domingo, 3 de julho de 2016

Com F de fada

Fada Maria Luís

A fada Maria Luís de vez em quando acorda do seu sonho da Arrow, esfrega-se na bola de cristal que sempre a guiou e pergunta-lhe:

Bola minha, minha bola,
diz-me: se eu ainda fosse Ministra
o que estaria a acontecer com esta artola?

Ao que o cristal lhe responde invariavelmente:

Maria Luís, minha boa fada, nada de novo aconteceria.
SE” ainda fosses a fada dos portugueses eles nunca teriam sanções dos credores porque seriam permanentemente sancionados por ti.

Aí ela descansa e volta para a Arrow que isto do merdoso ordenado de deputada não é compatível com tal fada.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.040/2016]

sábado, 2 de julho de 2016

Reparação histórica

Salgueiro Maia Ordem Infante D Henrique
"Pode demorar tempo. Pode haver quem, por distracção, pode considerar que é mais importante o que não é, não preste a homenagem devida no tempo devido. Mas há sempre a hipótese de reparar. Essa reparação histórica, esse reconhecimento histórico está feito"
Marcelo Rebelo de Sousa
Presidente da República
2016.06.30
Tardou e foi necessário que Marcelo Rebelo de Sousa fosse eleito Presidente da República para que Salgueiro Maia fosse condecorado (a título póstumo) com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

Foram necessárias quatro décadas para finalmente se atribuir, ao então Capitão que primeiro fez sair para a rua as forças que restauraram a democracia, a distinção que ele sempre mereceu por ter “prestado serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores”.

O Tenente Coronel Fernando José Salgueiro Maia já tinha sido anteriormente condecorado por dois Presidentes da República:

- em 1983.09.24 por Ramalho Eanes, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (que se destina a distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade); e

- em 1992.06.28 por Mário Soares, como Grande Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (que se destina a galardoar méritos excepcionalmente distintos no exercício das funções dos cargos supremos dos órgãos de soberania ou no comando de tropas em campanha. Da mesma forma, premeia feitos excepcionais de heroísmo militar ou cívico e actos ou serviços excepcionais de abnegação e sacrifício pela Pátria e pela Humanidade).
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.039/2016]

terça-feira, 28 de junho de 2016

Do bom senso na habitação própria e permanente

Carlos MartinsA polémica do dia é, num dia em que mais nenhum País abandonou a coisa europeia, nem o Ronaldo jogou à bola, o caso do Secretário de Estado que se abicha (parece que já deixou de se abichar) com uns trocos por ter declarado que tem residência oficial na casa de férias algarvias.

Independentemente de não ser só esse pecúlio com que se possa estar, alegadamente, a abichar, porque isto da habitação própria e permanente coincidente com o domicílio fiscal implica também outros abichamentos (por exemplo no IMI - artº 112 nº 13), parece estar-se perante um caso típico de quem entende que o que ganha nas funções públicas que desempenha não chega sequer para pagar os charutos ou, no caso do outro pacóvio, de ter optado por uma reforma de que se queixava mal chegar para as muitas despesas que tinha.

E que tal alguns membros do Poder não contribuírem com estas acçõesinhas manhosas para a especulação e descredibilização do todo em que aceitaram participar?
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.038/2016]

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Obviamente, oiçam e percebam

In/OutE os "mercados" (desculpem), as sondagens, bem puxaram pelo In, enquanto a "democracia" (desculpem), os votos, decidiam pelo Out.

Os adoradores das democracias musculadas estão em pânico. Esses e os outros adoradores de protagonismo (e dinheiro) que se têm feito gente à custa de uma ideia que já não existe mas que os catapulta para a ribalta mundial.

Não percebem?

Perguntem aos Durões Barroso, aos Junkers, aos Draghis, aos Constâncios, aos tontos Dijsselbloems, etc.

Perguntem aos donos da Europa em que os europeus nunca votaram. Perguntem às Merkels, aos Schäubles, aos Hollandes, etc.

Perguntem-lhes, mas não se esqueçam também de perguntar aos povos europeus que andam aqui a reboque de toda essa cambada e deixem de chorar lágrimas de crocodilo.

