quarta-feira, 21 de março de 2012

Senhor dos Passos

Confessionário Basílica EstrelaEsta via-sacra é o caminho do Calvário. Talvez por isso, o povo português entregou a sua devoção ao Senhor dos Passos misturando o ritual das estações de sacrifício e resignação judaico-cristã com o paganismo da pata de Coelho. Quis fazer o impensável, recometeu a blasfémia de, pelo sim, pelo não, evocar o divino e ao mesmo tempo adorar o boi de ouro, não entendendo que o caminho pedregoso pelo qual passamos calçados pretende-se passar a fazer descalço.

Também para o efeito tanto faz. Seja, ou não, coisa mística, só choverá quando tiver de chover e, com ou sem água, acabaremos na cruz porque é esse o destino do Senhor dos Passos.

Sei que é um mistério de fé. Na sexta-feira da agonia poderão tocar os sinos, as matracas e fazer zurzir os chicotes da auto-punição. Poderão vestir-se de violeta, como agora se chama ao roxo, poderão fazer desfilar a procissão dos encapuçados.

Vamos acabar crucificados e mais valia que nos abreviassem a agonia até porque, para nós infelizmente, está mais destinada a grecialização do que a ressuscitação.
LNT
[0.174/2012]

A inveja é a arma (com que se controla) (d)o povo

SócratesA estratégia da comunicação passa pelo bem mais radioso que abraça a sociedade portuguesa. Esse bem, a inveja, está a ser usado à exaustão sacando os resultados que a propaganda fez implementar. Fala-se, toda a gente fala, da forma como Sócrates vive em Paris, enquanto que por cá vamos vivendo sempre pior.

Esquece-se que há, em Portugal, muita gente a viver muito melhor que Sócrates e que nunca declarou os vencimentos que Sócrates declarou toda a vida. Gente que nunca produziu nada, que não se lhe conhece actividade lucrativa, que nunca foi titular de lugar que lhe permitisse amealhar, que nunca herdou fosse o que fosse, que nunca ganhou ao jogo.

Pela minha parte quero lá saber como é que Sócrates vive em Paris. Sei que se tivesse sido deputado a maior parte da minha vida, que se tivesse sido ministro boa parte dela e Primeiro-Ministro durante sete anos, teria certamente possibilidade de viver bem, aqui ou em Paris.

Neste momento quero saber como estão a viver aqueles que estão a governar, donde lhes vem o dinheiro e o que fazem com o que deixaram de me pagar pelo trabalho que desenvolvo. Quero saber isso e quero deixar claro que entendo repugnante que se use a calúnia (porque é só de calúnia que se trata até ao dia em que alguém produza prova) para puxar pela inveja, o sentimento mais baixo e mais forte de todos os sentimentos existentes em Portugal. A máquina de diversão e propaganda revela-se bem oleada.
LNT
[0.173/2012]

Já fui feliz aqui [ MXCI ]

Palácio Fronteira

Palácio Fronteira - Lisboa - Portugal
LNT
[0.172/2012]

quarta-feira, 14 de março de 2012

Vai ser colossal

CaralhosesFica um exercício simples para qualquer um, até para um Ministro das Finanças:

Se, para medir qualquer coisa, tomarmos como base uma percentagem sobre uma variável temos de controlar essa variável, caso contrário...
Um exemplo:
5% do PIB.
Se o PIB for 1.000, então 5% são 50. Se o PIB for 100, então 5% são 5. Fácil, não é? Agora não se esqueçam de que a diferença entre 50 e 5 é de 45, tá?

Outro exemplo:
Um merceeiro, p.e., o Jerónimo Martins, vende 1.000 kg de caralhoses ao preço de 10 Euros/kg caralhoz e entrega ao Estado o IVA a 10%.
(calculo que a entrega ao Estado seja de 1.000 Euros)
Outro merceeiro, p.e., o Belmiro de Azevedo, vende 100 kg de caralhoses ao preço de 10 Euros/kg caralhoz e entrega ao Estado o IVA a 20%.
(calculo que a entrega ao Estado seja de 200 Euros)
Conclusão: entre uma coisa e a outra o Estado embochou menos 800 Euros e como o PIB era de …, ora … façam o favor de fazer as contas, porra!

Nota: Caralhoz é o nome que se dá ao lingueirão (navalha) na região da Ria de Aveiro. Foi aqui usado como exemplo para vos manter interessado(a)s no acompanhamento do raciocínio.
LNT
[0.169/2012]

Surdinas [ XLI ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Lembram-se daquele senhor com nome de alfaiataria da Rua dos Fanqueiros, (um tal Campos e Cunha, Santos e Nascimento, Lourenço e Santos, ou lá o que era) que quando levou um chuto de Sócrates se transformou em comentadeiro oficioso de tudo quanto era televisão?

Agora todos falam das razões de um Secretário de Estado que se demitiu porque não tem saúde para tanta sacanice e não há um canalzito que lhe dê uma oportunidade de desopilar. Decididamente atravessamos um tempo de relva e, como se sabe, a ganância da relva seca tudo à sua volta.
LNT
[0.168/2012]

Sobre o gás

ExplosãoO gás desta loja anda na reserva estratégica.

O PRECPrograma Retrógrado de Empobrecimento em Curso faz-se sentir e, embora não faltem clientes às tosquiadelas e às massagens ao ego, as colaboradoras e o CEO barbeiro trilham a picada para a solução vegetativa imposta ao todo nacional.

