domingo, 7 de outubro de 2012

O valor dos votos

Cadeiras Assembleia da RepúblicaSe a proposta do PS fosse só a de reduzir o número de Deputados, também eu não concordaria, mas não é. A proposta do PS será para alterar a Lei Eleitoral, coisa que se sabe imprescindível se não quisermos ver a democracia morrer de tédio.

Lá iremos quando a proposta for apresentada e ficarmos a saber o que ela contem.

Para já e sobre a habitual demagogia que estes assuntos sempre fazem despoletar:

Vivemos em democracia. Cada vez em menos democracia, mas ainda assim baseados em resultados eleitorais obtidos em sufrágio livre, secreto e universal. O argumento que se tem ouvido é o de que os “Partidos do centrão” pretendem extinguir a representação das minorias na Assembleia da República.

Esta conversa demagógica pretende dar a entender que o PS e o PSD têm alguma coisa não democrática que os faz ter os votos que o CDS, o BE, o PCP (e outros) não têm. Faz acreditar que há votos que são depositados nas urnas por eleitores que não são em tudo iguais a todos os outros. Faz acreditar que o CDS, o PCP, o BE (e outros) só não têm mais votos porque vivemos numa democracia que não tem cidadãos com igual valor.

Os defensores do mínimo fariam melhor, em vez de entrarem no habitual ataque a tudo que o Partido Socialista apresenta (mesmo sem conhecerem o que irá ser apresentado), se transformassem o seu mínimo em mais um pouco e se entendessem que compete aos cidadãos eleger os deputados que entenderem.

Não tenho dúvidas que se o CDS, o PCP, o BE (e outros) apresentarem melhores e mais credíveis propostas que o PS e o PSD, conseguirão melhores resultados e com isso obterão mais deputados, inclusive mais, do que o PS e ou o PSD.

Para já é só o que tenho a dizer. Quando se conhecer a proposta, que acredito seja no sentido de melhorar a representação parlamentar e de aumentar a responsabilidade dos eleitos perante quem os elege, cá estaremos para a debater.
LNT
[0.484/2012]

Obituário

VelaEnquanto se está a velar o cadáver para as bandas de São Bento sem que os comensais consigam chegar a acordo sobre se o féretro deve seguir para o jazigo dos Prazeres ou para o crematório dos Olivais, as cigarras aguardam que terminem as loas à sua performance e afinam as gargantas para cantar mais uma ode de Lopes Graça que evoque os esplendores da luz perpétua.

Ao concluir as exéquias prevê-se que, antecedendo a descida aos Infernos, o espectro atazane colossalmente os populares que, entre aplausos, abrem alas para deixar passar a procissão.

Os serviços fúnebres estão a cargo da agência Silêncio Sepulcral de Belém.
LNT
[0.483/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXCIII ]

Porto Côvo
Febras - Porto Côvo - Alentejo - Portugal
LNT
[0.482/2012]

sábado, 6 de outubro de 2012

Protofascistas

BoteroDizem, os que sabem, que o comunismo nada mais é do que o capitalismo de Estado. Nós, que nada sabemos, também achamos que assim seja embora façamos uma pequena destrinça. No capitalismo, capitalismo, o dinheiro concentra-se nas mãos dos capitalistas e todos, menos eles, ficam piores porque esse capital não tem qualquer distribuição e, no comunismo, cria-se algum bem-estar público com o que sobra do capitalismo das elites.

Vivemos tempos diferentes, Mário. Quando fomos contigo até ao Técnico, fomos fazer saber que não nos agradava nem uma coisa nem outra. Havia, na altura, uma noção diferente e uma ambição que fazia com que os provincianos e os filhos de gente alguma se sentissem como classe média e pretendessem parecer-se com os citadinos ou com filhos de algo.

Neste momento, Mário, quem tem medo já não compra um cão. Quando muito, ladra, ou melhor, gane, e vê fugir-lhe a prosápia de se querer equivaler. Há agora uma máxima nas elites que se consubstancia na ideia de que toda essa classe baixa viveu de forma média porque acima das possibilidades gastando aquilo que devia estar a pagar de tributo à classe alta.

Por isso, Mário, temos dois caminhos. Ou voltamos à Fonte Luminosa e tentamos dar algum sentido ao protesto que essa imaginária classe média esbraceja, ou regressamos à monarquia sem Rei, coisa de fidalgos, de burgueses merceeiros e de provincianos que chegaram ao canudo por obra e graça da especulação de terrenos e dos patos bravos.

Lembro-me de ti, Mário, com o socialismo na gaveta e a social-democracia (que era aquilo que sempre quisemos) em cima da mesa e lamento que neste momento não haja um outro Mário que meta estes protofascistas na gaveta e consiga agregar o nosso sacrifício com a esperança para que possamos sair do miserável gueto onde nos continuam a mergulhar.
LNT
[0.481/2012]

Capitalismo de Estado

Bandeira de Xadrez
A primeira prova que já estamos no fascismo de estado é a apropriação que está a ser feita do nosso património e que nos obriga a pagar a renda de uma casa, em sede de IMI, embora teoricamente a casa continue a ser nossa.

A segunda prova já se tinha quando fizerem a apropriação dos nossos ordenados.
LNT
[0.480/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXCII ]

Fuseta
Fuseta - Algarve - Portugal
LNT
[0.479/2012]

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Talvez invertendo o poder

Bandeira invertida

A imagem é, talvez, a melhor resposta a quem pede que sejam dadas alternativas sempre que se fazem críticas.

Para que a Bandeira fique direita será necessário pôr o actual poder de rabo para o ar?
LNT
[0.478/2012]

Merecíamos melhor

Bandeira invertida

O simbolismo ligado à Bandeira Nacional não é uma questão de protocolo e menos ainda uma questão de lana-caprina.

Uma Bandeira Nacional invertida tem um significado militar internacional e, ao ser hasteada pelo Presidente da República, esse significado não pode ser ignorado.

Claro que não foi o Presidente que montou a Bandeira para que ela fosse hasteada invertida, mas foi ele que a içou e, ao verificar que ela não estava correctamente colocada, tinha obrigação de a arrear e voltar a hastear. Como digo, isto pode parecer menor, mas não o é e revela o respeito existente pelos nossos símbolos nacionais.

Quanto à Constituição já sabíamos, desde o ano passado, que “ser o garante da Lei Fundamental” tem duas leituras. Quanto a não ser o Presidente de todos os portugueses, já estávamos esclarecidos desde o seu discurso de vitória na noite eleitoral. Hoje, perante a Bandeira e ao não corrigir a mão, também ficámos conversados.

Resta-nos pouco. Merecíamos mais.
LNT
[0.477/2012]

5 de Outubro