A Europa poderá deixar de ser União Europeia mas nunca deixará de ser Europa, enquanto que os povos que compõem a União Europeia poderão perder, se a UE não voltar ao espírito que a criou, a sua identidade cultural e democrática açaimados pela burocracia de Bruxelas que não respeita nem o querer, nem o sentir, nem o doer que lhes tem sido infligido.

Há que mudar. É tempo de mudar.

Como escreveu Pessoa:
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas
Que já têm a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares.

É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado, para sempre
À margem de nós mesmos.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.037/2016]

domingo, 12 de junho de 2016

A poção mágica

PÁF PUF

Vejo (leio) gente de direita, esquerda e assim-assim muito incomodada com os amores afectuosos do Presidente da Direita – que anda pela esquerda – e do Primeiro da Esquerda – que anda pela direita.

Vejo-os (leio-os) de carantonhas sérias apelando ao vómito que foi aquilo em que Cavaco transformou o cargo – chamam-lhe agora institucionalização – e apelando ao respeito (a dar-se ao…) como se Cavaco merecesse ou tivesse tido respeito do povo português.

Por aqui, pela praia em tempos de cuidado com os raios matreiros do Sol, vejo (e oiço) nos intervalos a paródia dos dois por terras gauleses e sinto-me quase tão divertido como quando lia a última edição de um Astérix acabado de publicar.

Tomaram a poção mágica e o povo gosta de os ver radiantes, julgando-se invencíveis.

Ainda bem, serve de alívio e, se para nada mais servir, serve também para garantir que mais vale umas larachas de gajos porreiros enquanto nos metem a mão no bolso do que lá sentirmos a mão de uns trombudos que nunca entenderão que o poder político é efémero.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.036/2016]

domingo, 5 de junho de 2016

No tempo em que as vacas voavam

Vaca tornadoAcabou o XXI Congresso Nacional do primeiro Partido que forjou formar um governo, em regime democrático, após ter perdido as eleições. E isto acentuado por não ter sido conseguido com uma derrota de Pirro.

Acabou com um discurso improvisado, estudado e decorado com tempo, por um mestre cuja mestria já vem dos tempos em que subia ao palanque como líder da juventude e conseguia agitar o Partido dos adultos, embora tenha de memória que nessa altura mastigava menos as palavras e falava numa língua portuguesa que melhor distinguia o género dos pronomes e os articulava correctamente com os substantivos.

António Costa fez, nesse improviso detalhadamente estruturado com preparo, aquilo que melhor sabe fazer:
- Política, pura e dura;
- articulação de respostas sem parecer que respondia; e
- argumentação linear não susceptível de segundas interpretações.

Claro que a comunicação social, desempenhando eficazmente o seu papel de defesa das minorias menores, fez de uma manifestação espontânea organizada ruidosamente com todo o cuidado mediático por umas dezenas de pessoas, o centro principal do que se passou na FIL de Lisboa durante três dias, mas isso é a arte em voga e serve para desvalorizar o facto das vacas terem ganho as asas que as fazem voar na sequência do balanço que transformou uma geringonça numa estrutura aerodinâmica.

E note-se que esta neo-fábula não é um acto de rendição ao pensamento admitido sem apupos, mas só a constatação de que está a haver um tempo em que a esperança sorri de novo a quem a viu vedada por determinismos que tudo subjugavam a lógicas de miserabilismo e abnegação.

Resta aguardar que as vacas voadoras usem fraldas para não atingirem quem continua a ter os pés assentes no chão.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.035/2016]

terça-feira, 31 de maio de 2016

E em cera se fará

Marcelo mede cabeça

Desengane-se quem possa pensar que a foto acima retrata o momento em que o nosso Presidente tirou as medidas para um chapéu que lhe permita entrar no novo filme português “A Canção de Lisboa”.

Desengane-se porque o que Marcelo prepara é a sua eternização, desta vez em cera no museu de Madrid, caso o calor que está a despontar não o venha a derreter reciclavelmente como os círios que se queimam em Fátima.

A foto é do Observador que ainda não tinha conseguido obter hoje uma qualquer outra forma de dar imagem ao mais mediático Presidente da República de sempre.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.034/2016]

terça-feira, 24 de maio de 2016

Cães na fila

Marcelo e Asa


Aqui há uns meses ofereceram um cachorro ao Presidente Marcelo e ficámos a saber que o bicho seria alimentado, tratado e ensinado pela GNR (ou coisa assim) dado que no Palácio de Belém não havia condições para instalar o animal.

