O hábito de deitar para trás das costas as responsabilidades não é uma característica exclusiva portuguesa.
Não têm sido poucas as tentativas da Air France e da AirBus tentarem, com a cobertura da comunicação social, empurrar (ainda mesmo antes de terem a mínima ideia do que aconteceu) a responsabilidade do acidente do Flight AF447.
Por isso dou voz ao Cubilhas, um velho amigo e camarada de armas, que deixou ficar o desabafo na caixa de comentários:
Caro Barbeiro, amigo e ex-colega de curso.
Como Piloto há 36 anos e como Comandante de A310, terei todo o prazer em deixar aqui na barbearia um comentário profissional:
Aquele tipo de meteorologia é para respeitar. Não acredito que os meus colegas o tenham descurado. Algo mais aconteceu antes de entrar naquela situação, que os levou a seguir aquele caminho.
Agora, após o acidente é fácil tentar adivinhar o que se passou, mas decidir "in loco" é "a questão".
É provável que, quer a Air France quer a AirBus tentem passar as responsabilidades para os aviadores, mas não são os aviadores que insistem em comunicações deficientes (HF) e zonas sem guiamento radar. Existe tecnologia há muitos anos para colmatar estas falhas mas tem os seus custos e ninguém está interessado em pagar. Se utilizarmos a estatística, é mais barato haver um acidente de vez em quando, do que fazer investimentos em segurança a sério.
Ainda não existem instrumentos que convençam a natureza a mudar de feitio. Enquanto isso, vamos respeitando a mesma natureza e eu estou absolutamente seguro que os meus colegas o fizeram. Aquela zona do globo e o Atlântico Norte, são zonas onde tenho tido muito respeito pela natureza e assim espero continuar, para poder participar com 1 comentário quando vou cortar o cabelo.
Um grande abraço e bons cortes aí na barbearia onde pelos vistos és muito feliz.
Carlos Soares
LNT
[0.438/2009]
[0.438/2009]
Rastos:
-> A aviação na minha história ≡ Carlos Soares
1 comentário:
Sempre que os pilotos não sobrevivem ficam com as culpas!
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