quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

67, um número curioso

Miguel Telles da GamaDois dos mais graves problemas da sociedade actual, seja ela política ou civil como agora sói dizer-se, é a falta de identificação dos objectivos e a diminuta seriedade em relação aos membros não executivos dessa sociedade.

Lê-se hoje nos jornais, penso que no tablóide CM, que o Governo irá propor a passagem da reforma para os 67 anos. A acontecer, trata-se-á de mais uma desonestidade, dado que as reformas não dependem dos contribuintes mas sim dos trabalhadores que para elas descontaram com base em pressupostos de contrato que são alterados unilateralmente no decurso da sua vigência. Se é verdade que o tempo médio de vida tende a ser dilatado, não deixa de ser igualmente verdadeiro que quem amealha uma vida inteira tem o direito a usufruir do benefício de poder gozar os últimos anos dessa vida sem ter de cumprir horário. As pessoas têm de ter direito à felicidade e a usufruir das suas poupanças, sejam elas constituídas em amealhamento no privado ou no Estado.

Quanto aos objectivos e à obrigação de serem definidos com verdade e eficácia, há que apurar que o objectivo não é o prolongamento do tempo de trabalho (basta perceber que o Estado e os particulares não contratam trabalhadores com mais de 55 anos) mas sim a sustentabilidade dos esquemas que pagam essas reformas.

Definido o objectivo (sustentabilidade das reformas), deixem em paz e sejam honestos com os trabalhadores e desobriguem-nos da obrigação de trabalhar até aos 67 anos, limitando-se a incluir os descontos nas reformas até que se atinja essa idade.

Evitam a desonestidade de comer uma percentagem do montante a que os contribuintes têm direito (através da penalização), aliviam o mercado de trabalho, promovem o emprego nos sectores mais jovens e ajudam na felicidade de quem já começa a não ter pachorra para aturar esta malta que está convencida que é com o seu contributo que se sustentam as reformas dos que já descontaram toda a vida para as ter.
LNT
[0.078/2010]

Nunca mais é sábado

Prompt De manhã, lá pelas 10:30, caiu em Lisboa uma tromba de água, melhor, um elefante inteiro, acompanhado por um "on the rocks" que dava para fazer milhares de caipirinhas.

O Tejo que já vinha prenho do pasto dos touros ficou ainda mais robusto e turvo, com ar de maldisposto. Fazia lembrar o Sousa Tavares na entrevista de ontem.

Hoje tinha-me apetecido comer um bitoque mal passado à hora do almoço mas fiquei-me por aqui, entre as bolachinhas de água e sal, que já não são redondas nem quadradas, mas continuam a desempenhar o papel de entretém até que chegue o tempo da praia e dos gargarejos com que esquecemos que todos os Invernos são tempo de mau tempo.

Fartinho desta borrasca de País que merecia melhor tempo e melhor gente. Salva-se o SLB.
LNT
[0.077/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCI ]

Janelas Verdes
Janelas Verdes - Lisboa - Portugal
LNT
[0.076/2010]

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Da ética

Xadrez - Vieira da SilvaA primeira característica da ética é a lealdade. Não confundir com fidelidade porque essa é uma característica canina.

O dever de lealdade com quem se partilham, com base na confiança, conhecimentos e informação é a fronteira entre as pessoas de bem e os traidores. A violação desse dever define o carácter de quem o viola, como em tempos distinguia os "informadores" da PIDE dos próprios "trucidadores" sendo os informadores os mais nojentos de todos porque se infiltravam e eram pagos para fazer da confiança a arma da ignomínia.

Ninguém gosta de traidores. A sua natureza de aleivosos torna-os no escarro da ética.

Nota: sobre este mesmo assunto (e lá voltarei mais tarde) ler, entre outros:
Pedro Adão e Silva
Eduardo Pitta
Tomás Vasques e de novo Tomás Vasques
José Reis Santos
Porfírio Silva
Sofia Loureiro dos Santos
Francisco Clamote
Miguel Abrantes
André Couto
LNT
[0.073/2010]

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Insensatez

MacaquicesDepois de meia dúzia de jovens empolgados terem convocado uma manif de bota-a-abaixo que não chegou a encher um triângulo de passeio, vêm agora outros tantos pretender coisa de sinal contrário e recolhem assinaturas que mais não são do que registos anónimos e sem qualquer controlo, para provarem que "o povo unido, não está arrependido".

Portugal continua a ser a galhofa da Europa que já só não ri a bandeiras despregadas, como antes, porque se começa a assustar com tanta falta de bom senso. Uma democracia virtual, não baseada na cidadania mas nos bits e nos teclados de meia-dúzia de telelés que pretendem valer mais do que "um homem, um voto".

Uns e outros fingem esquecer que há preceitos e formas constitucionais válidas para medir a censura e a confiança e chamam cidadania a tretas da NET que são viciadas por definição. Entretanto as regras da Constituição ficam guardadas para melhores dias, bem como a democracia parlamentar que por elas se rege.