Por sua vez, o dono híper ocupado, haveria de manter algum contacto com o cachorro. Feita a foto da praxe e os minutos habituais de televisão, nunca mais alguém ouviu falar o novo amigo do Presidente e ficámos a espera de saber se já lhe foram ministradas as vacinas, não venha o pastor alemão a ser mordido por algum rafeiro alentejano.

Moído pela catadupa de relevâncias em que Marcelo se tem envolvido ligeiramente irritado com o optimismo do nosso Primeiro Costa, o PR faz lembrar aquela malta que manda os velhotes para o lar e nunca mais lá põe os pés ou, neste caso concreto, aquela outra que prefere pagar uma creche particular onde deposita as crianças de Sol a Sol enquanto anda nas festas de caridade em busca de promoção pelas revistas do social. E aproveitando, se essas escolas privadas forem pagas com o nosso dinheiro ainda melhor, uma vez que é assim que o animal está a ser sustentado.

Agora que Marcelo vai avisando que lá para as autárquicas irá começar a pensar na sua campanha do segundo mandato, abrindo desde já espaço para que a direita ainda o mantenha em agenda, o Asa poderia ter de novo aparecimento na nossa comunicação social para que os votos do PAN não lhe fujam.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.033/2016]

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Na casca da ostra

A Ilha do FarolLido num repente porque trata de exteriores, tirando os sonhos "Don't let me down" - pause and reverse - e o Peniche kitsche, e porque trata do relato dos caprichos de uma cadela anónima amiga do Levezinho, cheguei ao post script que interessa.

“As pessoas deviam ser deixadas em paz” - e em sossego - acrescento, para que nunca se revele o íntimo afastado de terra por uma torrente maior.

Este objecto único com palavras e imagens a preto e branco que também se poderia chamar, além de Diário, A Ilha, a cadela e o que eu vejo, deixa-nos propositadamente na concha da ostra e na dificuldade de lhe encontrarmos o músculo sabiamente protegido em defesa da paz em que a Ana Cristina quer ser deixada.

Melhor e mais fácil. Deixa-nos a sonhar a nossa ilha com o farol, sem influências.

Gostei muito e só não o recomendo porque quem já o tem, tem sorte de o ter e quem o não tem, tivesse-o.

Nota final: Agradecido à Beatriz pelo mar azul com que forrou todo o resto, cosido a linha de rede. Fica na mesa entre a lareira e os sofás, à mão de quem neles se sentar.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.032/2016]

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma outra memória

Uma outra memória
Um livro que é uma longa declaração de amor. À escrita, aos amigos, a Portugal e à língua portuguesa.
(Este livro segue a grafia anterior ao novo acordo ortográfico)
De há muitos anos para cá, deixei para comprar um livro de Manuel Alegre na segunda edição.

Ainda bem que o fiz porque este já trás na capa o selo que o refere como “Prémio Vida Literária”, uma consagração de carreira que a SPA lhe entendeu atribuir e que o Presidente da República, neste último aniversário da Liberdade de Abril, fez questão de ser portador numa sessão plena de afectos - a que assisti a convite do laureado - como hoje soi dizer-se.

Sei ser suspeito e por isso não me atreverei a uma crítica, até por insignificante, mas não quero deixar de fazer o registo da boa leitura deste alinhavo de memória e de sentimento, na língua em que aprendi a pensar anteriormente à obrigatoriedade de se cogitar sem consoantes mudas, e de vos sugerir que leiam o mais traduzido de todos os escritores portugueses vivos o que, parecendo uma contradição ao autor que mais defende a língua de Camões como o elo fundamental da nossa grandeza, o faz uma referência de Portugal no Mundo.
Creio que o primeiro médico foi um poeta. E que a primeira receita deve ter sido um poema. Os povos primitivos não sabiam interpretar os fenómenos da natureza e tinham uma concepção mágica da vida.
É lê-lo, para saber o que mais teve para nos dizer.

