocatória, por exemplo, Oliveira e Costa, João Rendeiro ou o Banqueiro de Deus, o que é pena porque, nenhum melhor do que qualquer um deles, poderia dar pistas para o estado a que chegámos e todos eles estarão certamente muito mais habilitados a apresentar soluções de futuro do que os outros a quem o Ministro estende a passadeira vermelha no Ministério das Finanças.
LNT
[0.430/2010]

שָׁלוֹם

NotasEsta mania que os hebreus têm de crucificar Jesus tem de acabar.
LNT
[0.429/2010]

Estatísticas e consumos

AzulejoCom a habitual estorieta da contagem de cabeças, os sindicatos a falarem de três milhões de envolvidos (nunca os ouvi dizer em greve) e os Ministérios a falarem nuns milhares de grevistas (logo a comparar coisas diferentes) a única coisa que me interessa saber é que nesta Barbearia a adesão à greve geral foi de cem por cento.

Até o patrão aderiu e, embora as luzes da montra e das salas de tosquia tenham ficado ligadas, garanto que ninguém trabalhou.

Ponham lá isso nas estatísticas de que tanto gostam e anotem que os custos da electricidade são um desperdício a meu cargo que sobrevivo sem subsídios e sem subvenções.
LNT
[0.428/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCXXVII ]

Gab Ministro da Reforma do Estado
Gab. Min. Reforma Estado 2001/2 - Lisboa - Portugal
LNT
[0.427/2010]

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fechado, closed, fermé, chiuso, cerrado, geschlossen, oemottaglig

Greve Geral

Informa-se toda a estimada clientela que este estabelecimento está hoje encerrado devido à adesão total dos seus trabalhadores à Greve Geral.

Informa-se igualmente que os serviços mínimos só serão assegurados em caso de emergência. Para o efeito existe um piquete de prevenção.
LNT
[0.426/2010]

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nós não temos medo

Não pode impunemente mentir-se ao povo português
Mário Soares–Comício da Fonte Luminosa-Lisboa 1975

Greve Geral


Tanto o título como a primeira frase deste texto foram proferidos por Mário Soares quando, todos nós com ele, com Salgado Zenha, com Tito de Morais, com Mário Sottomayor Cardia, com Marcelo Curto, com Lopes Cardoso, com Luís Filipe Madeira, com Manuel Alegre e com muitos outros, em 1975, precisámos de ir à rua dizer que não cedíamos perante as ameaças e perante os medos com que nos queriam fazer mansos.

Voltamos a tempos em que o pairar de ameaças permanentes nos tenta condicionar.

Voltamos a afirmar, tão alto como outrora, que nós não temos medo.

Temos a nossa ideia, temos a nossa paixão pela liberdade e pela democracia, não achamos que sacrificar e submeter seja bem-governar e consideramos que um Governo eleito é corajoso quando cria bem-estar social e não quando esmifra.

Como não nos ouvem em recinto fechado, chegou a altura de o dizer na rua. Se não conseguirem entender o que faz com que as duas centrais sindicais portuguesas conjuguem as vozes, percebam pelo menos que uma greve geral não é a tagarelice dos círculos fechados e dos gabinetes e compreendam, não só os poderes eleitos mas também os senhores da finança e os especuladores que, tal como em 1975, nós continuamos a não ter medo.

Amanhã em greve, com a greve geral, obviamente.
LNT
[0.425/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCXXVI ]

Fonte Luminosa
A caminho do Comício da Fonte Luminosa - 1975 - Lisboa - Portugal
LNT
[0.424/2010]

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Alltuga - Eventos e promoções,EP

PortugalDeixando de parte a cor dos parafusos dos Patriots, matéria da qual o Nuno Rogeiro tem profundo conhecimento e sobre a qual poderá dissertar horas a fio, diria que as cimeiras de Lisboa correram muito bem.

Portugal é um excepcional organizador de eventos, sejam eles a feira do sexo, da NATO, ou as outras onde se ouvem os "Porreiros, pá!".

Para além disso é um excelente anfitrião. A comprová-lo ficam as palavras de agradecimento de Obama e os almoços e jantares grátis com vista panorâmica de Monsanto que tivemos o prazer de servir aos palhaços do circo internacional da desobediência civil.

Agora que está na hora de desmontar a tenda e de aguardar um pouco mais os tais meios de segurança que foram adquiridos à pala do evento para dotar as nossas polícias com meios suficientes para enquadrarem as desobediências civis portuguesas que poderão estar aí a rebentar com a entrada do ano de 2011, é tempo de balanço das nossas interioridades, que é como quem diz, do orçamento de estado rosa-alaranjado e das suas melhorias consubstanciadas na devolução do leitinho achocolatado à lista mais baratinha do IVA.

A um mês e pouco da crise que se inicia para os contribuintes com a entrada em vigor do amargo OE, é tempo de avisar os eleitos e os que, não o sendo, têm a mania que são, de que a nossa paciência está no limite e que se é verdade que o FMI vai ter de entrar pela nossa vida dentro, então mais vale que entre já do que mais tarde porque, com o aperto anunciado, já deixámos de o temer.

Ah, e deixem lá o Amado ir descansar, que ele bem merece, agora que já lhe fizeram o elogio fúnebre. Para que não se sinta só na viagem libertadora, soltem também o financeiro dos Santos antes que tenha de se desdizer mais uma vez.

Boa semana e na quarta-feira lá nos encontraremos na Greve Geral, tá?
LNT
[0.423/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCXXV ]

Bo Cão de Água
BO - Raça Portuguesa - Cão de Água - Portugal/USA
LNT
[0.422/2010]