Os portugueses consomem. Como consomem, tem de se lhes sacar parte do dinheiro que usam no consumo. Como os que consomem luxo estão a consumir menos, há que sacar no consumo do não-luxo. Alarga-se o universo, aumenta-se o saque.
Acontece que o dinheiro não é elástico, pelo menos para alguns. Os portugueses passam a consumir menos e, para que se mantenha a receita, há que agravar o valor do saque e compensar o menor consumo. Aumenta-se a taxa, aumenta o saque.
Acontece que os portugueses consomem cada vez menos porque o dinheiro, além de não esticar, também rareia. A coisa complica-se. O dinheiro não chega para o consumo e as receitas do saque, secam.
Os portugueses trabalham. Como ganham dinheiro com o trabalho, tem de se lhes sacar parte do que ganham. Como produzem para um mercado que não consome, deixam de trabalhar.
Os portugueses não trabalham nem consomem. Como têm casas que valem dinheiro tem de se lhes sacar dinheiro dessas casas. Como não têm dinheiro para esse saque têm de vender as casas e o saque monta-se nessas transacções.
Mas os portugueses que não consomem, não trabalham nem têm casas, também já não têm dinheiro para novas casas, aliás nunca o tiveram porque compravam as casas com o dinheiro que depositavam nos bancos para que estes lho emprestassem com juros.
Nada tarda para que o único saque possível seja nas calçadas portuguesas e nem dinheiro de saque vai haver para comprar as balas que evitem os arremessos.
LNT[0.257/2011]