sexta-feira, 25 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.376/2008]
Nesta barbearia é Abril [ IV ]

Na linha da frente, sentados no chão à espera de ordens, ouvíamos com os ouvidos que podiam torrar em Napalm, ou vir a ser abatidos (tínhamos vinte anos), os acordes da marcha a life on the ocean wave e acreditávamos que Portugal ia voltar a ser a Nação dos heróis do mar.



LNT
Botão Barbearia[0.375/2008]
Nesta barbearia é Abril [ III ]

A utopia era o nosso último reduto.

O reduto onde se refugiavam muitos jovens a quem tinham roubado a juventude em troca de silêncios, em troca da guerra, em troca dos ideais da juventude, que só lhes permitia a esperança de em Portugal, País europeu excluído da Europa, ouvir clandestinamente Zeca a cantar Vila Morena.

LNT
Botão Barbearia[0.374/2008]
Já fui feliz aqui [ CXCVI ]
Vieira da Silva

25 de Abril – Vieira da Silva - Portugal
LNT

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.373/2008]
Nesta barbearia é Abril [ II ]
Juramento de Bandeira P1/74
Era recruta quando se deu o Vinte e Cinco de Abril. O meu Juramento de Bandeira foi o primeiro que se realizou após a Revolução.

Fica aqui o discurso então proferido, porque a Blogos também há-de servir para divulgar estas coisas.
LNT

Discurso proferido em 14/05/1974 na cerimónia do Juramento de Bandeira do Curso P1/74 de Pilotos Aviadores Milicianos – BA1

Camaradas recrutas,
coube-me a honra e a responsabilidade de ser indicado para escrever e ler algumas palavras a vós destinadas, nesta cerimónia do vosso Juramento de Bandeira, coincidente com o Dia da Unidade; e, aquilo que poderia, à priori, ser como tácita aceitação de uma disposição superior, não o foi, na realidade, pela simples razão de que este ano, houve um 25 de Abril.

Já é do conhecimento geral os acontecimentos memoráveis desse dia, - de cuja extensão não temos ainda a noção exacta – em que um punhado de capitães desceu à rua, deu as mãos ao Povo e resolveu pôr cobro ao governo fascista, colonialista de Salazar e Caetano que, com mais ou menos repressões, com mais ou menos sorrisos demagógicos, com mais ou menos reformas revisionistas ia aniquilando o País, ia tornando Portugal numa Nação indesejável à luz do mundo, fazendo dele um dos recantos mais miseráveis do globo terrestre, para gáudio e enriquecimento de uma minoria, postada na exploração do próprio povo.

Terminou o fascismo e, graças ao Movimento das Forças Armadas/Povo, de imediato se lançaram as primeiras pedras na reconstrução de uma nação verdadeiramente livre, com respeito e defesa das liberdades individuais, sustentáculo inequívoco de um jogo em que as regras se resumem a fórmulas democráticas de existência.

Eis porque se tornou possível eu escrever, e mais ler, aqui, numa Unidade Militar de Portugal, qualquer coisa como isto que vos escrevi e estou lendo e que, ainda há bem pouco, me faria quase hesitar em pensá-lo. Ainda me lembro, sem saudade como é evidente, do discurso que há três meses o Alf. Magalhães proferiu, aqui, neste mesmo local, e das dificuldades por ele tidas, em escrever algo que não ferisse as "susceptibilidades governamentais", nem colidisse com o seu esquema ideológico.

Por isso, e pelo o facto de esta ser (creio eu) a primeira cerimónia de Juramento de
Bandeira deste país de Abril, deste Portugal resgatado, desta Nação ressuscitada, eu reafirmo da honra e igualmente da responsabilidade maior que a liberdade de expressão me aufere, na designação desta missão, cujas linhas vos dedico.

Ao fazê-lo, o meu pensamento vai primeiramente para todos aqueles que sofreram na carne, a irracionalidade do governo de Salazar e Caetano, para os presos políticos que no Tarrafal, em Caxias, em Peniche foram expostos aos maiores vexames e torturas, jamais possíveis e passíveis de serem idealizados no mundo actual. E quantos sucumbiram às mãos dos algozes...

Vai, do mesmo modo, para o Povo que durante meio século foi sistematicamente explorado e espoliado dos seus haveres e da justiça; desse povo enlutado que tudo deu sem nada receber.

