sábado, 27 de abril de 2013

Jornalistas assessores

Helena MatosJá o disse anteriormente. Não me causa qualquer confusão que existam jornalistas recrutados para o poder e para os gabinetes desse poder. Qualquer profissão tem o dever de serviço público e os jornalistas não são excepção.

Preocupa-me muito mais ver jornalistas que, sem deixarem de ter esse estatuto e sem serem oficialmente recrutados para o poder, exerçam esse papel.

Se têm dúvidas percam 10 minutos a ouvir as peças que Helena Matos está a desenvolver em permanência a partir do XIX Congresso do Partido Socialista à frente das câmaras da TVI24.

Não merece mais que os tais 10 minutos de atenção mas vale a pena ouvi-la na intriga e politiquice permanente para perceberem a estratégia.
LNT
[0.081/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLVII ]

Congresso PS
XIX Congresso Nacional - PS - Portugal
LNT
[0.080/2013]

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Impossível deixá-lo acabar o mandato com dignidade *

Bolo-ReiDeveríamos tudo fazer para deixar que o presidente da República terminasse o seu mandato com dignidade.

No entanto esse dever é-nos impossível porque, para tal, teríamos de ter um Presidente da República (Artigo 120.º da CRP – Definição - O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e...) e não um presidente da República que representa uma facção da República Portuguesa e não reconhece que a soberania, una e indivisível, reside no povo. (Artigo 3.º da CRP - Soberania e legalidade - 1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição. 2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática...)

Quando o primeiro-Ministro foi a Belém de calças na mão e com ele levou o seu tutor fazendo lembrar Egas Moniz, veio de lá com os calções apertados pela confiança do padrinho que, em troca da bênção, exigiu as cabeças que o atormentavam e o encaixe e promoção dos seus homens, na lógica de que uma mão lava a outra.

O presidente da República foi agora à AR, dois anos depois de ter contribuído para que Portugal fosse tutelado pelos mercados que na altura fez questão de defender acerrimamente, escudar-se na teoria do terror para justificar o caminho que impôs ao País e que tem dado os resultados que todos conhecemos. Fez mais, apontou esse caminho como a única solução possível e decretou que ele terá de ser seguido por quem quer que seja para poder justificar a sua obstinação no "normal funcionamento" com a qual fundamenta a desnecessidade de devolver a soberania ao povo.

Cavaco conseguiu com o seu ruído anular os consensos bem como todos os discursos proferidos na 39ª comemoração da restauração da democracia portuguesa. Nem o excelente discurso de Alberto Costa, nem os razoáveis discursos do CDS e do BE, nem o da Presidente da Assembleia da República que, entre outras passagens de grande significado político, não perdeu a oportunidade de lembrar ao seu principal convidado quem foi e o que escreveu Saramago, tiveram eco nos media.

Aguarda-se que este fim-de-semana o Plenário dos Socialistas volte a trazer à ribalta os conceitos que Cavaco abafou e faça esquecer os do presidente da República pois só assim será ainda possível deixá-lo terminar o mandato sem indignidade.

*conceito datado de 1995 a partir de reflexões conseguidas entre os calhaus de Pulo do Lobo
LNT
[0.079/2013]

Tudo é e não é

Tudo é e não éConvida-me o Manuel Alegre para a apresentação do seu novo romance "Tudo é e não é" que se realizará na próxima segunda-feira, dia 29 de Abril, às 19:15, no Palácio Galveias, em Lisboa.

Deverei ir. Normalmente tenho ido onde Manuel Alegre me convida. Coisa antiga de camaradagem. Coisa de quem se habituou a ler Alegre e, por o conhecer, ter a certeza de que com ele se está bem acompanhado.
"O que ele não prevê é que o seu empenho em narrar o inenarrável o aprisionará num caleidoscópio de sonhos e obsessões onde realidade e sonho, sonho e ficção já não se distinguem e o próprio espaço e tempo são subvertidos, desde a discussão com Lenine e Trotsky em plena revolução russa até às manifestações em Lisboa e à Mão Invisível que invade a vida e o sonho."
Que diferente tudo seria se os portugueses tivessem preferido a literatura à economia e à abstenção.
LNT
[0.078/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLVI ]

Endeavour
NASA - Florida - EU
LNT
[0.077/2013]

quinta-feira, 25 de abril de 2013

sözlü SLB

Águia
LNT
[0.076/2013]

O Abril a que chegámos [ II ]

Cravo BrancoA SICn faz-se agora pagar para que os seus conteúdos estejam acessíveis na Internet.

