sexta-feira, 27 de março de 2015

Loucuras

LoucosLoucos existem em toda a parte.

Em 2013 um maquinista entrou numa curva em Santiago com o dobro (ou mais) da velocidade permitida e assassinou umas dezenas de passageiros. Em escolas americanas sucedem-se entradas de jovens armados até aos dentes que matam tudo o que mexe. Em Portugal entra-se com um Governo que vai matando de fome e nos bancos dos hospitais uma data de gente e anuncia, com ar satisfeito, que tem os cofres cheios (de dívida e de saque). Nas televisões entra-se com reality shows em catadupa que têm por cerne o amesquinhamento e a desumanização de gente inqualificável que se prontifica a trocar a dignidade por notoriedade. Em países civilizadíssimos entra-se com loucos que fazem caça a jovens que estão acampados e, tiro a tiro, os abatem sem dó nem piedade. Em países menos civilizados entram com armas nas mãos de crianças para executarem reféns. Noutros, ainda, entram com bandos armados e raptam dezenas de jovens para servirem de escravos.

Uma barbárie completa centrada no egoísmo, no individualismo, na ambição de fama tout court e no espectáculo mediático, com ou sem razões ideológicas à mistura, com ou sem fanatismos que mais não são do que a procura do notável que transforma a loucura em notícia e escarrapacha, através dos vendedores de notícias, a cara e o nome de quem quer ressair do cinzento.

O louco que aterrou de forma pouco convencional numa montanha dos Alpes foi só mais um desses.

É a amoralidade que andamos a criar.
LNT
[0.167/2015]

quarta-feira, 25 de março de 2015

Listas e fitas: Festa brava

PicassoQuando a Assembleia da República quis ouvir quem menos tinha para dizer sobre as Listas VIP, uma vez que não se preocupou em chamar a responsável pela Área dos Sistemas de Informação (que seria quem melhores esclarecimentos poderia ter dado) O Secretário de Estado com nome de cavaleiro tauromáquico montou um alazão e, para início da lide, desferrou um curto informando que já tinha o nome de Helena Borges para superintender a Autoridade Tributária.

O ferro cravado ao estribo não provocou qualquer reacção em quem o recebeu, nem sequer para lembrar que foi este Governo que inventou uma tal CRESAP com o intuito de fazer passar a ideia, junto da opinião pública, de que os dirigentes da Administração Pública passavam a ser nomeados por mérito e não por critérios de satisfação das clientelas políticas.

Já todos sabíamos que a CRESAP (Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública) era só faena por chicuelinas para inglês ver (basta o caso revelado de todos os directores regionais da SS em funções serem próximos dos Partidos da coligação no poder) mas ainda não tínhamos assistido ao vivo e em directo como a arte se processava.
"A nova diretora-geral da Autoridade Tributária (AT) candidatou-se duas vezes, em 2014, ao cargo, mas em nenhuma das vezes chegou à lista de 3 candidatos avaliados como tendo mérito para o cargo. A confirmação é avançada à TSF pelo presidente da Comissão de Recrutamento e Seleção na Administração Pública (CRESAP), que faz ainda um reparo à forma como o governo avançou esta nomeação na última sexta-feira."
Todos recolherem alegres e contentes emparelhados pelas chocas. O povo ovacionou os artistas em praça que deram duas voltas exibindo uma orelha e um rabo.
LNT
[0.165/2015]

Já fui feliz aqui [ MDXXI ]

CDS
CDS/PP - 2009 - Portugal
LNT
[0.164/2015]

terça-feira, 24 de março de 2015

A ver se me faço entender

Escrevo porque me apetece e só me apetece escrever de vez em quando. Do que escrevo, como escrevo, o que escrevo, é minha responsabilidade.

Da vossa (responsabilidade) é o que lêem, o que interpretam daquilo que escrevo e do que não deixo escrito nem nas letras, nem nas palavras, nem entre elas ou nas entrelinhas.

Um ponto final, uma vírgula, um travessão, não são ideias, não são lavra, só pontuação.

Espero ter-me feito entender.
LNT
[0.163/2015]

o silêncio de tudo no mundo inteiro

Herberto Helder

Ninguém acrescentará ou diminuirá a minha força ou a minha fraqueza. Um autor está entregue a si mesmo, corre os seus (e apenas os seus) riscos. O fim da aventura criadora é sempre a derrota irrevogável, secreta. Mas é forçoso criar. Para morrer nisso e disso. Os outros podem acompanhar com atenção a nossa morte.
Obrigado por acompanharem a minha morte.

Photomaton & Vox
Herberto Helder

LNT
[0.162/2015]

sábado, 21 de março de 2015

O esticar da corda

CordaAinda estamos só a estender a corda que depois será devidamente esticada e provavelmente se enrolará na ponta numa laçada corrida eficaz ao estrangulamento.

Vamos assistindo a detenções preventivas e a audições parlamentares onde se persente uma matilha por detrás de cada um dos elementos dados como únicos responsáveis e aguarda-se que, a qualquer momento, esses donos de tudo - passando-lhes a vaidade de assim serem considerados e entalados por consequências que nunca pensaram vir a sofrer - abram a alma ao Mundo e apontem os cúmplices, obreiros e sabujos que os guindaram aos pedestais.

Finalmente vai ser o regabofe de confirmar que isto anda tudo ligado. Com o espernear convulsivo e o ranger de dentes assistiremos ao estrebuchar do conhecido e ao perfilar daquilo que se segue.

Entretanto vai haver muita desilusão no ar, muita gente decepcionada com os seus ídolos e muita outra a esgueirar-se para a sombra dos emergentes a ver se se safa.

