Deixem-me lá pensar em voz alta.
Passos Coelho anunciou que, cortando nos vencimentos da Administração Pública, estava a agir directamente sobre o défice ao passo que os vencimentos da privada não tem esse efeito.
Até parece verdade, não fosse a alarvidade ser coisa da idade média e a escravatura estar abolida em Portugal há muitos séculos.
É que:
1- Não se combate o desemprego com medidas que desvalorizam o trabalho;
2- A medida social minimamente justa seria a criação de um imposto extraordinário como o que foi feito em relação ao subsídio de Natal deste ano, porque isso não desvaloriza o valor do trabalho e porque, ao contrário da actual mais que previsível ilegalidade que é o roubo de parte dos salários de uma parcela da sociedade portuguesa, se trata de uma forma de repartição do esforço nacional para enfrentar a emergência em que nos encontramos;
3- A coragem que eles tanto gostam de evocar quando reduzem a sua inteligência ao fácil e ao demagogo, não passa por criar mecanismos de regulação do sector estado mas sim por escravizar os funcionários. P.e. tratem o sector estado com as mesmas regras do sector privado, incluindo todas as formas indirectas de vencimentos como são as atribuições de carros e telemóveis (não há gato-pingado no privado que os não tenha) que nunca são contabilizados para efeitos de IRS, e também com os despedimentos legais na AP;
4- Se têm funcionários que não produzem, tenham a coragem de reformar esse sector usando o mérito como medida, em vez do igualitarismo populista e divisionista que estão a aplicar.
LNT
[0.456/2011]
5 comentários:
Perderam o sentido de estado e a vergonha, por isso atacam naqueles que não podem fugir a nenhum dos impostos nem das coisas impostas.
Aqui nem sequer se trata de um Imposto. É pura e simplesmente um roubo, uma quebra ilegal e unilateral de contrato.
Meu caro Barbeiro:
Será que posso pedir um esclarecimento?
Estarei enganado ao pensar que os dois subsídios, de Natal e de férias, são parte integrante da remuneração do trabalho?
Com um abraço e continue que estou a gostar.
Mariano Pires
Claro que são, Mariano. Aberto este precedente poderão também vir a cortar os salários de Janeiro, Fevereiro, Março...
Ouvi dizer que ponderaram entre ficar com os 12 salários e cederem os 2 subsidios ou vice-versa. Optaram pelo vice-versa para não dar relevo ao argumento de ser mais malta a viver do subsídio.
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