quinta-feira, 24 de abril de 2014

Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade

Cravo

Hoje, noite de Abril, sem lua,
A minha rua
É outra rua.

Talvez por ser mais que nenhuma escura
E bailar o vento leste
A noite de hoje veste
As coisas conhecidas de aventura.

Uma rua nova destruiu a rua do costume.
Como se sempre nela houvesse este perfume
De vento leste e Primavera,
A sombra dos muros espera

Alguém que ela conhece.
E às vezes, o silêncio estremece
Como se fosse a hora de passar alguém
Que só hoje não vem.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I

LNT
[0.139/2014]

Em estágio

Águia
LNT
[0.138/2014]

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Aos 31 minutos

Desemprego

"Eu gostaria muito que fosse mais porque 14,8% de desemprego é um ... um desemprego muito elevado, é um desemprego muito elevado.

menhããã, portanto não há dúvida nenhuma, tenho dito várias vezes, a taxa de desemprego é talvez a coisa mais dramática que nós temos em Portugal, quer pelo que representa para todos aqueles que estão desempregados, uma perda muito grande, não é só uma perda financeira, é realização profissional também, de dignidade, nhum,nhum, da maneira como se inserem na sociedade esse é um custo elevadíssimo, mas é também um custo para a economia porque ter tantas pessoas desempregadas significa evidentemente que não estamos a tirar o proveito devido se elas tivessem a trabalhar portanto é um resultado, é um resultado negativo."

Principalmente a ênfase em: “um custo para a economia porque ter tantas pessoas desempregadas significa evidentemente que não estamos a tirar o proveito devido

Um artista português que sabe que o País só está melhor porque os portugueses vivem em confisco e, por isso, estão pior. Palavras para quê?

Impostos

LNT
[0.136/2014]

quarta-feira, 16 de abril de 2014

E por falar em alforrecas

AlforrecaQuem era aquele senhor que ontem apareceu na televisão rodeado de luxos, cetins e dourados para falar das mil e uma maneiras de pôr o nosso País melhor, piorando a vida das pessoas que nele habitam?

Aquele senhor que dizia (cito de cor) que o desemprego é uma catástrofe porque é um desperdício de proventos para o Estado (como se o desemprego não fosse, antes de mais, uma catástrofe para quem está desempregado e para os seus familiares).

E o outro senhor que estava sentado em frente dele a fazer perguntas era o mordomo da mansão onde se estava a encenar a peça?

Falta muito para termos um Primeiro-ministro a sério? E jornalistas independentes?

Falta muito para terminar o período eleitoral e voltarmos à política do esmifranço inconseguimentista do "que se lixem as eleições"?
LNT
[0.135/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCXCIII ]

Alentejo
Alentejo - Portugal
LNT
[0.134/2014]

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O massacre

UrnaO blackout (não confundir com haircut que é matéria de barbeiros e de outras profissões de navalha) relativo ao que se prepara, decretado até às eleições com o fim de evitar que os resultados das urnas sejam muito antipáticos, não esconde as malfeitorias que se sabem em preparação nos corredores do poder.

Se os resultados eleitorais não forem um sinal claro do desagrado dos portugueses, o poder instalado nos palácios e palacetes estatais vai convencer-se das suas razões e continuará o massacre e sangria da classe média até que ela regresse ao estado em que o Estado Novo a tinha, na doutrina de que os assalariados não lhe são pertença.

O poder julga-se o País e sabe-se que, no seu conceito, o País está melhor.
LNT
[0.133/2014]

Rui Sarmento

Missing Men

Hoje tivemos a notícia de mais uma baixa na nossa asa do P1/74.

É assim a vida quando nos confrontamos com a verdade de que também ela é eterna até ao dia em que se faz temporária. A aerodinâmica do grupo adquirida no curso mantém-se embora a fuselagem já vá tendo uns rombos e remendos.

Se houver algo mais do que estes vai-e-vem em que andamos, fica de bem, Rui Sarmento
LNT
[0.132/2014]

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Em estágio

Águia
LNT
[0.131/2014]

Às vezes

MagritteÀs vezes temos tantas saudades de nós. São vezes em que nos alheamos daquilo que nos cerca e olhamos para dentro ou para uma foto cheia de fantasmas.

Às vezes dá vontade de terminar as saudades e de que tudo volte a ser o que foi ou que, mesmo não tendo sido, volte a ser o que lembramos ter sido e que nos seja possível encastrar nos registos de papel ou de bits e ficar por lá até que as saudades passem.

Às vezes tudo o que é real parece tão pouco importante.
LNT
[0.130/2014]

terça-feira, 8 de abril de 2014

com o mal dos outros

PicadoDiz-nos o Tiago:
Num país a bater no fundo, os pobres não se acham pobres, incluindo as classes médias depauperizadas, e os pobres incorporam o discurso dominante, aplaudindo os populistas.
Diz, porque sabe o que diz e diz porque é isso mesmo que se constata, embora poucos digam.

A política da anti-coesão, da diferenciação dos governados por classe e do jogo que coloca todos contra todos, a partir do modelo "com o mal dos outros posso eu bem" vai levar a que cada um fique com o seu mal e que todos fiquem pior (embora digam que o País está melhor).

A ler o Tiago Barbosa Ribeiro.
LNT
[0.127/2014]

Campagne électorale oblige

CoelhoLeio que voltou a ser autorizada a discussão sobre o aumento do salário mínimo nacional.

Eleições oblige!

Ou por outras palavras:
"Digo hoje perante o país que o Governo está disponível para aprofundar o esforço de concertação (...), de modo a trazer para cima da mesa a discussão da melhoria do salário mínimo nacional e a revisão do que tem a ver com as condições da negociação colectiva"
(Pedro Passos Coelho)
O palavreado dissimulado misturado com a novilíngua desta gente, atinge o cúmulo quando nos aproximamos das eleições, apesar de tudo isso ter sido antecedido, fora do período eleitoral, de um "que se lixem as eleições".

"Digo hoje perante o País – disse para os trabalhadores do PSD (o País?);

"Que o Governo está disponível" – Disponível?

"Para aprofundar o esforço de concertação" – Aprofundar o esforço?

Dum esforço profundo precisa o Governo. De um profundo esforço que lhe dê, nas próximas eleições e antes de começar, de novo, o período "que se lixem as eleições", uma colossal ensinadela sobre a inteligência dos que nem governa, nem deixa que se governem.
LNT
[0.126/2014]