quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Chuva de estrelas

Guerra das EstrelasAssim, à primeira vista, seria levado a concordar com o meu amigo Paulo Ferreira (não sei em que Blog agora escreve) quando ele cita Martin Niemöller:
Um dia vieram e levaram o meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei…

...Quando vieram e me levaram
já não havia ninguém para se ouvir...
O Paulo referia-se ao que se pode ver neste vídeo. Não se gosta do que se vê ali, embora aquilo que se vê nada tenha com os tempos em que estas acções à 31 eram reprimidas e, a fazerem-se (sim, sim, meninos, nós também fazíamos algumas quando tínhamos a vossa idade e não eram uns senhores guardas simpáticos que nos enquadravam), era impossível divulgar em liberdade, como faz o 31. Outros tempos, claro, tempos em que a democracia era o objectivo.

Mas depois vê-se o filme, percebe-se o que quer aquela malta engraçada, enquadra-se a acção num espaço onde estão todos os eleitos de uma Nação democrática, lembra-se que por detrás de uma máscara está sempre alguém, recorda-se que estes tempos não estão para brincadeiras e entende-se que ainda não foi naquele dia que "vieram e levaram o nosso vizinho" e que tudo aquilo não passou de uma encenação aportuguesada da ficção da Guerra das Estrelas, uma coisa de meninos-que–querem-ser-estrelas-sem-guerra, em que o arfar do Império personalizado na figura da máscara é uma brincadeira cheia de efeitos especiais.

Os senhores de óculos escuros fizeram aquilo que qualquer educador tem obrigação de fazer quando se depara com insubordinação e desrespeito juvenil.

Não será por aqui que passa o: "um dia nos levarão...".

Vivemos em liberdade, meu caro Paulo, estamos atentos e temos de garantir que a democracia e a liberdade têm de ser protegidas para o bem de todos nós que continuamos democratas, livres e tolerantes (a malta do filme incluida).
LNT
[0.342/2010]

3 comentários:

mdsol disse...

Muito bem, sr, Barbeiro. Vendo o vídeo acho que nem lhes deviam ter dado importância. Era deixá-los armados em modernaços conservadores. Mais do que invocar as palavras de Martin Niemöller apetece invocar a "moral" da história do Pedro e o lobo. É que, depois, não há manifestação, nem com gravatucha, que nos salve. Mas que bando de mimalhos!

:))))

maloud disse...

Estes rapazes lembram-me outros que, aqui no Porto nos anos 60, pifavam de madrugada as garrafas de leite junto às portas. Nunca os vi "enquadrados". E conhecia-os. Ai não que não os conhecia!

Maria de Fátima Filipe disse...

Sou franca, por mim acho que lhes estamos a dar visibilidade a mais, quanto mais lhes divulgarmos a diabruras mais os rapazes gozam com coisas sérias.