Falamos da crise como se estivéssemos a falar de uma coisa surgida do nada e que irá desaparecer num estalar de dedos, sem deixar rasto. As hordas de desempregados, a que se juntam mais uns tantos todos os dias, são produto dessa crise que alguns entendem necessária e purificadora, fundamental para o saneamento do mundo do trabalho e imprescindível para a reengenharia do mundo empresarial. Depuração das empresas débeis, repositório de mão-de-obra disponível e barata e imputação da responsabilidade social e dos prejuízos às Instituições.
A crise é isto mesmo. Realiza valias, retira liquidez, adquire em baixa o que sabe ir valorizar e entrega os lixos ao Estado – leia-se, aos mesmos que sempre tudo pagam – para suportar os prejuízos enquanto descarta, por processos ilegais, os indesejáveis.
Com o capital a sacudir a água do capote fazendo constar que não pretende imputar aos custos de produção a sustentabilidade da segurança social, surge o desplante da tentativa de reciclagem dos mais velhos, remetendo-os para um limbo até à reforma, enquanto o Estado prolonga o tempo de actividade sem garantir, até por não ter meios para o fazer, esquemas sociais de apoio ou o exercício da justiça. Resta, dada a impossibilidade de congelação das pessoas, a lei da sobrevivência ou da morte a quem descontou anos-a-fio e fica agora suspenso entre o fim do subsídio de desemprego e o início da reforma.
É isto a crise, a crise onde o capital deixou de ter obrigações sociais e o Estado não exerce a soberania. A crise da ética e dos direitos humanos. O reino onde imperam os porcos, feios e maus que não guardam sequer memória do charco em que nos meteram.
LNT
[0.369/2009]
A crise é isto mesmo. Realiza valias, retira liquidez, adquire em baixa o que sabe ir valorizar e entrega os lixos ao Estado – leia-se, aos mesmos que sempre tudo pagam – para suportar os prejuízos enquanto descarta, por processos ilegais, os indesejáveis.
Com o capital a sacudir a água do capote fazendo constar que não pretende imputar aos custos de produção a sustentabilidade da segurança social, surge o desplante da tentativa de reciclagem dos mais velhos, remetendo-os para um limbo até à reforma, enquanto o Estado prolonga o tempo de actividade sem garantir, até por não ter meios para o fazer, esquemas sociais de apoio ou o exercício da justiça. Resta, dada a impossibilidade de congelação das pessoas, a lei da sobrevivência ou da morte a quem descontou anos-a-fio e fica agora suspenso entre o fim do subsídio de desemprego e o início da reforma.
É isto a crise, a crise onde o capital deixou de ter obrigações sociais e o Estado não exerce a soberania. A crise da ética e dos direitos humanos. O reino onde imperam os porcos, feios e maus que não guardam sequer memória do charco em que nos meteram.
LNT
[0.369/2009]
7 comentários:
Excelente comentário
Depois de nós? O Dilúvio, meu amigo.
Infelizmente nesta triste realidade quem se lixa sempre é o mexilhão. Os engravatados e que se passeiam em grandes limusines vão continuar a dar os golpes do baú e o mexilhão que se aguente.
Luís,
peço licença para assinar por baixo.
... o ficarmos SÓS ... Estávamos mal, não estamos melhor, mas ficaremos muito pior!!! Enfim ... um fim-de-semana tão recuperador quanto possível! Um até sempre
Apoiado, Senhor Luís da Barbearia!
:))
O senhor Luís, mais uma vez, te toda a razão... Pior ainda é que quem deve preocupar-se com isso não o faz... É triste. Dá vontade de ir viver para a República das Bananas...
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