quarta-feira, 29 de junho de 2011

Honra ao regime

Assunção Esteves

Estava de portas fechadas quando Assunção Esteves subiu para a tribuna que há muito merecia. Por isso na reabertura deste espaço ficaria mal se aqui não pendurasse, na galeria dos heróis do corredor das massagens, a sua moldura engalanada com o aplauso que em Conceição de Tavira lhe fiz e atrasou a tarde de mergulhos na Ilha de Cabanas.

Prefiro não estragar este post com a recordação do espectáculo triste que antecedeu, num dia medíocre, tão brilhante festa da sensatez e do sentido orgulho de pertencer a uma Nação democrática que, de vez em quando como foi desta, tem a capacidade de deixar o óbvio besunta e avançar para soluções de futuro com um olho no mérito e o outro no novo.

Derrotados ficaram os imbecis que julgam que o papel de o Presidente da Assembleia da República se resume a mandar levantar e sentar os nossos eleitos, uma imbecilidade que durante alguns dias se ouviu nas nossas televisões para justificar a teimosia na tolice de tentar impor o absurdo que representou a repescagem de Nobre com um anzol em trilátero.

Ficaremos sem saber de quem foi o golpe de asa que guinou o bom senso e, nós que não somos apoiantes desta maioria, teríamos todo interesse em sabê-lo para que nos pudéssemos precaver de futuro.

A eleição de Assunção Esteves, à primeira volta e em primeira escolha por quem tinha que a escolher, para desempenho de tão relevante cargo foi um acto de inteligência e demonstra que, afinal, ainda não chegámos ao fim do regime.

Resta desejar-lhe os maiores êxitos, que serão também nossos.
LNT
Imagem retirada do "da Literatura"
[0.242/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXVI ]

Cacela Velha
Cacela Velha - Algarve - Portugal
LNT
[0.241/2011]

terça-feira, 28 de junho de 2011

Marcelo, digo, Senhor Professor

Serpente - Basílica da EstrelaReconheço que Marcelo é dos poucos comentadores televisivos que não tem língua de pau. A dele é em pele.

No último marcelar reparei que Marcelo, digo, Senhor Professor, evocou Sá Carneiro (pobre homem que todos evocam até para justificar as piores tontarias) para comprimir as glândulas segregadoras de neurotóxicos numa mordidela relâmpago que desferiu no Senhor Ministro que gostava que o tratassem pelo nome.

Marcelo, de cognome Senhor Professor, é um tratado. Oxalá nunca venha a ser Presidente senão ficaríamos sem saber o tratamento que lhe deveríamos dar.
LNT
[0.240/2011]

Nostalgia

MarEsta coisa de estar uns dias de papo para o ar à espera que o Sol se ponha na praia e a rezar para que as melgas não nos comam vivos quando o lusco-fusco avança tem o encanto que a vida de todos os dias não tem até porque, nessa altura e por muito que se reze, as melgas estão sempre presentes e mordem sem se importarem com a hora a que o fazem.

Sei que estou em férias, mesmo curtas, quando olho para o pulso e não vejo as horas, quando olho para a tv e os noticiários já foram, quando olho para um teclado e só lá vejo o gelo a temperar a vodka e a lima.

Cansa-me esta rotina dos minutos contados, da correria para que nenhum deles escape ao alinhamento de forma a evitar que a agenda se transforme num monte de simultaneidades e num exercício de omnipresenças impossível.

Pronto. Ponto marcado, tarefas anotadas, presenças garantidas. Lufa-lufa, que os Senhores Secretários de Estado já tomaram posse e a coisa vai começar a doer.

O que mais me custa é a saudade do mar, mesmo do de levante.
LNT
[0.239/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXV ]

Ostras
Ostras - Cacela Velha - Algarve - Portugal
LNT
[0.238/2011]

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Preciso de ar

Até já


LNT
[0.237/2011]

Ai que prazer, não cumprir um dever *

Ricardo PaulaJá sonho com a bela da sardinha assada na marginal de Portimão num entretanto de portagens Lisboa/Tavira.

Já sonho com o daqui a um bocadinho para deixar esta traquitana entregue ao sossego e dedicar-me ao mar.

Avio-me Seguro. Os escanhoados e caldinhos seguirão dentro de momentos.


Fiquem bem.
* Fernando Pessoa
LNT
[0.236/2011]

Ai Costa, Costa

Paula RegoAntónio Costa sabe que eu sei que ele sabe que é falsa a sua frase: "é uma boa praxe parlamentar e não deve ser quebrada." (relativa à praxe de se votar no candidato do Partido com melhores resultados eleitorais)

António Costa sabe que eu sei que ele sabe que já se tiveram de repetir muitas eleições para Presidente da Assembleia da República porque muitos deputados resolveram votar contra os candidatos apresentados pelos diversos Partidos vencedores nas legislativas.

António Costa sabe que eu sei que ele sabe que já houve Presidentes da Assembleia da República que não saíram do Partido mais votado (embora da AD, Oliveira Dias era do CDS e esse nunca foi o Partido mais votado em Portugal)

António Costa sabe que eu sei que ele sabe que a eleição do Presidente da Assembleia da República é feita por voto secreto e que por isso se presume que não se saiba quem votou a favor ou contra os candidatos e, sabe que eu sei que ele sabe, que as eleições do PAR não têm sido, por praxe, unânimes. (Ignoro se houve já algum Presidente da Assembleia da República eleito por unanimidade)

Todos nós sabemos que António Costa sabe que nós sabemos que ele sabe que gosta de dizer coisas e também nós sabemos que ele sabe que nós sabemos que ele sabe que às vezes era preferível ficar calado a expor-se com calinadas deste teor.

