domingo, 9 de março de 2008

Botão Barbearia[0.233/2008]
Porque é que o PCP e as suas correias de transmissão não podem cantar vitória
Foice e Martelo
Porque aquilo que se passou em Lisboa (a Manif dos prof.s) só resultou porque estavam lá muitos mais dos que têm por formatada, como democrática, a ideia da Ministra da Educação. E essa ideia, a de quero, posso e mando, só resulta da ideia estalinista da cultura democrática.

O PCP e as suas correias de transmissão deveriam entender que a falta de cultura democrática de quem exerce o poder e que obriga, num País democrático, 100.000 pessoas a virem para a rua dizer que não querem essa cultura de estalinismo, é a mesma que as leva a repudiar aquilo que ainda se observa nos residuais regimes Cubano e da Coreia do Norte.

É essa mesma cultura estalinista que formata, no seu âmago, outros que hoje se reclamam das mais amplas liberdades e que os distingue dos que não prescindem da liberdade para julgar a falta de democracia daqueles que, até por disciplina partidária, os deveriam encobrir. A cultura democrática não é uma esponja. Por isso mesmo não haverá disponibilidade para, na rua, no Porto a 15, fingir dar razão a quem não tem autoridade cultural de reclamar uma cultura de solidariedade, que não merece.

O PS tem de perceber que a cultura democrática tem de fazer parte dos curricula dos que escolhe para governar o País e que o exercício do poder, quando exercido pelo PS, tem de ser coerente com os seus princípios.

Não o entender é tão ilógico como ver uma Zita Seabra a defender os princípios do PSD, ou um Vital Moreira a fazer a defesa dos princípios do PS com a mesma veemência com que há pouco defendiam, enquanto seguidores do pensamento e da cultura de Estaline, o pensamento único e coerente.
LNT
Rastos:
USB Link-> Escaninho - Ricardo Batista (RB)
-> Cogir - José Manuel Dias

20 comentários:

contradicoes disse...

Por mais que os docentes se queiram demarcar dos partidos políticos, os dirigentes destes comprometem-nos

E isso ficou bem provado hoje pelas palavras do secretário-geral do Partido Comunista Português, ao afirmar que se o primeiro ministro não tiver em conta o número de participantes na manifestação de ontem levada a cabo pelos docentes e se atrever a mexer no actual Código do Trabalho, vai-se confrontar com novas situações que colocarão em risco a continuidade da sua governação. Por mais que os docentes pretendam demarcar-se dos partidos políticos, estes face à colagem que fizeram contrariam em toda a linha essa demarcação. E se o que está em causa são reivindicações meramente profissionais com esta colagem cuja demarcação os líderes partidários não o permitem, levam a que a opinião política conclua que também e sobretudo se trata duma campanha política para denegrir o governo. Daí achar que os dividendos a colher desta e de futuras manifestações ou acções de ruas, serão desfavoráveis a esta classe de profissionais, visto estarem à partida comprometidas as suas reais intenções.

Anónimo disse...

Não me parece que tenha sido o PCP a cantar vitória, nem reivindicado como sua a manif.

Mas se durante toda a semana vários ministros do Governo e os acólitos do governo encartados em comentadores dos jornais ou da blogosfera (tipo Emídio Rangel) andarem a insitir na tecla deque a manif do dia 8 era uma manobra conspiratória de comunistas subversivos (quiçá ao serviços de obscuros interesses estrangeiros??)o que fazer agora que a manif foi um sucesso?

O PCP nem precisa de dizer nada porque o PS já lhe entregou o menino nos braços, apesar de haver ainda outros pretendentes (alegristas, menezistas, bloquistas,...)

Luís Novaes Tito disse...

Caro Raul

Eles bem se podem tentar colar mas, ao contrário do que se pensa, a cola já não segura.

Esta tenttiva de aproveitamento político é chão que já deu uvas e, das duas uma:

Ou o bom senso retorna e se entende de vez que em todas as profissões há bom e mau em vez de as tentar diabolizar (como se tem feito com os funcionários públicos, médicos, professores, juizes, etc) para gerir com esses profissionais as mudanças necessárias, ou se perdem as oportunidades de fazer os processos avançar.

O Raul, tal como eu, não estará certemente convencido que aos professores, aos funcionários, etc., agrade a ideia de porem no mesmo patamar os capazes e os incapazes. Isso é mais uma das muitas falácias que se pretendem impingir, meu caro.

Aquilo para que eles não estão disponíveis é para que, em nome dessa distinção, os cataloguem a todos como calões e incapazes.

Anónimo disse...

Caro LNT,

Este post remete para várias e diversas questões. Vou apenas pegar em duas. Acho injusto,para VM, atendendo à generalidade das posições que tem defendido e à solidez do seu argumentário, colocar VM no mesmo "saco" de ZS. Por outro lado, também é injusto, porque não me parece que VM tenha a postura autoritária que ZS pretende ostentar. Aliás, a Zita falta-lhe autoridade, apenas lhe restam tiques autoritários.

