Agora Mesmo
Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado
está gente a morrer e nós também.
Está gente a despedir-se sem saber que para sempre
este som já passou, este gesto também.
Ninguém se banha duas vezes no mesmo instante
tu próprio te despedes de ti próprio.
Não és o mesmo que escreveu o verso atrás
já estás diferente neste verso e vais com ele.
Os amantes agarram-se desesperadamente
eis como se beijam e mordem e por vezes choram.
Mais do que ninguém eles sabem que estão a despedir-se.
A Terra gira e nós também.
A Terra morre e nós também.
Não é possível parar o turbilhão
há um ciclone invisível em cada instante.
Os pássaros voam sobre a própria despedida,
as folhas vão-se e nós também.
Não é vento. É movimento fluir do tempo, amor e morte,
agora mesmo e para todo o sempre, Ámen.
Manuel Alegre (Chegar Aqui)
LNT
6 comentários:
Depois desta beleza que fiz questão de ler em alta voz, vou dormir feliz... porque nesta lojinha "também sou feliz!...
"Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado
está gente a morrer e nós também."
Oh Sr. Luís da Barbearia acertou na mouche!
Desde que nascemos que estamos a morrer, só que nem todos sabem. E ninguém o diria como Manuel Alegre.
Maria dos Alcatruzes
... " Não é possível parar o turbilhão" ... O tempo não pára e temos que ir vivendo um dia de cada vez ... Poema lindo, mas com tantas verdades tristes ... Um bom fim-de-semana e até breve
Lindíssimo poema.
Ainda existe alguma esperança. Já se esqueceram todos do Obama por causa do FreePort?
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/02/comercio-livre-comercio-justo-e.html
é uma ideia.
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