sexta-feira, 25 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.378/2008]
Pois é, a geração rasca
Geração Rasca
(...) Em todo o caso, o nível de informação dos jovens relativamente à política é de tal forma baixo que ultrapassa os limites daquilo que é natural e salutar numa democracia amadurecida.

O alheamento da juventude não pode deixar de nos preocupar a todos, a começar pelos agentes políticos. A começar por vós, Senhores Deputados. Se os jovens não se interessam pela política é porque a política não é capaz de motivar o interesse dos jovens. Interrogo-me que efeitos daqui resultarão para o governo de Portugal num futuro não muito distante. (...)

Tinha ideia que a geração rasca da autoria de Vicente Jorge Silva se referia aos jovens estudantes dos mandatos de Cavaco Silva como Primeiro-Ministro e Manuela Ferreira Leite como Ministra da Educação.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Discurso do Presidente da República
Botão Barbearia[0.377/2008]
Nesta barbearia é Abril [ V ]

Salgueiro Maia

25 de Abril – Salgueiro Maia - Portugal
LNT
Botão Barbearia[0.376/2008]
Nesta barbearia é Abril [ IV ]

Na linha da frente, sentados no chão à espera de ordens, ouvíamos com os ouvidos que podiam torrar em Napalm, ou vir a ser abatidos (tínhamos vinte anos), os acordes da marcha a life on the ocean wave e acreditávamos que Portugal ia voltar a ser a Nação dos heróis do mar.



LNT
Botão Barbearia[0.375/2008]
Nesta barbearia é Abril [ III ]

A utopia era o nosso último reduto.

O reduto onde se refugiavam muitos jovens a quem tinham roubado a juventude em troca de silêncios, em troca da guerra, em troca dos ideais da juventude, que só lhes permitia a esperança de em Portugal, País europeu excluído da Europa, ouvir clandestinamente Zeca a cantar Vila Morena.

LNT
Botão Barbearia[0.374/2008]
Já fui feliz aqui [ CXCVI ]
Vieira da Silva

25 de Abril – Vieira da Silva - Portugal
LNT

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.373/2008]
Nesta barbearia é Abril [ II ]
Juramento de Bandeira P1/74
Era recruta quando se deu o Vinte e Cinco de Abril. O meu Juramento de Bandeira foi o primeiro que se realizou após a Revolução.

Fica aqui o discurso então proferido, porque a Blogos também há-de servir para divulgar estas coisas.
LNT

Discurso proferido em 14/05/1974 na cerimónia do Juramento de Bandeira do Curso P1/74 de Pilotos Aviadores Milicianos – BA1

Camaradas recrutas,
coube-me a honra e a responsabilidade de ser indicado para escrever e ler algumas palavras a vós destinadas, nesta cerimónia do vosso Juramento de Bandeira, coincidente com o Dia da Unidade; e, aquilo que poderia, à priori, ser como tácita aceitação de uma disposição superior, não o foi, na realidade, pela simples razão de que este ano, houve um 25 de Abril.

Já é do conhecimento geral os acontecimentos memoráveis desse dia, - de cuja extensão não temos ainda a noção exacta – em que um punhado de capitães desceu à rua, deu as mãos ao Povo e resolveu pôr cobro ao governo fascista, colonialista de Salazar e Caetano que, com mais ou menos repressões, com mais ou menos sorrisos demagógicos, com mais ou menos reformas revisionistas ia aniquilando o País, ia tornando Portugal numa Nação indesejável à luz do mundo, fazendo dele um dos recantos mais miseráveis do globo terrestre, para gáudio e enriquecimento de uma minoria, postada na exploração do próprio povo.

Terminou o fascismo e, graças ao Movimento das Forças Armadas/Povo, de imediato se lançaram as primeiras pedras na reconstrução de uma nação verdadeiramente livre, com respeito e defesa das liberdades individuais, sustentáculo inequívoco de um jogo em que as regras se resumem a fórmulas democráticas de existência.

Eis porque se tornou possível eu escrever, e mais ler, aqui, numa Unidade Militar de Portugal, qualquer coisa como isto que vos escrevi e estou lendo e que, ainda há bem pouco, me faria quase hesitar em pensá-lo. Ainda me lembro, sem saudade como é evidente, do discurso que há três meses o Alf. Magalhães proferiu, aqui, neste mesmo local, e das dificuldades por ele tidas, em escrever algo que não ferisse as "susceptibilidades governamentais", nem colidisse com o seu esquema ideológico.

