quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O livro e as ausências

Jornal IDiz-nos o Ionline, num daqueles artigos cheios de recados encomendados para encher espaço publicado e vender papel que, no lançamento do livro de ontem, foi muito notada a não presença do líder socialista.

Como se sabe, o livro não tratando de política é um tratado político e por isso é de estranhar que os líderes políticos não estivessem presentes. Também se sabe que, sendo um livro sobre a tortura, as pessoas estranharam (interessante não ter sido referido nesta pérola jornalística) que Passos Coelho, Vítor Gaspar e outros torcionários e extorsionários conhecidos, não se tivessem feito representar.

O barbeiro, embora convidado, também não esteve presente nem se fez representar o que foi uma falta de monta numa sala onde não cabia nem mais um cabelo.

Mas prontus, o I lá fez mais uma capa bombástica conseguindo falar do lançamento de um livro sem fazer uma única menção ao seu conteúdo.

É o que temos.
LNT
[0.403/2013]

Infinitésimos

TapeteA propósito do aniversário de um amigo reflicto sobre a nossa condição de finitos. Confesso nunca ter conseguido concluir se festejar o aniversário é um acto de saudade, ou um outro de esperança.

O tempo, principalmente o dos que já têm menos tempo de vida do que aquele que viveram sem ter tido a percepção da finitude, é um bem precioso. Gastá-lo com infinitésimos, é um desperdício só justificado com a necessidade de os manter sob controlo evitando que os façam finar precocemente.

Isso e a certeza de que nada é irrevogável a não ser a morte e mesmo essa tem dias em que o não foi.
LNT
[0.402/2013]

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Moçambique

ArteNunca vivi em Moçambique (passei por lá, por Lourenço Marques (hoje Maputo), pela Gorongosa, pela Beira e por Tete) mas sempre foi um território de muitas referências especiais chegadas por mão amiga.

Dessas muitas referências destaco as que caracterizam a personalidade, a coragem e a diversidade cultural dos povos que lá habitam, as da capacidade de resistência perante as adversidades da natureza e as do contraste de pobreza num País com tanto potencial e riquezas naturais.

Não compreendo o que faz com que essas gentes prefiram o chumbo que mata e estropia, aos metais mais nobres, por explorar, com os quais têm a possibilidade de construir os instrumentos para se alimentarem do que a terra e o mar lhes disponibiliza.

Os povos moçambicanos certamente dirão khanimambo ao regresso do bom senso.
LNT
[0.400/2013]

O canal do Panamá

Barco vazio marConsta que as rotas marítimas a norte, até agora bloqueadas pelos gelos mas já a darem sinais de navegabilidade devido ao degelo que os negacionistas do costume se recusam a ver - apesar de cientificamente comprovado -, serão muito mais rentáveis do que aquelas que o Canal do Panamá (ainda para mais com “portagens”, (canalagens’)) alguma vez irá proporcionar.

Talvez por isso, e pelo habitual faro falhado que é conhecido nos láparos, o nosso chefe do executivo aproveitou a passeata à América Central para ir lá deixar umas larachas e poder passear na rua sem ter de ouvir o que ouve em Portugal quando se atreve aos pequenos percursos entre as salas onde se esconde e o carro em que se faz transportar.

Pelo que consta aproveitou a altura para referir que as melhorias do Canal do Panamá ficam em linha com a ligação ferroviária (esqueceu-se das ligações rodoviárias - transitários) entre Sines e a Europa, possivelmente passando por Espanha.

Fiquei na dúvida se ele falava de TGV, ou se falaria de alta velocidade, mas isso é mais uma dúvida a somar às outras leviandades em tempos atiradas contra os “Magalhães”.
LNT
[0.399/2013]

Um homem não é um rato

Rato armadilhaGosto deste tipo de constatações.

Também um cão não é um peixe, um cavaco não é um presidente, um irrevogável não é uma flor que se cheire, um gato não é um porco-espinho, uma cáfila não é um governo, um cherne não é um homem fiável, um coelho não é um farol, um caracol não é uma lebre, e por aí fora até à máxima de que um trabalhador do privado não é um funcionário público.

O que é que isto interessa? Nada! Também um Blog não é um compêndio, pois não?
LNT
[0.398/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCCIV ]

Portimão
Portimão - Algarve - Portugal
LNT
[0.397/2013]

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Acima das possibilidades

Rosbife

Sei ser um pouco provocatório em tempos de crise mas tomem lá uma coisa muito boa, fácil e rápida de fazer:

Numa frigideira com bom óleo muito quente coloque um naco de rosbife (400 gr/2 pessoas) previamente esfregado com sal grosso, alho, pimenta moída, louro e tabasco. Quando estiver selado (tostado) do lado de baixo vire ao contrário. Nunca fure a carne para não perder os sucos (é nisto que reside o “selar”). Tostado dos dois lados retire para uma tábua e deixe arrefecer. Com uma faca bem afiada corte em fatias finas sobre as quais deita um fio do óleo da fritura.