Sobre a manipulação pelo PCP da manif dos profs, precisamente Vital escreveu, julgo que ontem, que "o PCP não costuma partilhar os ganhos da rua". Hoje mesmo o discurso de Jerónimo de Sousa, deu-lhe razão.

Estigmatizar V.M. porque provém do PCP, também não me parece ser uma atitude condizente com os valores do PS que aqui são reclamados, e bem, a cultura democrática e a tolerância.

Nota: O VM não precisa de "advogado". Estou apenas a emitir uma opinião em relação à referência que lhe é, a meu ver injustamente, feita neste post.

Um abraço,

WR

Luís Novaes Tito disse...

Caro WR

O radicalismo sitacionista de VM e os seus ensinamentos a quem, ainda ele andava em arruadas a tecer loas a Estaline, Fidel e outros, já fazia outras arruadas contra essas loas, não pode ficar sem resposta.

VM carece, tal como se diz no texto, de cultura democrática, porque ela só se revela quando a cultura estalinista está a resultar naquilo que se vê.

De resto é como o meu caro vizinho diz. VM não necessita de advogado. Se ele quiser tem aqui um espaço para o contraditório, aliás como já antes o fez e nunca lhe foi negado.

Vantagem dos Blogs que têm uma caixa de comentários aberta.

Abraço

Anónimo disse...

Caro LNT,

Não concordo nada com esse direito de precedência, nem com o direito de julgar os trajectos que cada um fez na vida. Esse argumento é parente daquele outro que faz o elogio da coerência de Cunhal, confundindo coerência com adesão cega e mística a ideais, ou adesão consciente e para a vida a ideias totalitárias.

Por outro lado, não vejo cultura estalinista, nesta altura do campeonato, em lado algum a não ser no serôdio PCP.

WR

Luís Novaes Tito disse...

O WR não vê o comportamento do quero, posso e mando. É a sua visão, meu caro, pelos vistos diferente daquilo que outros vêem.

Quanto à primeira parte gostaria de deixar bem claro que nada me preocupa os percursos de cada um desde que não tentem vir ensinar o Padre-Nosso ao Vigário.

Há pessoas que só acordaram para a democracia já com cabelos brancos. Ainda bem porque mais vale tarde do que nunca, mas prescindam de tentar dar lições de moral aos que já antes deles estavam despertos.

Anónimo disse...

Meu caro Barbeiro, só agora li este post.
Mas devo ter lido mal, com certeza. Não acredito que a Ministra da Educação tenha sido colocada no mesmo plano dos dirigentes de Cuba e da Coreia do Norte. EM DEMOCRACIA, é 'estalinismo' uma ministra pretender levar à prática uma reforma que está prevista no programa de um Governo maioritário na Assembleia da República, eleita com os votos dos portugueses? Reforma essa que foi previamente discutida com os sindicatos? Um governo democrático só pode cumprir o seu programa se o mesmo não provocar 'ondas'?....
Não ligues, efectivamente devo ter lido mal...

Luís Novaes Tito disse...

Pois foi Redexpo
Deves ter lido mal ou então na máquina onde leste não aparecem as linhas todas.
Um abraço

Anónimo disse...

Caro LNT,

Não faltava mais nada que na democracia que defendemos as decisões do governo fossem determinadas em absoluto pelo que "a rua" exige. Em democracia os governos decidem em função da legitimidade democrática que advém do voto. Se em 2009 o povo assim o desejar, poderá apear o actual governo e aí julgar as políticas por ele seguidas. E o mesmo mais não tem a fazer senão aceitar o veredicto soberano dos cidadãos.

É a vida...e é esta a única democracia que conheço. O resto são balelas.

Com elevada estima e consideração,

WR

JPG disse...

Não li os comentários anteriores, mas "apenas" o post e, portanto, é somente a esse conteúdo que se refere esta minha opinião.

O caso não está, parece-me, em o PCP poder ou deixar de poder cantar vitória. A questão reside em saber se irá ou não fazê-lo. E, quanto a isso, pergunto eu, onde é que está a dúvida?

Qual é a tradição, nesse aspecto? Qual foi o procedimento, neste caso, ou em que medida é que ele se desviou do habitual?

A "premonição" de Vital Moreira, um verdadeiro "expert" no assunto, não chega como certificado de apoderamento, por assim dizer?

Penso que não foram prévia e devidamente acauteladas as distâncias, na recente mega-manifestação, e já muito do efeito se perdeu - precisamente - pela imediata colagem do PCP e seus satélites à cabeça da organização. O PS (o Governo) saberão explorar esse facto político à saciedade, até porque têm lá muita gente habilitadíssima para o efeito, proveniente - nem de propósito - da fileira ideológica historicamente oportunista.

Luís Novaes Tito disse...

Caro WR

Como o meu vizinho sabe, essa teoria das democracias só terem de prestar contas nos períodos eleitorais, tem tido diversos episódios, digamos, desagradáveis, ao longo da História.

Claro que o poder não se faz na Rua, mas quando se faz na ignorância do que se passa na rua, geralmente acaba mal.