Por isso, e pelo o facto de esta ser (creio eu) a primeira cerimónia de Juramento de
Bandeira deste país de Abril, deste Portugal resgatado, desta Nação ressuscitada, eu reafirmo da honra e igualmente da responsabilidade maior que a liberdade de expressão me aufere, na designação desta missão, cujas linhas vos dedico.

Ao fazê-lo, o meu pensamento vai primeiramente para todos aqueles que sofreram na carne, a irracionalidade do governo de Salazar e Caetano, para os presos políticos que no Tarrafal, em Caxias, em Peniche foram expostos aos maiores vexames e torturas, jamais possíveis e passíveis de serem idealizados no mundo actual. E quantos sucumbiram às mãos dos algozes...

Vai, do mesmo modo, para o Povo que durante meio século foi sistematicamente explorado e espoliado dos seus haveres e da justiça; desse povo enlutado que tudo deu sem nada receber.

Não esqueço, ainda, os corajosos filhos da Pátria que se recusaram a alimentar, a colaborar com o fascismo, e no estrangeiro buscaram melhor vida, já que neste canto só encontravam o lento caminhar para uma morte inútil, a fome, a miséria, a injustiça, a corrupção, em contraste flagrante com as benesses concedidas a meia dúzia de monopólios.

Um desses exilados, o extraordinário Manuel Alegre, a personificação incontestada da Voz da Liberdade, gritava lancinante lá de longe:

Não mais Alcácer Quibir
É preciso voltar a ter uma raiz
Um chão para lavrar
Um chão para florir
É preciso um País
Não mais navios a partir
Para o país da ausência.
É preciso voltar ao ponto de partida
É preciso ficar e descobrir
A pátria onde foi traída
Não só a independência
Mas a vida.


O Tempo é de esperança, e mais de certeza. Já temos um País, com chão para lavrar, para florir; é preciso voltar ao ponto de partida!

Temos homens capazes de o cultivar, de o construir, de o engrandecer, de o amar... é preciso inventar o amor nesta terra que já foi de ódio.

E ao ver-vos diante de mim, de armas na mão, eu vejo, como dizia o poeta, o povo em armas. É preciso não vos esquecerdes que a vossa responsabilidade está em assegurar a paz, defender as liberdades individuais tal como o afirmam os princípios do movimento das Forças Armadas de 25 de Abril.

Da união do Povo com as Forças Armadas dependerá o bem estar social, a alegria de viver, a paz de Portugal.

No Povo sempre esteve e estará a razão de ser de um País.

Com uma farda vestida, um fato de macaco, uma batina, de qualquer modo que vos apresentardes, cabe-vos a responsabilidade e o dever de defesa total dos interesses da Nação.

Pela primeira vez neste País, o Juramento de Bandeira toma o significado e a projecção de uma defesa popular e verdadeiramente nacional.

Vós sois “os homens capazes duma flor, onde as flores não nascem”, como dizia também o Manuel Alegre.

É forçoso que construamos, dentro da nossa especificidade, um País novo, o País de
Abril, onde os homens estejam – como referia Paul Valéry – “prontos a enfrentar coisas que nunca existiram”.

Sede dignos, igualmente das fardas que em 25 de Abril, de mangas arregaçadas, empunhando a raiva e o desejo de gritar bem alto "BASTA", puseram fim ao governo cruel de Caetano, continuador do despotismo santacombadense.

Sede dignos desses homens e ajudai o País a aprender a soletrar palavras como LIBERDADE e AMOR.

Pilotos recrutas do curso P1/74 que os vossos aviões, e os conhecimentos aqui obtidos vos sirvam para estreitar as distâncias, na tal "Viagem do Homem para o Homem".

A todos, boa viajem!

António Ferreira Pinto
Alferes Miliciano

Rastos:
USB Link
-> Penduras - P1/74
Botão Barbearia[0.372/2008]
Nesta barbearia é Abril [ I ]

Talvez os mais novos não acreditem mas esta Barbearia só pôde existir depois do adeus.

LNT
Botão Barbearia[0.371/2008]
Coisas com mau aspecto
Lavagante
Observar o que se está a passar no (ainda) maior Partido da Oposição é um exercício complexo e conduz a um esforço acrescentado para tentativa de compreensão daquilo que se seguirá no País.

Entre as diversas candidaturas viáveis, Pedro Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite e Pedro Santana Lopes, há o elo comum da inviabilização da acção:

- A de Passos Coelho, a única que reconheço com alguma possibilidade junto do eleitorado, dificilmente conseguirá vingar internamente devido à resistência da máquina partidária;

- A de Ferreira Leite, porque nunca se livrará da vingança que os seus companheiros populistas lhe tem destinada;

- A de Santana Lopes, que será vingada pelos habituais opinion makers que, mais uma vez, irão ser derrotados nas urnas.