Uma boa carteira de clientes não significa economia de mercado e, devido à seca com que se transvestiram a nossa querida crise e os nossos queridos líderes, o legume rei passou a ser o rabanete, pelo menos para aqueles que não tiveram o sopro e a oportunidade de amealhar um milhões à conta de privilégios no BPN (o que hoje em dia lhes permite ir vivendo, apesar das reformas insuficientes).

O estado menos produtivo instalado neste Blog barbeiro acompanha a tendência revelada na generalidade dos sectores. Uma espécie de estado Paulo Portas, isto é, um regime invisível de marionetes colocadas estrategicamente em cena, com cordelinhos capilares, para que se não perceba, à vista desarmada, que são manobrados e quem os manobra. Ainda falam de triangulações, trialaterações, troikas e outro prismas destinados a refractar.

Deixemos o gás assentar. A explosão segue dentro de momentos.
LNT
[0.167/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXXIX ]

FRS

FRS - Frente Republicana e Socialista - Portugal
LNT
[0.166/2012]

segunda-feira, 12 de março de 2012

Corridas

ElmoPara quem não consegue encontrar uma definição correcta para a palavra “serpentear”, e Marcelo ontem parecia ter a serpente no corpo, é recuperar o improviso estudado da TVI e observar as contorções que o professor comentadeiro articulou quando foi levantada a questão da Casa de Bragança e o mergulho no Tejo, frente aos pasteis e nas barbas de Afonso de Albuquerque.

Barroso, que anda a tocar piano e a falar francês pela corte europeia antes que se lhe acabe o pagamento pelo serviço de café prestado nas Lajes, deve ficar roído quando Marcelo demonstra já ter as vacinas em dia. O homem não está pelos ajustes nem na disposição de esperar mais catorze anos. Até já se vale do louvor a Passos Coelho na esperança de reconhecimento quando o conclave laranja tiver de decidir a sucessão de Cavaco.

Não sei se no espólio de Dom Manuel II existe alguma coroa real que caiba na cabeça de Rebelo de Sousa, mas não lhe faltará um ceptro com que ele vá treinando o poder
LNT
[0.165/2012]

Poupem-nos

Cavaco desfocadoA única coisa que me surpreende nos defensores do preâmbulo de Cavaco é que ainda tentem argumentar com algo positivo sobre as razões que o levaram, quando faltam quatro anos para concluir o mandato, a mais este momento zen da política portuguesa.

Sabemos que temos de aturar um Presidente da República de só alguns portugueses, como ele próprio fez questão de o vincar nos seus discursos de vitória e de posse, sabemos que o homem está convencido de que é superior aos seus concidadãos e que julga que o facto de ter ganho eleições o transforma numa espécie de espectro arrogante de patamar superior, sabemos que ele entende não ter de responder às questões que lhe são colocadas por julgar que os seus tabus e as suas omissões são suficientemente claras e, como sabemos tudo isso e nos resignamos, prescindimos do acrescento de conteúdo que as suas fieis muletas tentam acrescentar à ausência de pensamento, ao ressabiamento e à falta de princípios.

Até mesmo a tarefa de o tentar ajudar a cumprir este mandato com alguma dignidade se revela impossível pela má qualidade de carácter e pela incapacidade de discernimento.

Poupem-nos, por favor.
LNT
[0.164/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXXVIII ]

Albacora

Albacora - Tavira - Portugal
LNT
[0.163/2012]

sexta-feira, 9 de março de 2012

Comer do pote

PanelaAquela coisa do "pagas na ponte e não bufas" e aqueloutra do "toma lá quatro milhões para não bufares", significa que, em Agosto do passado ano, se confirmou que o calor dilata os corpos (neste caso a "di lata" vale por dois).

Com o nosso Primeiro na ribalta a jurar que nada sabe deste negócio (até porque se faz desentendido sempre que um dos seus "boys" dá mais uma rapadela no pote), Portas escondido num qualquer saguão de onde não sairá enquanto não tiver mais um pouco de banha da cobra para impingir e Cristas a perder a fé e a virar-se para a trindade de Bruxelas uma vez que A da Pomba não lhe deu ouvidos nem chuva, todos os portugueses pagaram, em Agosto, as idas de alguns a Cacilhas e os que efectivamente lá foram tiveram de voltar a pagar, o que significa que nesse mês os contribuintes não utentes da Ponte, mantiveram o preço por lá não passar e os usufrutuários sofreram um aumento de 100%.

Com este novo conceito de "utilizador-pagador" faz-se doutrina liberal: - A diferença entre um "utilizador-pagador" e um "não-utilizador-pagador" é que o primeiro paga duas vezes e o segundo só paga uma.
LNT
[0.162/2012]

Cavacão

LaranjaHaverá em política alguma coisa mais desleal do que um titular de um Órgão Político (o Presidente da República), ainda em exercício, revelar publicamente a sua "verdade" metendo ao barulho um outro Órgão Político para desferir um ataque pessoal de ajuste de contas ao titular por ele exonerado?

Como reagiria Cavaco Silva e toda a sua camarilha se agora, ainda com Cavaco no poder, Sócrates resolvesse escrever um livro onde relatasse o seu relacionamento com Cavaco?

Este texto não é uma defesa de Sócrates. Pretende ser um apontamento para que se entenda de que massa é feito o homem que se julga o mais ético de todos os políticos e que tem a pretensão de que para se ser tão sério como ele, qualquer cidadão teria de nascer duas vezes.
LNT
[0.161/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXXVII ]

Centre George Pompidou

Centre George Pompidou - Paris - França
LNT
[0.160/2012]