segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Acrobacias

SaposNaquele tempo de sapos, os mais acrobatas eram os que gritavam "agarrem-me senão ele engole-me!".

E eram esses que, quanto mais perto estavam do trampolim (as patinhas em mola já não tinham potência para os fazer saltar), mais gritavam fanfarronices, não só para se mostrarem valentões, mas também pelo receio de que se ouvisse o que pensavam.

Pendurados na membrana natatória do sapo maior que, inchado do trono, lhes enviava coaxos em surdina pelas vocais dos lacaios, os sapos untavam-se para melhor escorregar em direcção ao estômago com esperança de que, ao serem expelidos no término do circuito digestivo, pudessem regressar, sem mácula, ao charco.
LNT
[0.358/2010]

Com o mal dos outros

BoteroA mesquinhez tem destas coisas. Enquanto as coisas acontecem aos outros é suportável, mas quando nos batem à porta tudo muda de figura.

As medidas para os professores eram menos más desde que se não tivesse essa condição. Idem para os médicos, para os polícias, para os enfermeiros, para os bombeiros ou para qualquer outro ramo.
Neste momento são os trabalhadores do sector público. Menos-mal para os do privado.

Divide-se para reinar e reina-se, como sempre se reinou, com a intriga social como ferramenta de governação.

Eles e nós, sendo que o “eles” é, para a plebe, aqueles que por sua decisão ou omissão foram feitos governantes e o “eles”, magestático, é o daqueles que depois de terem sido paridos pelo voto ficaram com o rei na barriga.

Entretanto os “agricultores” que são pagos por todos nós para nada fazerem, protestam por não receber o subsídio de inutilidade, os “empresários” que transformaram os milhões que receberam para modernizar as empresas em Ferraris e Porches protestam porque se lhes acabou o maná, os serviços privados que vivem do Estado porque só existem em função desse cliente, protestam porque o Estado lhes cobra impostos elevados para lhes poder pagar contratos chorudos, os individuais que fazem mini-micro-empresas sem actividade a não ser a de incluir as mães, avós e tias, nas folhas de vencimento para lhes conseguir subsídios de desemprego e pensões, enquanto adquirem automóveis, maples e televisões em nome dessas empresas cuja sede é o seu próprio domicilio, protestam porque os subsídios e apoios sociais vão ser reduzidos em vez de se cortar nos SRM.

Eles e nós. Sempre a dualidade, sempre a perspectiva decorrente de se ser personagem do "eles" ou personagem do "nós".
LNT
[0.357/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCII ]

Cow Parade
Cow Parade - Lisboa - Portugal
LNT
[0.356/2010]

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Arrepiação

Espantalho Alentejo
A ideia que fica é que andamos, há anos, a cavar um buraco com as mãos e agora, que já nem unhas temos para continuar, ainda nos mandam cavar mais fundo como se o fundo depois de atingido ainda tivesse outro fundo por baixo.

E quando questionamos sobre a razão do escavar só temos por resposta que cavar é preciso.

LNT
[0.354/2010]

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sapêlhos ou Coêlhapos

SapoDepois de se ter descoberto que as vacas loucas resultavam das farinhas misturadas na ração dos bovinos leiteiros, os investigadores debruçam-se agora sobre a mutação operada nos láparos que se alimentam de sapos.

Entre outras mutações de evolução da espécie, esperam-se alterações morfológicas ao nível dos incisivos, uma vez que a mastigação é substituída por ruminação.

Consta que os cientistas que ontem se deslocaram à Buenos Aires para apresentarem o workshop "Impactos pilosos resultantes da transformação alimentar dos herbívoros e da fisionomia da laringe por ingestão de batráquios", vieram de lá satisfeitos por terem constatado que, na sequência da alteração da dieta, o pêlo dos láparos não só mantém a sua característica sedosa, como ainda acentua o seu tom alaranjado (pantone Ref. BPN), o que constitui um factor de valorização em futura curtição.

