terça-feira, 16 de maio de 2017

Arte urbana


Ao irrecusável convite de Pedro Correia, que reabre a porta do DELITO DE OPINIÃO aos seus camaradas dos blogs seis anos depois, respondo presente
embora os anos tenham feito rarear a vontade de escrever na Barbearia onde já desunhei imaginação, a torto e a direito, para suavizar olheiras e escanhoar bochechas imberbes deitando, não poucas vezes, cal na água sempre que pretenderam deixar as paredes da loja no esquife.

Volto ao DELITO com uma reflexão sobre a última obra-graça de Bansksy.

Um homem de macaco, provavelmente um imigrado em Inglaterra - porque só esses andam de macaco e pendurados em escadas na terra de sua majestade - a desconstruir a estrela dos ilhéus deixando no seu lugar o vazio que se pressente ser o futuro do Continente cada vez mais deserto de autóctones.

Não foi difícil chegar aqui. Na grande ilha nunca se guiou pela direita, nunca se trocou a libra esterlina pelo marco travestido de moeda única, nunca se contrariou a dinâmica americana em favor da solidariedade da União e, tirando a amizade pelas calientes águas mediterrâneas e atlânticas vizinhas do Al-Maghrib e pelo Oporto, nunca se levaram a sério as línguas românicas que, no dizer do Flying Dutchman dos tempos calvino-penitenciais em voga, só servem para gáudio dos prazeres da carne e da gula dos éteres.

Também não foi difícil lá chegar porque os continentais estrelados foram perdendo o gás e, em menos tempo do que qualquer outra constelação, murcharam em sabedoria e ideais e fizeram-se joguetes invertebrados dominados pelo medo, que dizem não ter, a burocratas e banqueiros que lhes extorquem o que resta da sua dignidade e condição histórica.

Volto ao homem de fato-macaco, alegadamente um migrante, neste espaço europeu que as gentes do norte do Douro poderiam designar por “morcão” e as do Sul do Seine por “Marcon” e onde os social-democratas abandonaram o social à sua sorte e os democratas-cristãos evoluíram para o ateísmo, para analisar mais fino a arte de Bansksy.

O operário, embora de balde à cintura, não usa o queirosiano pano encharcado em benzina (transportando Eça para o actual contexto europeu repleto de Abranhos), nem tão pouco repinta a estrela murcha com o azul do fundo. Prefere representar o proletário de marreta e escopro na mão a sacar nacos de tinta sem ferir o estuque de uma bandeira que tem por hino a nona de Ludwig, An die Freude, adaptada por Herbert para que todos os povos do Norte e do Sul o cantem afinados, dirigidos no ritmo pela batuta alemã.

E é isto, Pedro. Um barbeiro a fazer de crítico de arte, um analista a fazer de escritor.
Paz e saúde.
(texto publicado ontem (2017.05.15) no Delito de Opinião)
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.051/2017]

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Delito de Opinião


A convite de Pedro Correia, que saúdo e a quem agradeço a lembrança, publico hoje um texto no Delito de Opinião.

Amanhã trago o Arte Urbana também para aqui.

PS. Esta saudável prática que Pedro Correia reactivou em 2017 faz parte da história da época de ouro dos Blogs em Portugal. Há que visitar o Delito de Opinião, um dos poucos grandes Blogs que ainda se mantém com actualização permanente.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.050/2017]

Já fui feliz aqui [ MDLXV ]


Benagil - Algarve - Portugal
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.049/2017]

domingo, 14 de maio de 2017

Vamos somando

Prefácio: Nunca tinha visto um vencedor despojar-se desta forma da vaidade da glória e partilhar o seu momento mais alto de fama com quem o impulsionou.
Enquanto os do costume se recusam a perceber que um miúdo com trejeitos marados e postura alheia ao registo da praxe pode fazer com que quarenta e tal países quase europeus, incluindo um da Europa no Hemisfério Sul, escrevam nos ecrãs de televisão a palavra Portugal e que outros tantos países rabisquem nas capas de jornais o nome de um País que raramente por lá aparece e que quando aparece é, quase sempre, para o destratar, a confiança avança deixando a toma do veneno a quem o destila.

O caso é efémero, como tudo na vida, mas é o caso de momento e não se trata de gostar ou não da postura, dos acordes, da harmonia ou da poesia, até porque gostos não se discutem.