Não esqueço, ainda, os corajosos filhos da Pátria que se recusaram a alimentar, a colaborar com o fascismo, e no estrangeiro buscaram melhor vida, já que neste canto só encontravam o lento caminhar para uma morte inútil, a fome, a miséria, a injustiça, a corrupção, em contraste flagrante com as benesses concedidas a meia dúzia de monopólios.

Um desses exilados, o extraordinário Manuel Alegre, a personificação incontestada da Voz da Liberdade, gritava lancinante lá de longe:

Não mais Alcácer Quibir
É preciso voltar a ter uma raiz
Um chão para lavrar
Um chão para florir
É preciso um País
Não mais navios a partir
Para o país da ausência.
É preciso voltar ao ponto de partida
É preciso ficar e descobrir
A pátria onde foi traída
Não só a independência
Mas a vida.


O Tempo é de esperança, e mais de certeza. Já temos um País, com chão para lavrar, para florir; é preciso voltar ao ponto de partida!

Temos homens capazes de o cultivar, de o construir, de o engrandecer, de o amar... é preciso inventar o amor nesta terra que já foi de ódio.

E ao ver-vos diante de mim, de armas na mão, eu vejo, como dizia o poeta, o povo em armas. É preciso não vos esquecerdes que a vossa responsabilidade está em assegurar a paz, defender as liberdades individuais tal como o afirmam os princípios do movimento das Forças Armadas de 25 de Abril.

Da união do Povo com as Forças Armadas dependerá o bem estar social, a alegria de viver, a paz de Portugal.

No Povo sempre esteve e estará a razão de ser de um País.

Com uma farda vestida, um fato de macaco, uma batina, de qualquer modo que vos apresentardes, cabe-vos a responsabilidade e o dever de defesa total dos interesses da Nação.

Pela primeira vez neste País, o Juramento de Bandeira toma o significado e a projecção de uma defesa popular e verdadeiramente nacional.

Vós sois “os homens capazes duma flor, onde as flores não nascem”, como dizia também o Manuel Alegre.

É forçoso que construamos, dentro da nossa especificidade, um País novo, o País de
Abril, onde os homens estejam – como referia Paul Valéry – “prontos a enfrentar coisas que nunca existiram”.

Sede dignos, igualmente das fardas que em 25 de Abril, de mangas arregaçadas, empunhando a raiva e o desejo de gritar bem alto "BASTA", puseram fim ao governo cruel de Caetano, continuador do despotismo santacombadense.

Sede dignos desses homens e ajudai o País a aprender a soletrar palavras como LIBERDADE e AMOR.

Pilotos recrutas do curso P1/74 que os vossos aviões, e os conhecimentos aqui obtidos vos sirvam para estreitar as distâncias, na tal "Viagem do Homem para o Homem".

A todos, boa viajem!

António Ferreira Pinto
Alferes Miliciano

Rastos:
USB Link
-> Penduras - P1/74
Botão Barbearia[0.372/2008]
Nesta barbearia é Abril [ I ]

Talvez os mais novos não acreditem mas esta Barbearia só pôde existir depois do adeus.

LNT
Botão Barbearia[0.371/2008]
Coisas com mau aspecto
Lavagante
Observar o que se está a passar no (ainda) maior Partido da Oposição é um exercício complexo e conduz a um esforço acrescentado para tentativa de compreensão daquilo que se seguirá no País.

Entre as diversas candidaturas viáveis, Pedro Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite e Pedro Santana Lopes, há o elo comum da inviabilização da acção:

- A de Passos Coelho, a única que reconheço com alguma possibilidade junto do eleitorado, dificilmente conseguirá vingar internamente devido à resistência da máquina partidária;

- A de Ferreira Leite, porque nunca se livrará da vingança que os seus companheiros populistas lhe tem destinada;

- A de Santana Lopes, que será vingada pelos habituais opinion makers que, mais uma vez, irão ser derrotados nas urnas.

Sócrates agradecido pela ausência de resistência à direita, arrisca-se a perder a esquerda.

EscorpiãoA abstenção vai disparar em flecha e abre-se caminho ao reforço dos partidos totalitaristas de esquerda.

Esta confusão iniciada com a debandada de Durão Barroso e apadrinhada por Jorge Sampaio, que na altura preferiu sacrificar o País a seis meses de roda-viva para sanear a direcção do PS e liquidar as pretensões futuras da linha populista do PSD, comprova as razões que levaram Ferro Rodrigues a bater com a porta.