A entrevista que Gomes Ferreira fez a Henrique Gomes é de antologia para que se entenda o (des)Abril em que vivemos.

Sempre me pareceu que Álvaro tinha de ter algo de especial para ser transformado no bombo deste Governo. A sua manutenção em funções, depois de ser pública esta entrevista, diz-nos que essa especialidade é o ballet e o pas de deux.

Se puderem e estiverem dispostos a ler nas entrelinhas dos sorrisos e silêncios, não deixem de ver esta entrevista esclarecedora do estado a que chegou Abril.
Há sectores protegidos em Portugal onde a crise parece não ter chegado.
Algumas empresas beneficiam de leis especiais que as protegem e lhes garantem lucros.
Um dos sectores que vive com rendas garantidas é o da energia. O diagnóstico foi feito pela Troika na análise à economia portuguesa há quase dois anos.
Mas a revisão de alguns contractos e anunciada liberalização não levou a uma descida dos preços, bem pelo contrário
.
LNT
[0.075/2013]

O Abril a que chegámos [ I ]

Cravo Branco 1. Como o Primeiro-ministro não tem voz na Assembleia da República, em cada 25 de Abril, o Presidente da República transformou-se no seu porta-voz.

2. Com os espaços públicos ocupados pelo poder e os seus jardins fechados aos cidadãos assistiu-se a uma democracia blindada e refugiada no bunker de São Bento onde todos os poderes foram invadidos pelo sentido de facção.
O Presidente conseguiu confirmar o seu discurso da noite da vitória eleitoral onde tinha afirmado ser só o presidente de alguns portugueses.

(Post a crescer ao longo do dia)
LNT
[0.074/2013]

quarta-feira, 24 de abril de 2013

E depois do adeus?

CoelhoEssa sim,
é a verdadeira questão.
LNT
[0.073/2013]

Granel

BlocoO Paulo Gorjão levanta várias questões (remetendo-as para futuro tratamento) sobre a passagem de diversos jornalistas para as áreas de poder.

Confesso que me parece um não-assunto. Qualquer cidadão, independentemente da sua profissão, não pode ser impedido de ser chamado a funções públicas. O princípio de que todos são inocentes até prova em contrário também se tem de aplicar aqui e o facto de se ser jornalista não pode, em si, ser um anátema por ter escolhido tal profissão.

Já o contrário, o não cumprimento de um "período de nojo" quando se abandona o poder a caminho de interesses tutelados pelo poder que se abandona, é outra conversa.

De resto, essa ideia de que ir para um gabinete ministerial ou para uma pasta governativa é um prémio atribuído por serviços prestados é, por si só, uma ideia decorrente de juízos muito em voga, muitas vezes criados pela práxis, reconheço, mas muitas outras só resultantes da má opinião generalizada sobre o exercício do poder.

Abstenho-me de personalizar (até por haver as mais diversas situações) mas conheço muitos em que o exercício desses cargos poucas ou nenhumas vantagens trouxe ( e outros a quem trouxe diversas desvantagens).

Como em todas as actividades desempenhadas por seres humanos, há sempre quem tenha ética e honestidade e quem as não tenha. Concordo com o Paulo Gorjão quando ele dá a entender que há que evitar generalizações.
LNT
[0.072/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLV ]

Davidoff
Cigarrilhas - Por aí
LNT
[0.071/2013]

terça-feira, 23 de abril de 2013

À sombra dos encostos

EscorpiãoUma das teorias mais antigas dos gestores portugueses (principalmente dos público-políticos) é a de meter as víboras num cesto por baixo da cadeira onde se sentam. Defendem esses teóricos que, com as víboras à vista e à mão, controlam melhor os seus movimentos. Defendem também que se as passarem a alimentar elas ficam mais calmas e sem vontade de rasteirar.