Luís Novaes Tito disse...

Caro JPG

Claro que o PCP há-de cantar vitória. Foi por isso mesmo que escrevi este texto, mas, explique-me lá o que é que isso importa?

Vai fazer 34 anos que o PCP canta vitória com todas as arruadas mas nunca foi por isso que passou a ter uma expressão eleitoral diferente da que tem.

Não estará certamente convencido que os milhares de pessoas que fizeram a Manif e não eram do PCP, se renderam aos seus encantos, pois não?

A técnica de associar os manifestantes a diversas partidarites não desvirtua a Manif.

O truque consiste exactamente em desvalorizar a Manif com acusações dessas, mas ao fim de 34 anos de democracia já ninguém cai no logro.

Anónimo disse...

Caro vizinho LNT,

O facto dos governos terem de prestar contas na altura das eleições já não é coisa pouca. Nas ditaduras isso não acontece. Mas, como é evidente, também não podem governar ignorando as percepções do povo e do eleitorado. De acordo. E não me parece que isso aconteça, no caso vertente.

Ao contrário do que possa parecer não creio que se ignore o que se passa "na rua". Veremos o que sucede na sequência do jogo. Falta ver a segunda parte da partida...

Deixe-me que lhe diga, a talhe de foice, que neste caso se a razão não está inteiramente do lado governamental, sobretudo no mode d'emploi, não está também, de todo, do lado dos manifestantes.

Por acaso reparou na incapacidade de desenvolver argumentos por parte dos entrevistados na rua? Não se trata propriamente de um grupo social sem qualificações escolares e sem capacidade de expressão. Não será mesmo falta de argumentos válidos? Não será mesmo que se está a mexer com um status quo que não se quer ver alterado? Não será mesmo que não se quer ser avaliado no seu desempenho?

Como profissional e como pai, tenho razões de sobra para saber que o lado dos manifestantes tem um grande défice de razões. A discussão que há muito bons professores, ou de que há bom e mau, como em todo o lado, La Palisse não diria melhor, serve apenas para aquele espírito de quem não quer mudar nada e deixar tudo como está.

Sempre a considerá-lo,

WR

Luís Novaes Tito disse...

Talvez o WR não tenha visto mas, a SIC-N entrevistou, no meio dos 60...100.000 (por aí) manifestantes um professor cujas características eram:

- Falava brasileiro (dizia ser residente em Portugal à 18 anos)
- Era loiro pintado
- Abanava-se um pouco
E, no cúmulo, o jornalista perguntou-lhe onde leccionava ao que ele respondeu, note-se:
- Na Casa Pia.

O meu caro vizinho acredita que isto foi por acaso? Acha que foi coincidência?

O WR nunca reparou na selecção das pessoas que as televisões gostam de fazer na rua?

Adelante!

O meu vizinho deve conhecer, como eu, alguns professores que não são, nem nunca serão do PCP e que estavam na Manif. Conhece-os e sabe que se fossem eles os entrevistados já não poderia escrever "na incapacidade de desenvolver argumentos..."

Aquele velho slogan "se viu na TV é porque é verdade" também já não é o que era, não é verdade?

Malhar em ferro frio, é o que é.

Parece aquela do nosso Primeiro dizer que a Rua não condiciona o poder democrático e ao mesmo tempo manda o Partido preparar um comício de Rua (embora debaixo de telha) para o próximo Sábado.

Enfim, valha-nos o merceeiro da Quinta dos Inglesinhos. Pelo menos comemos fruta boa.

Abraço

Anónimo disse...

Caro vizinho,

O meu conhecimento do caso não é da TV, é como profissional e como pai que sei do que falo.

A fruta do senhor Joaquim que está no centro do bairro há mais de vinte anos e agora também na periferia do mesmo, aqui ao meu lado, também é muito boa.

Abraço,

WR

Anónimo disse...

"Ao contrário do que possa parecer não creio que se ignore o que se passa "na rua". Veremos o que sucede na sequência do jogo. Falta ver a segunda parte da partida..."

Escrevi em comentário atrás.


Notícia do dia:

Ministério da Educação e Sindicatos referem que pode vir a haver entendimento entre ambos.

E agora LNT?


WR

Anónimo disse...

O que se passa?!! Temos a melhor Ministra da Educação das últimas décdas!! Como sabem este é o Ministério que mais mudanças teve..25 Ministros...Já é altura de uma reforma ir por diante.
Encarregado de Educação de 4 alunos do secundário

Luís Novaes Tito disse...

E agora WR, vamos esperar para ver, com esperança, que se faça política.

Só agora li a "carta" (porque o mail fica sempre para o fim do dia - média de 300/dia e a maior parte é lixo) e peço-lhe que faça chegar um abraço ao meu amigo C. Caldas, que não vejo há décadas.

Depois respondo, embora me pareça que já tudo foi dito e o dia foi demasiadamente longo.

Anónimo disse...

Caro vizinho,

Farei chegar o abraço.


WR