sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Reformas

Cadeira avariadaPara o governo PortasCoelho, reformar significa espoliar, subtrair, cortar. Para esta gente, reformar é empobrecer, é destruir, é acabar.

Para eles só existem esses significados, seja em relação àquilo que as pessoas têm direito após uma vida de trabalho, seja em relação à remodelação necessária dos diversos sectores.

A palavra reforma, que deveria querer dizer melhoria e correcção de deficiências, ou querer dizer abrigo de quem deixou de estar no activo depois de ter contribuído para a Nação, perde o sentido com a leviandade com que encaram os direitos dos cidadãos, tanto os que respeitam à qualidade dos serviços públicos para os quais esses cidadãos contribuem, como aos outros decorrentes da compensação dos esforços por eles feitos para criar o pote onde os ditos governantes agora chafurdam.

Isto, os cortes, as subtrações, as espoliações, a destruição e o empobrecimento, não significam reformas porque senão significariam qualidade, funcionalidade, eficácia, eficiência, coisas que todos os dias estão a ser banidas.

O que estes senhores estão a fazer por ideologia, escudados na ideia de o fazer por imposição dos credores, é somente um ajuste de contas com todos nós e um afinar de agulhas para meter na ordem todos os que se haviam convencido que a Lei da Selva estava abolida.
LNT
[0.262/2013]

Ardentes

FogoJá há uns anos que os noticiários não eram tão parcos de informação sobre os fogos que devastam milhares de euros de riqueza nacional. Se este ano estão calados, ou pelo menos não estão tão barulhentos como nos anos anteriores, não é por o País estar a arder menos mas porque se entende que os fogos actuais são menos escaldantes do que os anteriores. Nada demais, já nos habituámos ao espírito dos coisos da coisa e a coisa pública é uma coisa do camandro.

Os poucos comentadeiros oficiais de reino que não estão a banhos vão aparecendo na televisão para substituírem os briefing lombo-maduros explicando que aquela luzinha que se vê lá bem no fundo do túnel é um flash que deriva de um filamento incandescente e não de um pinhal em brasa.

Enquanto isto, Portas conseguiu ao fim de dois anos e picos, presidir a um Conselho de Ministros. Não tratou do OE, nem de outras coisas ardentes, como por exemplo da reforma do Estado a que está obrigado, ou da salvaguarda dos reformados a que o seu Partido se auto-obrigou, mas lançou uma lança em África, ou melhor, enviou uma lança do seu coração patriótico às feras que, neste País fronteira África/Europa, tinham incluído meia dúzia de hospitais misericordiosos no Sistema Nacional de Saúde (e que ainda está por saber se as Misericórdias os querem de volta).

Aguardemos o Pontal com esperança de que as melgas não sejam mansas no canibalismo.
LNT
[0.261/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXVI ]

Fortaleza Guincho
Fortaleza do Guincho - Cascais/Sintra - Portugal
LNT
[0.260/2013]

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O Pontal de amanhã

Galo de Barcelos
Já se prevê Passos Coelho de guedelha ao vento a anunciar sucessos, ainda que fingindo não os anunciar por prudência.

Já se prevê Passos Coelho com tez de bronze a esquecer de anunciar, sem fingir de que se esqueceu de ter prudência, de um milhão sem emprego, de mais uns milhares a caminho dele, de mais outros tantos abaixo da linha de água, de uma juventude sem esperança, de velhos sem assistência nem medicamentos.

Já se prevê que haverá cartas olvidadas, revogáveis ou não, sejam de mestres confessos de políticas falhadas, sejam de mestres confessos em jogos florais e de artimanhas do poder.

Já se prevê que a missa do Pontal terá um Coelho a fazer de galo, como o de Barcelos, com a diferença que este não se irá levantar da travessa quando lhe ordenarem que volte a cantar.
LNT
[0.259/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXV ]

Colares
Colares - Sintra - Portugal
LNT
[0.258/2013]

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Ministros da propaganda

Maduro Iraque

Dizia ele a bom dizer, que não, que tudo estava de feição, que se tinha melhorado 1,1 de -2 e que a guerra estava ganha.

Momentos depois, os gringos de Bush e Blair entraram-lhe pela porta adentro.
(o resto da história é memória de quem acompanhou, em directo, a caça que os aliados fizeram a Saddam Hussein)

(imagem de autoria desconhecida)
LNT
[0.257/2013]

Salta-pocinhas

BoteroEsta mania de haver, em democracia, um momento em que são os eleitores que mandam, vai ter de acabar.

Assim decreta que faz decretos, seja no legislativo, seja no executivo.

