Este texto resulta de alguma pesquisa que realizei com a ajuda do
José Neves, fundador do Partido Socialista e
enciclopédia viva da História do PS, antes e depois do 25 de Abril.
Resolvi dar-lhe forma devido a alguns comentários feitos no Post nº
355/2011 e, não pretendendo ser exaustivo, serve de registo para futuro como homenagem ao
XVIII Congresso Nacional que se inicia hoje em Braga.
O símbolo do
Partido Socialista continua a ser o que foi registado por Tito de Morais, depois da liberdade, quando se procedeu à organização do Partido. O art.º 2 dos Estatutos em vigor, assim o determina. O documento de registo pode ser consultado na fotobiografia de
Manuel Tito de Morais que foi publicada em 2010, aquando das
Comemorações do Centenário do seu nascimento.
A evolução:
Quando se formou o Partido Socialista na clandestinidade,
Manuel Tito de Morais apresentou o primeiro símbolo do Partido Socialista que consistia num punho fechado atravessado, na base, por um punhal. Foi uma criação feita em Itália, onde Tito de Morais estava exilado e de onde dirigia, publicava e distribuía o
Portugal Socialista.
Regressado a Portugal com
Ramos da Costa e
Mário Soares depois da Revolução, Tito de Morais ficou encarregue da organização do Partido.
Manuel Serra coordenava o Grupo de Trabalho para a Propaganda quando se levantaram diversas vozes no sentido de retirar o punhal dado considerarem que esse grafismo tornava o símbolo demasiadamente radical. Os cartazes e restante propaganda que se produziram apresentavam o punho (com músculo e veias, como se dizia na altura) mas sem o punhal.
Foi esse símbolo que foi registado oficialmente por Tito de Morais e que passou a constar dos Estatutos do PS e a fazer parte da bandeira oficial.
Com a liderança de
António Guterres o PS passou a contratar serviços de imagem a profissionais.
Edite Estrela * fazia parte do Secretariado Nacional e detinha o pelouro da Comunicação e Imagem (razão porque se lhe atribui a responsabilidade pelo grafismo/logótipo com a rosa). Antes tinha-se estilizado o Punho, arredondando-lhe as formas, amputando-o do braço e retirando-lhe o músculo e as veias.
Depois, e no decurso de uma
Convenção Nacional realizada em Junho de 1992 onde se debateu a "Nova simbologia do PS" e onde foram apresentadas diversas propostas, entre as quais se contavam as de
Daniel Adrião,
Adriano Rangel,
Lima Pedro,
Graça Dias,
Leonel Moura,
Pedro Portugal e
Rui Perdigão, surgiu a rosa como logótipo (e não como símbolo porque esse continua a ser o que consta dos Estatutos) e, para além da designação "Partido Socialista", passou a constar também a abreviatura "PS".
Nas campanhas seguintes o logótipo reuniu os dois elementos (o Punho estilizado e a Rosa).
Há mais a falar sobre este tipo de assuntos, p.e., sobre o uso de músicas diversas e o quase abandono do hino oficial do Partido que, como se sabe, é a Internacional com letra de Manuel Alegre. Anteriormente era elemento obrigatório no encerramento dos actos oficiais do PS, a par com o Hino Nacional. A última vez que o ouvi foi no encerramento das comemorações do Centenário de Tito de Morais, na sessão que se realizou no Largo do Rato e que, para espanto de muitos, foi entoado pela maior parte dos presentes que o sabiam de cor.
* Ficou por esclarecer se o Punho foi estilizado ainda com Jorge Sampaio e se Edite Estrela já era nessa altura responsável pelo pelouro da Imagem. Assim que se proporcionar, hei-de falar com Edite Estrela.
LNT
[0.360/2011]