Na Buenos Aires, terreno da pampa, diz-se à boca pequena que para o ano não faltarão golas de pêlo para adornarem as samarras rústicas que marcarão a season.
LNT
[0.353/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCI ]

Jardim Tropical
Jardim Tropical - Lisboa - Portugal
LNT
[0.352/2010]

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Coisas de gajos

PudimE dizia o gajo para o gaijo:

Gajo Aquilo que os marmanjos vão arrecadar com a diminuição dos vencimentos dos públicos vai esboroar-se quando for a altura do IRS. Os públicos vão baixar de escalão e lá se vão as receitas do IRS. Ainda por cima, os públicos são os únicos que não têm hipótese de fugir aos impostos o que resultará numa baita machadada da receita.
Gaijo Pensas que os marmanjos estão a dormir, ou quê? Vais ver que vem aí uma mexida no intervalo dos escalões para que os públicos sejam reenquadrados no escalão que tinham.
Gajo Com caneco! Mas se fizerem isso vai subir o IRS tanto para os públicos como para os privados. Estou tramado!
Gaijo e Gajo Ah, pois estamos!
LNT
[0.351/2010]

O consultor do coelho

Coelho cartolaAndava um consultor pelo mato, num belo dia de Outono e de Orçamento, encontrou um coelho espavorido já com três chumbadas nas orelhas:

O consultor Coelho, porque estás espavorido e angustiado?
O coelho Porque abriu a época da caça e andam por aí uns tipos armados que não me dão sossego.
O consultor Esses caçadores atiram em tudo ou só atiram nos coelhos?
O coelho Atiram nos coelhos e nos outros animais a que eles chamam de caça.
O consultor Tens a certeza que eles não disparam contra as árvores?
O coelho Sim, eles não disparam contra as árvores porque temem arranjar problemas com os seus donos.
O consultor Então tenho solução. Tu, coelho, transformas-te em árvore e nunca mais és incomodado.
O coelho Obrigado consultor, isso é uma grande solução. Como é que me posso transformar em árvore?
O consultor Isso não sei, coelho. Como sabes eu sou um consultor. Arranjo soluções, não as implemento.
LNT
[0.350/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCC ]

Lapas
Lapas - Funchal - Madeira - Portugal
LNT
[0.349/2010]

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Curto

No time, no Blog.
Volto assim que puder.
(espero que em muito breve)
LNT
[0.348/2010]

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Execução Orçamental

Guilhotina

LNT
[0.347/2010]

Não tenho a culpa

Crocodilo e hipopótamos

Sim, eu sei. Sei que gostariam de nos ter mansos e controlados mas vão ter-nos rebeldes. Sei que, possivelmente, não haverá outra coisa a fazer senão aquilo que inventaram com o "crescimento negativo" dos vencimentos da função pública. Sei que espalharam aos sete ventos a ideia da inevitabilidade destas medidas.

Sei que a culpa é da Administração Pública. Digo "Administração Pública" e não "Funcionários Públicos".

A Administração Pública tem sido gerida danosamente. É um animal insaciável de muitas clientelas que constituem uma casta destinada a sacar para si os benefícios que resultam de uma Administração Pública descontrolada e ao Deus-dará. São esses (públicos e privados, com e sem cor – muitas vezes privados vindos do público) e não os funcionários públicos que contratam o que não tem de ser contratado, que compram o que não tem de ser comprado, que não gerem o que tem de ser gerido e que colocam nos lugares chave aqueles que asseguram a continuidade dos seus propósitos.

Essa gente fura tudo. Fura os concursos para chefias, o que lhes permite manter em situação provisória (chamam-lhes em substituição), anos a fio, as pessoas que lhes interessa, fura a intenção da Lei, fingindo que o PRACE serviu para reduzir os lugares de chefia quando afinal se destinou só a designar por outro nome esses mesmos lugares que renumera de forma igual, fura as medidas de contenção continuando a inundar os serviços de inutilidades caras em nome de um progresso que nunca deixa acontecer por imaturidade dos processos que implementa e fura o SIADAP adulterando o sentido de avaliação por mérito através de uma coisa a que chamam o “dividir o mal pelas aldeias” ou seja, esquecer que se trata de uma avaliação por mérito e aplicá-la por regras de igualitarismo.

É essa gente e o poder político que lhes permite continuar a agir impunemente que tem a culpa e que deverá ser chamada à pedra. Os segundos são avaliados, recompensados ou penalizados, nas eleições. Os primeiros estão bem e recomendam-se.

Volto a dizer:

Sou funcionário público e não tenho a culpa da situação a que chegámos. Desafio quem quer que seja, seja público ou privado, a demonstrar que trabalhou e produziu numa vida de trabalho, mais ou melhor do que eu.
LNT
[0.346/2010]

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Nobel 2010

Mario Vargas Llosa

Já era tempo dos sábios do Nobel voltarem a premiar escritores lidos.

Este ano, justo, o peruano (e espanhol) Mario Vargas Llosa conseguiu o reconhecimento por uma obra vasta, lida e estudada nos sete cantos do mundo.

LNT
[0.345/2010]