Agora, depois das explicações que os legisladores têm dado para justificar que os autarcas salta-pocinhas possam continuar a saltar de poça em poça, uma vez que (dizem eles – e façam o favor de ler o Pedro Correia para saberem a opinião de um dos legisladores que ele transcreve) o que se pretende não é impedir a profissionalização do cargo de autarca mas sim limitar os mandatos na mesma autarquia, aproxima-se a altura da parte chata da democracia em que os eleitores dirão aquilo que eles próprios entendem sobre o assunto.

Isso será ainda mais claro no caso das candidaturas salta-pocinhas que se arrastam pelos doutos tribunais e que conseguirão vingar nos boletins de voto.

Veremos como os eleitores farão saber aos nossos legisladores aquilo que pensam sobre a dita profissionalização.

Pela parte que me toca espero que a resposta em Lisboa (que é a que mais me diz respeito) seja de tal forma clara que o salta-pocinhas de Sintra entenda que nem na vereação da CML deveria ficar. (embora se preveja que o lugar de vereador que lhe está destinado seja só um entretanto até ao salto para a poça europeia)
LNT
[0.256/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXIV ]

Cidadela
Cidadela - Cascais - Portugal
LNT
[0.255/2013]

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Farrobodó

Palácio das LaranjeirasConsta que a expressão farrobodó vem das pantominices e farras que o Conde de Farrobo fazia no teatro que mandou construir no átrio do seu palácio nas Laranjeiras, em Lisboa.

Local muito apropriado para quem é perito em pantominices e gosta do estilo palaciano, Paulo Portas não se acanhou e marchou de malas e bagagens (e possivelmente com um camião de fotocópias) para as instalações recuperadas no tempo de Guterres quando criou o Ministério da Reforma do Estado.

Agora que o teatro renasceu das cinzas e com o camarim do maior artista português instalado no salão nobre do palácio, só falta reactivar a aldeia dos macacos no jardim zoológico para que tudo fique conforme.

Se bem me lembro os espectáculos dos papagaios e araras fazem-se mesmo ali ao lado.

Tudo normal, portanto. Oxalá nenhuma víbora fuja do reptilário para o palácio pois correrá o irrevogável perigo de morrer envenenada.
LNT
[0.254/2013]

Rosalino se tu fores à praia

No espetoÉ mais ou menos assim o início de uma canção, julgo que do Fausto, que o aconselha a ter cuidado, não lhe descaia o pé de catraia em óleo sujo à beira-mar.

Mas Rosalino tem o pé de catraia sempre sujo de óleo e tem pressa, não vá o diabo tecê-las e os seus planos serem de novo suspensos, como já lhe aconteceu no tempo das decisões irrevogáveis de Portas, e o pezinho não lhe pára de saltar para a asneira.

Foi por isso que transformou a iniciativa dos trabalhadores da administração pública de se amigarem para rescindir, num convite irrecusável à moda dos padrinhos da mafia.

Cuidado, Rosalino, não te descaia o teu pé de catraia em óleo sujo à beira-mar.
LNT
[0.253/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXIII ]

Star Wars
Star Wars - USA
LNT
[0.252/2013]

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Silly season

Mira técnicaPara quem esteve três semanas sem quase ver noticiários o regresso às notícias faz lembrar aquelas novelas que ocupam metade do tempo a passar as cenas dos últimos capítulos e a outra metade a anunciar as cenas dos capítulos seguintes.

A coisa agrava-se com a única notícia relevante que dá informação de estar interdita a apanha de bivalves contaminados com uma bactéria parasita, facto recorrente sempre que os nossos governantes se deslocam para as zonas de mar.
LNT
[0.251/2013]

E de repente

LisboaE de repente regresso ao bulício da capital cheia de mortos-vivos e de restos de gente que nos diz governar. É como se nunca daqui tivesse saído, não fosse a cor que o Sol deixou na pele preste a desbotar.

A baixa está um inferno de calor e faz lembrar a Palestina onde nem falta a vergonha de um muro que impede quem venha do Chiado de atravessar a Rua Aurea.

Mau, muito mau, embora as notícias (do tempo em que elas faltam) dissessem que o arco do triunfo lisboeta passou a miradouro de dois euros e meio com vista garantida para a rua fronteira esventrada e para o cavalo do Dom José a marchar sobre as serpentes desbotadas.

Se querem sombra vão ter de a pagar neste imenso caldeirão incandescente a que chamam terreiro do paço. Se querem sossego vão ter voltar aos areais algarvios cheios de alfacinhas e de fedelhos aos berros.

E assim, de repente, aqui estou de novo estafado e poluído como se daqui nunca tivesse saído.
LNT
[0.250/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLXII ]

Praia do Cabeço
Praia do Cabeço - Algarve - Portugal
LNT
[0.249/2013]