A questão é mais arreigada a uma mentalidade bolorenta, a mesma que em tempos chamou de maricas a uma geração que se desgravatou, deixou crescer o cabelo à Beatle e usou calças justas à boca-de-sino ou mini-saia, uma mentalidade incapaz de admitir o diferente e de perceber que não temos por predestinação o fado sombrio da pequenez a que este cu de Mundo, segundo eles, nos condenou.

O Universo não está a nossos pés nem se pretende que venha a estar. Continuamos a ser um País limitado e periférico com recursos naturais diminutos, com elevada dependência energética e pouco dinheiro para explorar o imenso território submerso que nos serve de fronteira. Mas temos um Povo cada vez mais preparado para sacudir o bolor que a ignorância em que o quiseram manter para o conservarem submisso e respeitador vai dando resultados.

O ar austero do provincianismo feito poder, o determinismo da não alternativa, o espírito dos bons alunos ditado pelos bons costumes e lavores femininos e a tradição do chapéu na mão e da cabeça baixa tem os dias contados.

Acreditem, ou não, há Mundo a desbravar e a instrução e o desempoeiramento levar-nos-ão lá.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.048/2017]

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Prova de vida

Às vezes esqueço-me que sou um autor de blogs.

Só isso, nunca de vocês, meus - cada vez mais - raros leitores.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.046/2017]

terça-feira, 18 de abril de 2017

Novo @Mail


Após anos com o endereço @Mail no domínio @mail.sitepac.pt vou ter de o alterar para o GMAIL.

Assim, e desde já, peço que substitua o meu contacto para:

Luís Novaes Tito: luismariatito@gmail.com

Agradecido espero continuar a estar na sua companhia.
Beijos e abraços
Luís

Nota: Devido a estas alterações, que se prendem com a futura anulação de uma conta caríssima que detinha num alojamento na PT, vai acontecer que muitas das imagens antigas publicadas neste e noutros Blogs e Websites que administrava deixem de estar visíveis.
Peço desculpa pelo facto mas não tenho alternativa fácil para resolver o assunto.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.045/2017]

Já fui feliz aqui [ MDLXIV ]


Peter Baliko - Lisboa - Portugal
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.044/2017]

terça-feira, 11 de abril de 2017

Ai,Jesus!

Pizzaria Mauricio LLoret de Mar

Confesso já estar farto dos “ai, Jesus, que os nossos adolescentes são do piorio” em relação à bagunça que fizeram em terras de exagero espanhol.

Juntam mil miúdos doidinhos para o disparate e com o sangue na guelra (e não só na guelra) numa espelunca qualquer longe dos pais e estão à espera de quê?

Há quarenta anos estive a lavar pratos numa pizzaria em LLoret de Mar. Na altura não se fazia, em Portugal, a mínima ideia do que era aquela terra catalã, mas em Inglaterra, Alemanha, Dinamarca, Holanda, etc., fazia-se.
Se lhes contasse as coisas que por lá vi acontecer quando chegavam os aviões carregados de juventude desses países, imagino o que não diriam aqueles que hoje estão tão escandalizados com a barbárie portuguesa.

Se igualmente lhes contasse o que acontecia no Ritz Club, em Lisboa, quando há 40 anos o bando de alunos-pilotos milicianos se concentrava naquele antro de boa vida…

Não estou a fazer a apologia do vandalismo. Estou somente a falar do perigo de excessos que mil adolescentes juntos e à rédea solta podem provocar longe de casa. Deverão ser chamados à responsabilidade, claro, e se for o caso, deverão pagar pelos estragos que fizeram, mas daí a encherem noticiários e a provocarem esta comoção nacional…
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.043/2017]

domingo, 9 de abril de 2017

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Já fui feliz aqui [ MDLXII ]

Penduras 40 anos

Penduras 40 anos - Sintra - Portugal
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.041/2017]

De extrema complexidade

Amigalhaços
Não costumo comentar casos de polícia que estejam na mão da justiça. Por sistema julgo que a justiça deve operar sem pressão do “diz que disse”.

