Nove verdades e nove mentiras
Aqui vai a minha resposta ao desafio do João Távora. Não vos posso garantir que a minha vida desse um filme, mas daria um episódio burlesco se a rádio voltasse a transmitir folhetins tipo Maria, pelo que decalco o Risco Contínuo do João e remendo-o com as minhas revelações. O leitor que nem sequer arrisque apontar aquelas que poderão ser verdadeiras ou falsas!
1 - Tenho duas filhas adoráveis e um genro que me dão muita luta. Cada uma deu (e dá) luta à sua forma e a luta com o genro resulta principalmente de ele ser um lagartão disfarçado de vitoriano;
2 - Saí da casa da minha mãe vezes demais a partir dos dezasseis anos para descobrir o Mundo e voltei sempre que acabou o dinheiro até ao dia em que me perdi completamente de amores;
3 - Estive para morrer queimado num T6G que se incendiou quando o pus em marcha na placa da Base Aérea de São Jacinto. Felizmente os extintores funcionaram;
4 - Estive muito perto de abraçar a vida boémia. Como não o consegui, tentei abraçar muitas outras;
5 - Sou uma pessoa pela gramática e paciente;
6 - Por uma temporada, entre mil e novecentos e troca o passo e dois mil e nove, na casa da comédia portuguesa, representei a personagem de bengala em muitas das comédias queirosianas que têm estado em cena;
7 - Em várias fases da minha vida gostaria de ter arranhado umas cançonetistas populares – não sei se o conseguirei fazer antes da reforma;
8 - Gozei a vida sempre que pude até mesmo depois de casado; e
9 - Aos enta e cinco anos ainda resisto a uma valente borga quando não estou para aí virado.
Como sempre interrompo a corrente e não lanço o desafio a quem quer que seja, só tendo participado nisto porque o João me espicaçou e porque me deu gozo meter-me com ele.
LNT
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