Misture natas gordas para culinária (as President são de luxo) com um colher de sopa de maionese, uma de café de mostarda, umas gotas de molho inglês, um dedal de vinho do Porto (ou conhaque), uma boa dose de ketchup e um pouco de parmesão ralado. Envolva bem sem bater e arrefeça.

Sirva as fatias de rosbife com batata palhinha e o molho à parte. Umas fatias de maçã ácida melhoram a coisa.

Se for vegetariano substitua o rosbife por um ananás descascado. O problema será seu.
LNT
[0.396/2013]

Aos interessados - Nota do autor

T. RowlandsonEscrevo neste Blog porque me apetece e considero este espaço de reflexão uma porta da minha liberdade. Só passa essa porta quem quer.

Para se aceder a um Blog é necessário vontade e nunca escondi que este é um meu espaço de partilha (não foi por acaso que escolhi esta espectacular gravura de T. Rowlandson para o ilustrar). Não me parece curial que se pretenda que eu aqui escreva o que não quero escrever assim como também não me parece que alguém se julgue no direito de reclamar isenção e neutralidade num espaço privado, embora plasmado no espaço público.

Por isso, três notas:

1 – A caixa de comentários não é um escarrador de tasca. Permite-se quase tudo, só isso;

2 - Só comento aquilo que quero comentar. Se me apetecer escrever sobre entrevistas brejeiras, escreverei, se me apetecer falar de manif’s de machibombos, falarei, mas nunca comentarei o que quer que seja só porque alguém entenda que eu deva comentar;

3 – Tenho muito gosto em ter tantos leitores, talvez mais do que aqueles que mereceria ter, que comigo concordam e discordam. Se soubesse que não era lido ou que só o era por sacristãos da minha sacristia isto não tinha piada alguma. Todos são bem-vindos e a todos estou agradecido pela companhia neste passeio que gosto de dar.

Adelante!
LNT
[0.395/2013]

Nascer duas (ou mais) vezes

DesfocadoNão vale a pena continuar a bater mais no ceguinho, neste caso concreto, não vale a pena bater mais no cavaquinho, e já que nunca iremos conseguir, por mais esforços que queiramos fazer, que o homem acabe o seu mandato com dignidade uma vez que dignidade implica, entre outras coisas, ter palavra e cumprir os juramentos feitos perante a Nação, mais vale começar a preparar a papelada para entregar no Constitucional, única instância com poderes bastantes para nos proteger da indignidade.

Quando era miúdo dizia-se que: "quem mais jura, mais mente." mas nunca pensei que este dito se pudesse aplicar a quem deveria estar a desempenhar o papel de mais alto magistrado de Nação.

Tudo se resume na contradição entre:

"Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”.

e:

"Faço uma avaliação cuidadosa, recolhendo o máximo de informação sobre os custos de um orçamento não entrar em vigor no dia 01 de Janeiro e os custos que resultam de eventualmente uma certa norma ser considerada inconstitucional já depois de o orçamento estar em vigor".

Todos terão de nascer pelo menos duas vezes para conseguirem chegar a este estado.
LNT
[0.394/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCCIII ]

Kilimanjaro
Kilimanjaro - Ikàkéné - Tanzânia
LNT
[0.392/2013]

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ave, Maria Luís

Ceia femininoComo te entendo, Maria Luís. Todos nós, neste momento, temos pouca margem para poupar. Aliás, neste momento, já começa a despontar uma grande maioria sem margem para sobreviver e sem vontade de te poupar.

Como te entendo, Maria Luís. Todos nós temos filhos pequenos para criar e os que já os não têm, por já os terem criado, apoquentam-se com o facto de estarem perante um poder vilão que desrespeita sistematicamente a confiança que nele depositaram ao confiar-lhe a gestão de parte do seu salário e agora correm o risco de, não só não poderem ajudar os filhos a criar os netos, como ainda puderem ser mais um peso para eles.

Como te entendo, Maria Luís. Todos temos um parente desempregado, alguém a quem dar a mão, alguém que precisa de ajuda, embora alguns não lhes possam prestar qualquer auxílio por terem sido expropriados ou confiscados dos seus bens.

Como te entendo, Maria Luís. Eu e todos os que estão a passar por este saque inadmissível para que continue a haver quem não possa perder a sua margem de poupança agora e para sempre e por todos os séculos dos séculos, ámen.
LNT
[0.389/2013]