Ainda sou do tempo em que os cidadãos eram conhecidos por contribuintes.
Um tempo em que os cidadãos inspiravam desconfiança a quem deles sacava. Um tempo em que os sacadores olhavam de soslaio os sacados por verem neles trafulhas sempre prontos a fugir ao sustento que os sacadores entendiam ser-lhes devido.
Um tempo em que se amealhava o que sobrava do pagamento aos senhores que sacavam e se fundia o amealhado em lingotes em vez de o transformar em apostas de futuro.
Depois fui de um tempo em que se chamou cidadãos aos contribuintes e em que, com aquilo que se lhes sacava, pagavam-se os ordenados aos sacadores e ainda havia contrapartidas (escolas, saúde, bem-estar, etc.). Nesse tempo passou também a ter de se sustentar alguns que viram nessas contrapartidas "janelas de oportunidade".
Agora sou de um tempo em que os contribuintes são chamados cidadãos-chulos que, não só reclamam por ter de sustentar os das "janelas de oportunidade", como insistem vergonhosamente em reclamar as contrapartidas por serem incapazes de reconhecer que "o dinheiro não chega para tudo" ou que "quem não tem dinheiro, não tem vícios".
LNT
[0.446/2011]
Um tempo em que os cidadãos inspiravam desconfiança a quem deles sacava. Um tempo em que os sacadores olhavam de soslaio os sacados por verem neles trafulhas sempre prontos a fugir ao sustento que os sacadores entendiam ser-lhes devido.
Um tempo em que se amealhava o que sobrava do pagamento aos senhores que sacavam e se fundia o amealhado em lingotes em vez de o transformar em apostas de futuro.
Depois fui de um tempo em que se chamou cidadãos aos contribuintes e em que, com aquilo que se lhes sacava, pagavam-se os ordenados aos sacadores e ainda havia contrapartidas (escolas, saúde, bem-estar, etc.). Nesse tempo passou também a ter de se sustentar alguns que viram nessas contrapartidas "janelas de oportunidade".
Agora sou de um tempo em que os contribuintes são chamados cidadãos-chulos que, não só reclamam por ter de sustentar os das "janelas de oportunidade", como insistem vergonhosamente em reclamar as contrapartidas por serem incapazes de reconhecer que "o dinheiro não chega para tudo" ou que "quem não tem dinheiro, não tem vícios".
LNT
[0.446/2011]
3 comentários:
A pobreza honrada como diz o Silva e dizia o Salazar. Pois bem se me deixar ir com esta conversa. viro mais um carneiro no rebanho, deixo de ser cidadã. Passo a ser escrava, pura e simplesmente,porque, ser contribuinte é um acto de solidariedade com os meus concidadãos e passo a deixar escoar parte do meu salário para casinos.
costumo dar o meu nome nos comentários, perdão, enganei-me
Ana Domingues
Probrezinhos mas asseadinhos, graças a Deus.
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