Sempre agradecido a Alegre por me deixar compartilhar, com ele na sua amizade, o meu Portugal desde a inspiração do Canto e as Armas.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.031/2016]

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Guerra ao condicionamento e à coacção

CyberbullyingCada vez mais reservado em participar no lançamento de livros, porque prefiro seleccioná-los em livraria sem holofotes nem social, estive ontem presente na apresentação do Cyber Bullying, um guia para pais e educadores, publicado pela Plátano Editora que tem por autores Sónia Seixas, Luís Fernandes e Tito de Morais. O livro conta ainda com o prefácio de Daniel Sampaio.

Não se trata de um romance sobre adolescentes e jovens vítimas de “bullying” nas redes sociais mas sim de um estudo que despista este fenómeno actual de quem utiliza as plataformas das tecnologias de informação, tanto na Net, como noutros contextos ligados às redes móveis.

Dá pistas sobre a sintomatologia das vítimas (e dos autores) e abre caminho às boas práticas de acção para o combate e prevenção do “cyberbullying”.

Sem diabolizar a Net, as redes sociais e as redes móveis, antes pelo contrário, reconhecendo a importância destes meios para a socialização, cultura, educação e informação de todos, e em especial dos jovens, sobreavisa para a necessidade de acompanhamento no seu uso e, mais do que responder a todas as dúvidas, assume o papel de guia deixando para todos questões importantes à espera de respostas.

Aconselho a leitura da obra para melhor compreensão do fenómeno que tem atingido utilizadores de todas as idades mas que se revela especialmente grave nos mais jovens principalmente pelas suas características virais e de instantaneidade que o potenciam.

Aconselho a manutenção deste trabalho de partida para traçar diagnósticos e medidas preventivas numa prateleira acessível de modo a que os vossos filhos, netos e/ou educandos lhe tenham igualmente acesso.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.030/2016]

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Escândalos pafiosos

Esquadra 504À falta de motivo de conversa, porque as coisas importantes fazem pouca conversa e são de difícil conversação, vão-se arranjando fait-divers – muitos deles mesquinhos apelando ao sentimento nacional da inveja e do mal dizer – para arengar sobre as peças da dita geringonça que muitos não conseguem digerir como coisa legal e democraticamente aceite em qualquer parte do mundo dito civilizado.

Em voga está, por exemplo e apesar de já ter tido tempo para passar de moda, a viagem do Primeiro-ministro a Atenas a bordo de um dos Marcel-Dassault Falcon 50 da Força Aérea Portuguesa.

Ora, a missão da Esquadra 504 é:
“Executar operações de transporte aéreo especial. Esta tipologia de missão leva a que a esquadra esteja geralmente associada às missões de transporte aéreo de altas individualidades nacionais e estrangeiras, embora sejam executadas, também, outras missões de transporte aéreo menos comuns. Como o próprio nome indica, operações de transporte especial, operações em que o factor distância e tempo são de grande importância, por vezes vital, como por exemplo voos de apoio logístico, evacuação sanitária e de transporte de órgãos para transplante. “

Se existe uma Esquadra da Força Aérea para estes serviços (e só nos últimos tempos já se realizaram várias missões de evacuação sanitária sem que tal criasse qualquer frenesim) qual será o motivo de tanta indignação?

Costa Falcon

Irrita-os ver uma foto de Costa a bordo de uma máquina que voa (só aceitável se for um pafioso a usar), é isso não é?
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.029/2016]

terça-feira, 19 de abril de 2016

43 vezes parabéns

Portugal Socialista nº1

Fax símile do Portugal Socialista nº 1 de Agosto de 1973 (nova série) onde se dava nota da transformação da ASP (Acção Socialista Portuguesa) no Partido Socialista.
(Aqui, para ver maior)

Curiosidades:
O emblema do Partido Socialista onde o punho era atravessado por uma faca;

A não menção (no texto) do dia em que se fundou o PS (1973.04.19) e a não menção do local onde se realizou o Congresso (Bad Münstereifel);

Evidentemente também não é publicada a acta por motivos de segurança, nem o nome dos participantes.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.028/2016]

sábado, 9 de abril de 2016

Para ler

Livros

Três escritos diferentes que importa citar, mesmo ainda sem os ter lido:

de Manuel Alegre, apresentado na semana que agora acaba, Uma outra memória (Dom Quixote);
de Tito De Morais, Sónia Seixas e Luís Fernandes, a apresentar no dia 21 de Abril, Cyber Bullying (Plátano);
de Ana Cristina Leonardo, à venda a partir de 25 de Abril, Diário do Farol – A ilha, a cadela e eu (Hierro Lopes).