Sem dúvida que o caso corrente do arquivamento do processo, por falta de prova, dos amigalhaços e conselheiros do Dr. Cavaco, mexe com estas convicções e das duas, uma:
- Ou o caso foi publicitado por má-fé e, à falta de mais, a justiça pretendeu entregar o julgamento ao vento para que na praça pública se ditasse uma sentença;
- Ou o caso foi mais um, dos muitos, que pretende justificar a incompetência com essa nova coisa da linguagem de trapos a que se chama “extrema complexidade”.
E de bastardos estamos cheios, principalmente daqueles que surgem do nada e sem coisa alguma e saem a rir a bandeiras despregadas com o ar espertalhão que caracteriza os boçais da Nação.

É o que temos:

Milhares de milhões desaparecidos sem prova, acções fora de mercado na carteira privada de uns quantos, corruptores condenados na Alemanha por corrupção em Portugal sem que se procure os corrompidos na Pátria, gente queimada na praça pública sem culpa formada e impostos em catadupa, que esmagam quem não tem hipótese de fugir daqui para fora, destinados a cobrir as falcatruas e o banditismo.

E, no entanto, a Constituição consagra a quem paga:

Artigo 21.º - Direito de resistência - Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.040/2017]

quarta-feira, 22 de março de 2017

The new Flying Dutchman

Flying Dutchman Jeroen Dijsselbloem
Jeroen Dijsselbloem mede os povos do Sul pela bitola que conhece.

Lá porque o(a)s indígenas da terra dele costumam vir passar férias a Sul para serem fornicado(a)s e se embebedarem não significa que o(a)s indígenas do Sul que lhes aturam as bebedeiras e o(a)s fornicam não trabalhem arduamente.

A incapacidade dos políticos europeus entenderam o que é o espaço europeu e continuarem o caminho suicida de, a Norte, sofrerem de um inaceitável complexo de superioridade não lhes permite olhar de igual para a totalidade do espaço comum onde a diversidade é o factor de enriquecimento do continente onde historicamente se deu início às maiores atrocidades humanas.

Para além do mais, Jeroen deveria saber que as "ajudas" dadas a Sul são um negócio chorudo para a agiotagem nórdica que vê nessas “ajudas” uma janela de oportunidade para engordar a sua finança.

A esta abécula nem sequer assiste a inteligência de se retractar, tão convencido que representa o pensamento Nortenho da Europa embora o grupo político que representa tenha sido esmagado no último sufrágio no seu próprio País.

Quem julga pelo que faz (ou lhe é feito) nas férias a Sul nunca irá entender o muito que o Sul trabalha para lhe proporcionar o lazer e os prazeres que não encontra na sua terra.

Por cada copo de bom vinho que a Norte se bebe houve muito suor em jornas feitas a Sul.

É caso para dizer a este holandês que pare de sonhar com a lenda do Flying Dutchman e que chegou o tempo de voltar a calçar as socas de pau que, em tempos, trocou pelo excelente calçado com que o Sul o calça.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.039/2017]

segunda-feira, 13 de março de 2017

E os banqueiros, enquanto vivem, esfolam a nossa

Lingerie Leopardo

Ficou para a história, e até fazia parte dos genéricos que anunciavam os documentários da SIC sobre o Costa do Castelo, a máxima de Ricardo Salgado na comissão parlamentar do BES:

“O leopardo quando morre deixa a sua pele. E um homem quando morre deixa a sua reputação"

Com o decurso daquilo que se sabe e adivinhando que há uma conta enorme para pagar, mais uma daquelas que no inicio nos diziam que ficaria de graça para a generalidade dos contribuintes, facilmente aferimos que só não se aplicará à generalidade dos contribuintes porque os chineses, americanos e outros tipos de índios não a irão pagar.

É caso para dizer que:

“O leopardo, quando morre, deixa a sua pele. Os banqueiros, enquanto vivem, esfolam a nossa.”

E sobre reputação ficamos conversados até porque já sabemos amplamente que os banqueiros e respectivos reguladores esfolam-nos a pele enquanto têm garras e depois de as perder continuam a esfolá-la sem nunca serem chamados a devolver os escalpes que fizeram.

Isto é, no activo esfolam os clientes do banco regulado ou gerido e quando passam a passivos esfolam, além desses, todos os restantes contribuintes deste País onde nunca se apura (nem se quer apurar) para que bolso foi a pele esfolada.

Dizem-nos que não se trata de esfolamento mas sim de esfoliação. De mansinho retiram-nos a parte mais superficial da cútis para que nova pele surja fresca e macia, pronta a ser esfoliada todas as vezes que for necessário.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.037/2017]