[0.259/2007]
Cortes (de cortar) e cortes (reais)
Coisas minhas, de barbeiro incoerente, estas de ser republicano e no entanto considerar que um Rei constitucional tem tanto valor e é tão legal como um Presidente da República.
Aquele legal do primeiro parágrafo quer dizer que não é imposto mas deriva de uma Constituição aprovada num regime democrático, onde quem aprova a Constituição é eleito pelos cidadãos.
Ainda mais incoerente é este barbeiro quando considera serem Juan Carlos de Espanha, Sonja da Noruega e Beatrix da Holanda, entre outro(a)s Chefes de Estado de monarquias constitucionais, com Constituições aprovadas por democracias, tão Chefes de Estado como qualquer Presidente da República eleito, porque são igualmente detentores do poder por efeito do sufrágio universal e secreto, embora indirecto.
O que o barbeiro põe em causa é que Presidentes da República eleitos em democracia possam, depois de eleitos, fazer tábua-rasa das constituições que os elegeram, promoverem golpes de estado constitucionais e transformem-se em monarcas iluminados pelo poder divino de Bolívares, Castros e quejandos.
LNT
Caro João (viva o Benfica), esta coisa dos Blogs é um livro hiper-aberto de quem se lê.
Só seria indigno da minha parte se te não tivesse metido neste barulho, assim como agora também chamo à liça o Rui Perdigão.
Fazê-lo não diminui em nada toda a estima que sabes por ti ter, nem aquela outra que nutro pelo pintor bloguista.
E não é encanto, meu caro João, é simpatia, porque as estórias de encantar, embora doces, já não me convencem.
Rastos:
- Água Lisa (6)
- Vida das Coisas
5 comentários:
Caro LNT
Eu até tenho simpatia e apreço pessoal por Juan Carlos. Até é a única figura real pela qual tenho alguma simpatia. E até compreendo a sua posição, embora naquela cimeira parecia que se estava a ver mais como FilipeII do que como Juan Carlos.
Ainda por cima estes acontecimentos obscurecerram uma intervenção de Daniel Ortega que me pareceu importante.
O problema de base é a forma como a Espanha encara estas cimeiras, um pouco como se a Espanha quisesse manter uma "tutela" sobre a iberoamerica em vez duma relação igualitária (algo que Portugal nunca conseguiu fazer com o Brasil, bem pelo contrario). E a intervenção de Juan Carlos reflecte essa mesma mentalidade.
Não se me afigura despropositada a atitude de Juan Carlos.
O Sr. Chavez foi ofensivo para com um político eleito democraticamente e que governou como tal(Aznar) e estava a interromper, de forma malcriada, o Primeiro Ministro de Espanha quando este se limitava a lembrar-lhe esse facto. Entendo que ao Chefe de Estado espanhol não se poderia exigir que ficasse impassível perante estes comportamentos.
Mas parece que ao Sr. Chavez tudo deve ser permitido...
Depois de assistir àquele disparate chaviano, fiquei com melhor impressão do sr. Castro. Não me lembro de episódio igual ou sequer semelhante nas Cimeiras em que participou. Deve ter bebido algum chá em pequenino.
Para memória futura:
Declarações de Miguel Moratinos, MNE de Espanha em 24/11/2004:
"O ministro espanhol de Relações Exteriores,Miguel Angel Moratinos, acusou o governo Aznar de apoiar o golpe de 11 de abril. "No governo anterior, coisa inédita na diplomacia espanhola, o embaixador espanhol recebeu instruções de apoiar o golpe, coisa que não se vai produzir no futuro”, disse Moratinos em entrevista a TVE."
Ou seja a essência do que disse Chavéz já foi corroborado anteriormente pelo governo espanhol. A forma e a oportunidade podem ser discutíveis, mas o essencial da intervenção de Chavéz refere-se a este assunto e tem razão (como implicitamente reconheceu aqui o MNE de Espanha)
ler notícia completa aqui:
http://www.voltairenet.org/article122956.html
José Manuel
Já todos percebemos onde quer chegar e também já se lhe disse anteriormente que Aznar, mesmo não sendo fascista como Chavéz diz, portou-se muito mal. Já recebeu o castigo que, em democracia, os eleitores espanhóis entenderam dar-lhe.
Daí a apoiar o comportamento de Chavéz vai uma imensidão. Aliás estaremos todos cá para ver se Chavéz será tão democrata como foi Aznar e se se sujeitará a eleições livres e ao cumprimento da Constituição quando chegar a sua altura.
Reafirmo o total apoio a Zapatero e igualmente o de Juan Carlos.
Alguém tem de ensinar boas maneiras a quem não sabe respeitar as regras do convívio democrático das Nações.
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