Nós sabemos que é Carnaval mas as pessoas, mais dia, menos dia, vão mesmo começar a levar tudo isto a mal.
LNT
[0.071/2010]

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mimos

BarbeiroMuito gosta este vosso barbeiro de ser mimado. E muitos mimos existem aqui das FatBot, Maloud, MdSol, CPrice, CC e muito mais, e até de homens.

A caixa de comentários é um cofre de mimos só comparável aos que as nossas colaboradoras Katie Melua e Eva Cassidy fazem quando, na coluna da direita, cantam o What a Wonderful World.

Deus as e os guarde. Já fui feliz aqui.

Tenham um bom fim-de-semana.
LNT
[0.069/2010]

Regras da casa e polvo de escabeche

PolvoPeço desculpa aos meus leitores, principalmente aos mais habituais comentadores, mas terei de activar a irritante funcionalidade das letras anti-spam nas caixas de comentários.

Como já devem ter reparado, a Barbearia tem estado a ser parasitada com publicidade, alguma agressiva e sem possibilidade de ser removida, o que não é especialmente grave, mas também não se deseja.

É política desta casa facilitar a vida a quem quiser comentar evitando a funcionalidade de "check" e a de aprovação prévia de comentários.

É uma opção consciente. A primeira para não dissuadir quem pretende deixar a sua opinião e a segunda para dar oportunidade aos covardes que, sob anonimato, vêm aqui fazer os seus insultos. Se lhes servir de terapia, já nos satisfaz, e quando os limites do razoável forem ultrapassados temos o recurso ao delete.

Isto, como se sabe, é uma barbearia. As conversas fluem na cadência dos escanhoados e do coiffeur. Os tratamentos de SPA, a estética e o relaxe são executados à medida. Tenta-se um serviço personalizado.

Existe um contador de visitas para monitorizar e acompanhar a fidelização e não para incrementar e inflacionar, através de truques, a cotação das acções da barbearia. Nesta loja prefere-se a verdade de trezentos leitores diários regulares à mentira de milhares de utilizadores Internet que venham ao engano.

Para acabar esta dissertação umbiguista onde se apresentam razões para a razão das coisas, deixo uma última nota: - Aqui não se vende nada e tudo é imaterial. Sabemos que há técnicas sofisticadas de marketing e sabemos que até há quem use pele de polvo para imprimir letras e conseguir campanhas de venda maciça. Quando se está no negócio da venda das letras e das palavras, o uso da pele de polvo é apropriado dadas as suas características de camuflagem. Não é o caso desta baiuca cujo negócio consiste unicamente no comércio de ideias, por muito idiotas que sejam.

Por falar em idiotices, e aproveitando. Repararam que ontem na Assembleia, enquanto nos serviam uma caldeirada de polvo aprovou-se, na generalidade, o instrumento com que nos metem a mão no bolso? Parecia um daqueles banquetes pelintras em que, não havendo dinheiro para o prato principal, se enche o bandulho dos convidados de acepipes.

Enquanto os jornalistas, o PCP e o BE discutiam se o polvo tinha seis ou oito patas, o CDS, o PSD e o PS...

País de otários, é o que é!
LNT
[0.068/2010]

Já fui feliz aqui [ DCXCVII ]

Passage Longines
Passage Longines - Genebra - Suiça
LNT
[0.067/2010]

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Liberdade de impressão

PapagaioO filho-da-mãe ferve em pouca água, dizia o meu parceiro de mesa entre duas dentadas na sandes de presunto, com os olhos postos na primeira página de um jornal que a ASAI proibiu como embalagem de castanhas.

O gajo é um sacripanta, um trafulha, basta ver-lhe as companhias e os tiques. Até já conseguiu acabar com a merda da livre expressão em Portugal.

E eu olhava de soslaio para o puto e pensava que se ele sonhasse rosnar aquilo há trinta e poucos anos atrás já estava engavetado e com uma chanfalhada nas trombas.

Frócas-se!
LNT
[0.066/2010]

O magano do canito

CanitoQuando o homem apareceu na televisão atrás do palanque, feito Dom Sebastião, a anunciar que se oferecia ao sacrifício de salvar a Pátria a partir das rendas de Bruxelas que entretanto ganhou, o magano do canito, a quem deve encanitar o nome de Rangel, tapou o focinho com as patas e deixou escapar um suspiro.

Eu, que lhes conheço as manhas, ao canito e ao Rangel, passei-lhe a mão pelo pêlo e tugi-lhe de mansinho que não se amofinasse. Aquilo era mais uma massada de cherne, coisa de mau cheiro mas de substanciais calorias, um caldo que mais tarde ou mais cedo se vai entornar.

Nada de novo. Brincadeiras e safanões de meninos guerreiros. Mais um chuto no berço.

O raio do animal, que é fino como um alho, enroscou-se aos meus pés, de costas viradas à pantalha e adormeceu.

Já não havia mais nada para ver nem ouvir.
LNT
[0.065/2010]