Como dizia um estapafúrdio chefe de gabinete com quem lidei em tempos:
Esta gente não se enxerga!Quem teve a oportunidade e o interesse de acompanhar pelas televisões noticieiras o desenrolar do
Congresso Nacional do PS verificou que foram puxados, até à exaustão, três assuntos em que os jornaleiros de serviço se concentraram, a ver:
1 - Listas conjuntas/listas concorrentes;
2 - Caso da visita aos bastidores feita por António José Seguro; e
3 - Revisão Constitucional para entrada do tecto do défice.
Como
Passos Coelho só teve oportunidade de acompanhar o Congresso pelas televisões e mandou uma figura menor representá-lo no encerramento dos trabalhos, não teve oportunidade de saber o que ficou dito e por isso declarou à comunicação social que nada de novo de lá tinha saído. Pouco importa, em breve terá oportunidade de ouvir na Assembleia da República o que agora não lhe interessou, nem sequer para poder fazer um balanço um pouco mais lúcido.
Voltando aos pontos que os nossos pivots de serviço e comentadores (in)dependentes e (im)parciais não pararam de referir:
Sobre o ponto um – Listas – o interesse para a opinião pública era tanto como o de saber porque razão não se fazem listas únicas quando os cidadãos elegem os seus deputados para a Assembleia da República. Um assunto que reside na democraticidade interna do Partido mais livre de Portugal, em vez de ser entendido como sinal de vigor e de verdade foi objecto de tricas jornaleiras para daí tentar engodar a opinião pública, na tentativa de passar a imagem de divisão que nunca conseguiram encontrar nos corredores e no plenário da reunião magna.
Sobre o ponto dois – Charme de
António José Seguro e engulhos de
António Costa – a vontade de criar um caso foi tal que, depois de Assis ter dito o que disse sobre a sua posição em relação à nova liderança do PS e com isso ter esvaziado a intriga dos pivots, se apontou a matraca para repetir sem cessar que António Costa era o verdadeiro opositor de Seguro, mesmo sabendo que ele não era concorrente.
A visita que Seguro fez aos bastidores, em vez de ser considerada aquilo mesmo que era – uma cortesia aos trabalhadores da comunicação social e uma demonstração de reconhecimento pela divulgação dos trabalhos – passou a ser comunicado como manobra
comicieira de
charme (de nada serviram as permanentes declarações de Seguro confirmando que este é um tipo de acção que lhe é comum e assim sabido por todos os que já tiveram oportunidade de lidar com Seguro ao longo dos anos).
O momento alto veio a conseguir-se quando Seguro visitou a TVI24 e, em vez de o barrarem por se estar a realizar um directo com António Costa (coisa que era evidente Seguro não poder saber porque estava em trânsito), deixaram-no entrar em cena criando uma situação inesperada. António Costa, que afinal parece saber quem é António José Seguro, reagiu e abandonou a entrevista dando margem para todas as especulações. Foi aquilo a que esta gente chama de "
momento televisivo". Não interessa para nada, mas um
gag é sempre um
gag, e não se pode desperdiçar.
Sobre o ponto três – Revisão da Constituição para que passe a conter um tecto – único ponto que poderia ter algum interesse político embora insignificante naquele momento dado ser matéria a tratar noutra sede. Bastou saber que Seguro não faria declarações sobre o assunto para que a questão fosse colocada centenas de vezes.
Dito isto confesso que, também eu que não pude ir ao Congresso, estou agradecido pelos muitos directos que foram feitos os quais me permitiram, nos raros momentos de silêncio opinante dos jornalistas e dos papagaios de serviço, acompanhar aquilo que os congressistas disseram.
Bem-hajam por isso.
LNT[0.370/2011]