Em vésperas do 25 de Abril a coisa está com mau aspecto.
LNT
Botão Barbearia[0.370/2008]
Já fui feliz aqui [ CXCV ]
 Marsupilami

Marsupilami - André Franquin - Bélgica
LNT

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.369/2008]
Fraca memória
Pilar Pacheco
Aos admirados (e embevecidos) com a visão de uma ministra-mulher espanhola passar revista às tropas só resta apelar à memória e linkar José Mateus Cavaco Silva, no Claro, em 14 de Novembro de 2007, onde, sobre a revista passada à soldado Pacheco dizia:

"Tivessem os castelhanos vindo a Aljubarrota com uma tropa com esta imagem e nestes preparos e o forno da padeira teria sido outro..."
LNT
Rastos:
USB Link
-> Claro - Nova imagem das FA's espanholas
-> Claro - José Mateus Cavaco Silva
Botão Barbearia[0.368/2008]
Grau 0

De malabarismo em malabarismo até ao malabarismo final.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Expresso - Jardim disponível
Botão Barbearia[0.367/2008]
Lisboa, cidade de tolerância
Massacre de Lisboa 1506

Uma iniciativa iniciada em 15 de Março de 2006 por Nuno Guerreiro Josué, no Blog da Rua da Judiaria, onde descrevia o Massacre de Lisboa realizado 500 anos antes, acabou no registo que ontem, a Câmara Municipal, perpetuou no Largo de São Domingos.

Embora na altura não tenha aderido à convocatória das velas por não me identificar com um acto praticado há 500 anos, nunca deixei de entender que se impunha o apelo à memória histórica para não repetição de actos que envergonhem a humanidade.

O episódio para que Nuno Guerreiro nos alertou esteve abafado tempo demais, nunca constou dos manuais de História e enunciava-se assim:
"Durante três dias, em nome de um fanatismo sanguinário, mais de 4 mil pessoas perderam a vida numa matança sem precedentes em Portugal"

O memorial fica para alerta das gerações futuras.
LNT
Rastos:
USB Link-> Rua da Judiaria - 500 anos: O massacre de Lisboa
-> Rua da Judiaria - Nuno Guerreiro
-> Câmara Municipal de Lisboa - Lisboa, Cidade da Tolerância
Botão Barbearia[0.366/2008]
The show must go on
Facas Laranja
O confrangedor espectáculo que os directos da SICn têm passado a partir do berço pontapeado, onde os confrades se despedem com um puxão para desencravanço das facas que acumularam nas costas também no último round, na versão Menezes, é bem demonstrador da rumba que por ali se dança.

Os que pensavam que o pão e o circo já bastavam que se preparem porque estão prestes a entrar em cena os últimos malabaristas.
LNT
Botão Barbearia[0.365/2008]
Já fui feliz aqui [ CXCIV ]
Santana Lopes

de Gargalhada - Santana Lopes - PM - Portugal
LNT

terça-feira, 22 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.364/2008]
Pesca de fundo
Choco
Sem alegria, mas com amor, Manuela dispõe-se a seguir o cherne depois de olvidar o bater de porta quando foi trocada, sem um beijo, por uma mão cheia de poder e honrarias.

Lula
Manuela voltou até ao fundo do desejo atrás de uma só fantasia, apanhada por uma confraria de marmotas, polvos e carapaus de corrida, que lhe sussurra, quase sempre mentindo, que o cherne neles circula como água silenciosa do passado.

Manuela, escamudo traído, peixe recalcado, pretendendo escapar à solidão e à mágoa, com os olhos rasos de água, segue pois o cherne, antes que venha já morto, boiar ao lume de água, mentindo o cherne a vida inteira.
LNT
Rastos:
USB Link-> Entre as Brumas da Memória - Joana Lopes


Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...

Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...

Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...
Alexandre O'Neill
Botão Barbearia[0.363/2008]
O Tio Patinhas
Tio Patinhas e João Bafo de Onça
Não foi alucinação. Aquele senhor candidato que falava com ar de candidato no Prós e Contras e que tivemos o privilégio de ver anunciado como Senhor Professor quando todos o conhecíamos só como Patinha, pois atão, disse do alto da sua cátedra que os políticos deviam ser escolhidos pelos curricula que apresentam.

Penso que até o João Bafo de Onça o vencia com duas penadas só para lhe provar que está enganado. Os Professores são muito úteis na política, reconheço, mas, tal como ele demonstrou, são normalmente muito maus políticos.
LNT
Botão Barbearia[0.362/2008]
Já fui feliz aqui [ CXCIII ]
Samouco

Salinas do Samouco - Portugal
LNT
Foto: João Fialho