Sócrates agradecido pela ausência de resistência à direita, arrisca-se a perder a esquerda.

EscorpiãoA abstenção vai disparar em flecha e abre-se caminho ao reforço dos partidos totalitaristas de esquerda.

Esta confusão iniciada com a debandada de Durão Barroso e apadrinhada por Jorge Sampaio, que na altura preferiu sacrificar o País a seis meses de roda-viva para sanear a direcção do PS e liquidar as pretensões futuras da linha populista do PSD, comprova as razões que levaram Ferro Rodrigues a bater com a porta.

Em vésperas do 25 de Abril a coisa está com mau aspecto.
LNT
Botão Barbearia[0.370/2008]
Já fui feliz aqui [ CXCV ]
 Marsupilami

Marsupilami - André Franquin - Bélgica
LNT

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.369/2008]
Fraca memória
Pilar Pacheco
Aos admirados (e embevecidos) com a visão de uma ministra-mulher espanhola passar revista às tropas só resta apelar à memória e linkar José Mateus Cavaco Silva, no Claro, em 14 de Novembro de 2007, onde, sobre a revista passada à soldado Pacheco dizia:

"Tivessem os castelhanos vindo a Aljubarrota com uma tropa com esta imagem e nestes preparos e o forno da padeira teria sido outro..."
LNT
Rastos:
USB Link
-> Claro - Nova imagem das FA's espanholas
-> Claro - José Mateus Cavaco Silva
Botão Barbearia[0.368/2008]
Grau 0

De malabarismo em malabarismo até ao malabarismo final.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Expresso - Jardim disponível
Botão Barbearia[0.367/2008]
Lisboa, cidade de tolerância
Massacre de Lisboa 1506

Uma iniciativa iniciada em 15 de Março de 2006 por Nuno Guerreiro Josué, no Blog da Rua da Judiaria, onde descrevia o Massacre de Lisboa realizado 500 anos antes, acabou no registo que ontem, a Câmara Municipal, perpetuou no Largo de São Domingos.

Embora na altura não tenha aderido à convocatória das velas por não me identificar com um acto praticado há 500 anos, nunca deixei de entender que se impunha o apelo à memória histórica para não repetição de actos que envergonhem a humanidade.

O episódio para que Nuno Guerreiro nos alertou esteve abafado tempo demais, nunca constou dos manuais de História e enunciava-se assim:
"Durante três dias, em nome de um fanatismo sanguinário, mais de 4 mil pessoas perderam a vida numa matança sem precedentes em Portugal"

O memorial fica para alerta das gerações futuras.
LNT
Rastos:
USB Link-> Rua da Judiaria - 500 anos: O massacre de Lisboa
-> Rua da Judiaria - Nuno Guerreiro
-> Câmara Municipal de Lisboa - Lisboa, Cidade da Tolerância
Botão Barbearia[0.366/2008]
The show must go on
Facas Laranja
O confrangedor espectáculo que os directos da SICn têm passado a partir do berço pontapeado, onde os confrades se despedem com um puxão para desencravanço das facas que acumularam nas costas também no último round, na versão Menezes, é bem demonstrador da rumba que por ali se dança.

Os que pensavam que o pão e o circo já bastavam que se preparem porque estão prestes a entrar em cena os últimos malabaristas.
LNT
Botão Barbearia[0.365/2008]
Já fui feliz aqui [ CXCIV ]
Santana Lopes

de Gargalhada - Santana Lopes - PM - Portugal
LNT

terça-feira, 22 de abril de 2008

Botão Barbearia[0.364/2008]
Pesca de fundo
Choco
Sem alegria, mas com amor, Manuela dispõe-se a seguir o cherne depois de olvidar o bater de porta quando foi trocada, sem um beijo, por uma mão cheia de poder e honrarias.

Lula
Manuela voltou até ao fundo do desejo atrás de uma só fantasia, apanhada por uma confraria de marmotas, polvos e carapaus de corrida, que lhe sussurra, quase sempre mentindo, que o cherne neles circula como água silenciosa do passado.

Manuela, escamudo traído, peixe recalcado, pretendendo escapar à solidão e à mágoa, com os olhos rasos de água, segue pois o cherne, antes que venha já morto, boiar ao lume de água, mentindo o cherne a vida inteira.
LNT
Rastos:
USB Link-> Entre as Brumas da Memória - Joana Lopes


Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...

Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...

Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa...
Alexandre O'Neill