terça-feira, 3 de junho de 2014

O barbeiro [ III ]

O BarbeiroDespachado o Sô Tor e varridas as farripas que ficaram no chão, o barbeiro regressou ao jornal para ler as novas que faltavam ler e saber o que lhe andavam a preparar enquanto aqueles a quem entregara a vida com a procuração que deixara há menos de quinze dias na urna da Junta de freguesia, se faziam ao bocado.

Sem grande espanto, porque já perdera a capacidade de se espantar desde o tempo em que se iniciou a construção da terceira autoestrada paralela para o Porto, apercebeu-se que os cobardolas se escondiam outra vez atrás da mentira para procederam ao objectivo único de retirar o poder de compra, empobrecendo, para que as importações baixassem e se impulsionassem as exportações do que resta do sector produtivo.

Primeiro tinham metido as culpas de um programa para além na troika, na troika. Agora, quando o tontinho do Caldas desligou um relógio que nunca funcionou, remetem as culpas para um tribunal que tem por função verificar se a Lei Constitucional não está a ser violada, fazendo crer que a sentença manda sacar quando o que ela determina é que se reduzam as alarvices gulosas e gordurosas e os Conselhos de Administração que só existem para premiar favores.

-Toda esta inteligência é muito pouco, muito poucochinho, pouquinho, pirrinha. – pensa o Sr. Luis.

E de novo, para tentar fugir à frustração liga a TV e entra-lhe pelo ecrã dentro o edil numa entrevista em que, de tão transparente e tranquila, só o mostra a ele próprio, na primeira pessoa do singular.

Carrega no botão de standby. É tempo de afiar as navalhas.
LNT
[0.204/2014]
Imagem: http://www.gutenberg.org/

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