Já se sente.
LNT
[0.160/2015]

Já fui feliz aqui [ MDXIX ]

Setúbal
Pousada de São Filipe - Setúbal - Portugal
LNT
[0.159/2015]

sexta-feira, 20 de março de 2015

À atenção de João Bilhim

Sabe vossa excelência que o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais acabou de anunciar na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública da Assembleia da República o nome da próxima titular da Autoridade Tributária (Dr.ª Helena Borges) (sem indicar que é em regime de substituição) à revelia da CRESAP a que vossa excelência preside?

Isto é possível, mesmo que no penúltimo concurso (no último, o que fez nomear Brigas Afonso, o nome dela não constava) para aquele lugar essa senhora tenha sido uma das seleccionadas para ocupar o cargo? Já deixou de ser necessário haver novo concurso e foi banida a regra dos três nomes para se proceder à escolha?

Nota: CRESAP - Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública
LNT
[0.158/2015]

Audições sem auditores VIP

AutitoriaTenho estado a acompanhar pela ARtv os trabalhos da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, onde se está a tratar do caso da Lista VIP dos contribuintes.

Fico espantado, ou como costuma dizer a deputada do PS que tem tido a palavra, perplexo, por não ter sido convocada a dirigente da AT que está designada para superintender à Área de Sistemas de Informação (designada porque o respectivo cargo de Subdirector-geral não está formalmente ocupado) (Dr.ª Graciosa Delgado Martins) uma vez que é perante essa senhora que, hierarquicamente, responde o Director de Serviços da Segurança Informática da Autoridade Tributária e Aduaneira.

Perplexo fico também pela falta de preparação que os deputados intervenientes têm demonstrado com o desconhecimento dos processos e procedimentos dos Sistemas de Informação da AT. É que não é possível fazer questões pertinentes sobre assuntos que manifestamente desconhecem, como por exemplo as Políticas de Segurança que terão de existir numa organização que detém o cadastro de todos os contribuintes e tem de lhes garantir o sigilo fiscal, com tratamento igual.
LNT
[0.157/2015]

Do cúmulo do cinismo

PinóquioGostaram do arzinho com que Passos Coelho fez saber hoje que, finalmente, teve oportunidade de cumprimentar Αλέξης Τσίπρας e endereçar-lhe os parabéns por ter sido indigitado para Primeiro-ministro da Grécia?

Nessa declaração, Passos, disse também que só agora o fez porque ainda não tinha tido oportunidade anterior de o ter feito e disse-o sem lhe cair um dentinho nem sequer lhe ter crescido o nariz.

Fica provado que nem só de caras de pau se constroem os bonecos de Geppetto.
LNT
[0.156/2015]

Viver inutilmente acima das possibilidades

Maria Luiz AlbuquerqueViver acima das possibilidades é gabar-se de ter o pote cheio graças ao endividamento que não pára de crescer (agora vamos aos mercados dia sim, dia não) e ao confisco que não cessa de ser infligido aos cidadãos enquanto a dívida pública continua a aumentar para percentagens nunca vistas.

É como aqueles aprendizes de novo-rico que pedem dinheiro emprestado para mostrarem os BMW aos amigos sem mostrarem o livrete dos bólides onde continua lavrado o nome do stand que lhos cedeu.

Isto sim, é viver acima das nossas (de todos nós) possibilidades, ainda para mais numa lógica salazarista de atafulhamento dos cofres do Estado, que não produz qualquer efeito no bem-estar dos cidadãos, nem no desenvolvimento económico, nem no capaz fomento do emprego e da riqueza nacional.

Ter o cofre cheio significa, neste caso, somar dívida à dívida e empurrar com a barriga a amortização para as gerações futuras em troca do nada que se lhes deixa.
LNT
[0.155/2015]

Irresponsáveis e impunes

IrresponsáveisO Governo mais desresponsabilizado que alguma vez existiu em Portugal acaba de assumir a sua irresponsabilidade fazendo rolar cabeças na Administração Tributária que superintende mas de que não assaca a carga política. Já quando se trata de vanglória dos sucessos do combate à evasão fiscal, ou da arrecadação do saque que promove, sabe chamar a si os louros políticos.

Todos conhecemos exemplos de membros de governos por esse Mundo fora onde os respectivos titulares assumem as falhas das administrações que tutelam e, até mesmo em Portugal, já vimos Ministros caírem com pontes que colapsaram (que não tinham sido construídas nem monitorizadas por si).

Dos dirigentes da administração empossados pelo actual Governo já assistimos a demissões por faltas radicais na informática da Justiça, nos hospitais tutelados pela Saúde (onde se tem morrido muito acima da média anterior), nas escolas e no inadmissível processo de início do ano escolar da Educação pública e agora na AT das Finanças e, por processos judiciais, na Administração Interna (único caso onde um governante assumiu a responsabilidade política), na Secretaria Geral da Justiça e em muitos outros de que já nem temos memória, para citar uma expressão em voga na fuga às responsabilidades também em alta pela finança e pelo mundo empresarial da nossa terrinha.

Até as dívidas contributivas do Primeiro-ministro viram o ensaio de responsabilização dos funcionários que não o notificaram para pagamento de prestações que ele deveria ter liquidado voluntariamente de forma atempada.

O Governo é o órgão de condução da política geral do país e o órgão superior da administração pública. (Artº 182 da CRP)

Como vivemos num País de costumes aparentemente brandos a resposta virá com a onda abstencionista por descrédito político, uma parede de lamentos que anunciam o fim dos tempos que correm.
LNT
[0.154/2015]

Já fui feliz aqui [ MDXVIII ]

Sesimbra
Sesimbra - Portugal
LNT
[0.153/2015]