Nós sabemos que aquilo vai ser um imbrólio, pá, mas não te metas nisso.
LNT
[0.235/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXIV ]

Galeirões
Galeirões - Alentejo - Portugal
LNT
[0.234/2011]

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Aluados

LuaCom o eclipse total da Lua em momento Lua Cheia, a Europa, com os pés ao léu, anda a constipar-se. É a regra do cobertor que se puxa para tapar o peito e deixa as extremidades de fora no convencimento de que a pneumonia aguda nada tem a ver com o frio apanhado nos artelhos.

Na Grécia já não se chora. Mata-se e morre-se. Em Espanha ainda são só os "à rasca deitados" (que lá são "os indignados", designação mais condizente com a civilidade da coisa e que marca a diferença entre o original e a cópia) mas adivinha-se que está eminente a passagem de geracional a inter-geracional.

Enquanto isto, diz-se que Passos e Portas já deram o abraço do urso e se preparam para fazer aquilo que prometeram:
- Formar um Governo curto com muitos ministérios;
- Não contratar entre si a nomeação do Nobre para um lugar de eleição;
- Prestar vassalagem ao baronato sediado em Belém e nas sedes de concelho; e, claro está,
- Mergulharem no pote para chafurdar no mel.

Diz-se também que o mal global, no futuro imediato, não é o aquecimento global mas sim o frio que se alinha num novo ciclo do Sol, o que promete uma década de arrefecimento moderado e mais resfriados.

Tudo isto que se diz e mais umas cretinices à volta das trafulhices de uma centena de votos sul-americanos que igualmente não aquecem nem arrefecem, coisas de psicadélico, de piscolello, ou lá o que é, conduzem-nos ao retorno do dito tribuno que vaticinava só nos conseguirmos livrar do mal se o esfregarmos com benzina.

Ontem, enquanto olhava a Lua a esconder-se, tinha vontade de lá estar, de fazer parte do eclipse, até que o cone de sombra passasse.
LNT
[0.233/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXIII ]


Tomates
Tomates - Produção nacional - Algarve - Portugal
LNT
[0.232/2011]

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Falemos de Belém

Sapatos
Ao cuidado de António José Seguro:

Se eles têm Belém porque não poderemos nós ambicionar o mesmo?
E que bem que nos ficaria uma mulher na presidência do Partido.
LNT
[0.231/2011]

Ruralidade

SecaVoltemos então à ruralidade. Voltemos ao campo, ao interior, à couve portuguesa, ao caldo verde, aos passarinhos que, tão engraçados, fazem os ninhos com mil cuidados.

Voltemos ao xisto, ao granito, ao minifúndio, à vinha da uva morangueira euro-proibida.

Voltemos, mas só de férias porque no labor sejamos urbanos, litorais, bronzeados, com mansões de ripanço viradas a Sul, ao mar e ao Sol, rodeados de amigos-sócios-companheiros, com uma ou outra figueira ou alfarrobeira para recordar a ruralidade da infância, a lavoura de subsistência, a dependência dos merceeiros que compram os produtos da terra abaixo do valor do adubo e os transaccionam no lucro. Intervalemos a monotonia da contagem de notas que a aplicação financeira promoveu com a pastorícia de um qualquer dez de Junho.

Voltemos à lavoura, à desmatação da cortiça, ao negócio da lata, à exploração transgénica, ao bucólico e à caça aos melros nos jardins de um palácio do Estado feito sede de poder, à mão de semear de uma canhoeira que se alinhe no Tejo.

Ou então naveguemos no mesmo mar que nos trouxe ouro e especiarias que estoirámos com a mesma displicência com que derretemos os milhões oferecidos pelo continente que nos abriu as fronteiras quando desfizemos o Império e devolvemos aos seus indígenas as terras padroadas a ferro e fogo.

Fiquemo-nos pela nossa intrínseca ruralidade, agora quase todos doutores, com tiques urbanos, com a tronchuda numa mão e na outra as rédeas de uma azémola que nunca soubemos conduzir mas que, por sermos broncos que renegam o saber da raiz e não se desenvolvem nas luzes, fazemos precipitar a Nação no destrutor de quem muito se engana por nunca ter dúvidas.
LNT
[0.230/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXXII ]


Balugães
Balugães - Minho - Portugal
LNT
[0.229/2011]

terça-feira, 14 de junho de 2011

Portugal dos Pequeninos

Portugal dos PequeninosGosto do João dos Pequeninos.

Gosto de saber que o Pequeninos do João fez, no passado dia 11, oito aninhos. Gosto de gente que conheço só de meia dúzia de apertos de mão mas que se mostrou sempre gente em cada um deles.

Um abraço ao João Gonçalves e os votos de que o Portugal dos Pequeninos continue a ser para que eu o possa ler diariamente, quase sempre com um sorriso a tender para a gargalhada, o que confirma a minha estima pela liberdade.

Nota: Estava eu a alinhar este post e parece que, por transmissão de pensamento, o João andava por aqui a mandar-me à merda. Pouco importa. Penso já vos ter dito que é esse seu mau feitio e frontalidade que me fazem sorrir, a tender para a gargalhada.
LNT
[0.228/2011]