Conheci um desses gestores, mais radical, que dizia que tinha metido um escorpião no bolso.

Para os que defendem tais teses olho sempre com desconfiança. Pelo método e pela eficácia.
Para as víboras e escorpiões que tenho visto deixarem-se assim aprisionar olho com o desdém que se tem por quem vende o veneno que a natureza lhe deu.

(Aproveito para informar que o gestor que falava do escorpião foi encontrado a estrebuchar quando, num dia de mais frio, meteu a mão no bolso para se aquecer)
LNT
[0.070/2013]

Ressacas

Vieira da SilvaJá decidi que este ano não vou escrever sobre o 25 de Abril.

Nem sequer escreverei "Viva o 25 de Abril!", embora ele sobreviva. Afinal já tudo foi escrito sobre o tema (menos aquilo que falta saber) e é graças ao dito cujo que temos o Passos Coelho formado, o Vítor Gaspar doutorado, o Relvas licenciado e dezenas de outros canudados a serem empossados todos os dias para as bandas da exposição da Joana dos tampões vaginais e dos vestidos berrantes.

Aliás, cada vez me apetece menos continuar a escrever sobre o que quer que seja num tempo em que somos esmagados pelos currículos de peso que tomam posse dos nossos destinos desde que se descobriu (outra consequência do 25 de Abril) que os Governos devem ser uma espécie de Reitoria de Universidade.

Em Portugal sempre se preferiu quem ensina a quem faz e os filhos de Abril (principalmente os enteados que dele tudo beneficiaram e muitos que renegam a paternidade) tomaram conta da coisa com o resultado que está à vista.

Este ano, em vez de escrever sobre o 25 de Abril vou só rever apontamentos sobre o 24 para não me esquecer que nessa altura ninguém podia escrever em liberdade, que o serviço militar e a guerra faziam parte do início de vida dos jovens que o deixavam de ser aos 21 anos, que a escola obrigatória andava um pouco acima da 4ª classe, que se morria frequentemente na infância, que a autoestrada de Lisboa ao Porto se eclipsava em Vila Franca e que isso dos mestrados e doutorados era coisa pouco mais que reservada a meia dúzia de privilegiados.
LNT
[0.069/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLIV ]

Vidigueira
Museu da Vidigueira - Alentejo - Portugal
LNT
[0.068/2013]

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Divórcios pelo Seguro

NavalhaPelo que leio no SOL, um grupo de "45 jovens turcos" (a expressão é lá usada) decidiu avançar com uma carta aberta a Seguro para o convencer da bondade de medidas que o próprio Partido Socialista recusou no último Congresso Nacional.

Nada contra "cartas abertas" nem contra os 45 jovens (isto de se ser jovem é cada vez mais a aplicação das teorias da esperança de vida aos conceitos de juventude – um destes dias os nossos netos já andam na faculdade e os seus pais ainda são jovens) até porque nutro por muitos deles amizade e simpatia. Tudo contra a tentativa de conseguir pela pressão mediática aquilo que se não consegue pela expressão eleitoral.

O Partido Socialista elegeu há meia-dúzia de dias os delegados ao Congresso Nacional para defesa das Moções Políticas que serão discutidas nesse Congresso. O teor desta "carta aberta" não foi apresentado a sufrágio dos militantes porque os seus subscritores não o quiseram fazer o que me parece que teria sido muito mais coerente com a ideia de “mostrarem preocupação crescente com o «acentuar do divórcio» entre os partidos e a sociedade” (como se os Partidos democráticos não fossem parte da própria sociedade e esse divórcio não se devesse começar a combater dentro dos Partidos para evitar o divórcio entre as suas elites e os seus militantes)
LNT
[0.067/2013]