Não vale a pena oferecer-mos porque eu próprio o farei.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.027/2016]

quinta-feira, 7 de abril de 2016

São bengaladas, pá!

João Soares
(...) Nessa manhã ele mandara aos Olivais dois criados para arejar as salas, espanejar, encher tudo de flores. Agora ia lá, como um devoto, ver se estava bem enfeitado o sacrário da sua deusa... E era através destes deliciosos cuidados, em plena ventura, que lhe aparecia outra vez, suja e empanando o brilho do seu amor, a tagarelice do Dâmaso!

Até aos Olivais, não cessou de ruminar coisas vagas e violentas que faria para aniquilar o Dâmaso. No seu amor não haveria paz, enquanto aquele vilão o andasse comentando sordidamente pelas esquinas das ruas. Era necessário enxovalha-lho de tal modo, com tal publicidade, que ele não ousasse mais mostrar em Lisboa a face bochechuda, a face vil...

Quando o coupé parou à porta da quinta, Carlos decidira dar bengaladas no Dâmaso, uma tarde, no Chiado, com aparato (...)

(...) Mas depois, ao regressar da quinta, vinha já mais calmo. (...)

(...) No meio destas voluptuosidades magníficas, que lhe podia importar o Dâmaso, gorducho e reles, palrando em calão nos bilhares do Grémio! Quando chegou à rua de S. Francisco resolvera, se visse o Dâmaso, continuar a acenar-lhe, de leve, com a ponta dos dedos.Mas quando o Dâmaso parou defronte, no outro passeio, todo de costas para ele, ostentando rir alto com o Gouvarinho, não se conteve, atravessou a rua.

Foi breve, e foi cruel: sacudiu a mão do Gouvarinho, saudou de leve o Cohen: e sem baixar a voz, disse ao Dâmaso friamente:
- Ouve lá. Se continuas a falar de mim e de pessoas das minhas relações, do modo como tens falado, e que não me convém, arranco-te as orelhas.

O conde acudiu, metendo-se entre eles:
- Maia, por quem é! Aqui no Chiado...
- Não é nada, Gouvarinho, disse Carlos detendo-o, muito sério e muito sereno. É apenas um aviso a este imbecil. (...)
Eça de Queiroz
Os Maias
...
Em 1999 prometi-lhe publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia. Ele tinha, então, bolçado sobre mim umas aleivosias e calunias. Agora volta a bolçar, no "Publico". É estória de "tempo velho" na cultura. Uma amiga escreveu: "vale o que vale, isto é: nada vale, pois o combustível que o faz escrever é o azedume, o álcool e a consequente degradação cerebral. Eis o verdadeiro vampiro, pois alimenta-se do trabalho (para ele sempre mau) dos outros."
Estou a ver que tenho de o procurar, a ele e já agora ao Vasco Pulido Valente, para as salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem. A mim também.
João Soares
Facebook
E ai, aqui d’el rei! que o Ministro da Cultura, por não ter bengala e por já não ser hábito descalçar a luva para a passar pela cara de quem vetupera, nestes magníficos tempos de liberdade de expressão escrita, arreia uns tabefes (ou exprime a vontade de os enfardar) através do seu pessoalíssimo mural do Facebook.

Cai o Carmo e a Trindade e as bofetadas que João Soares promete a Augusto Seabra e a Pulido Valente são tanto para serem chapadas nas ventas dos cronistas das colunas de opinião em moda, com foram as bengaladas e o arrancar das orelhas que Carlos da Maia prometeu a Dâmaso.

Grita-se no reino por simpatia aos ameaçados, gente mansa a quem nunca faltam ofensas para alinhavar nas colunas que os sustentam, e a cultura dos cultos agiganta-se na defesa dos comentadores que descarregam os ódios do costume entre anónimos, apócrifos e nas almas sensíveis das elites sempre prontas para o ferrete agora travestido de punhos de renda e colarinhos a condizer.

Demita-se pois o coiso: pim, pam, pum!
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.026/2016]