quinta-feira, 5 de junho de 2014

Barbering Books [ V ]

Barbering BooksDescobri que há algumas coisas semelhantes entre a forma como os meninos crescem actualmente e o modo com se trata a fruta. Eu explico-me.

A fruta nasce, muito bem agarradinha à árvore. Quase sempre se acoita, algures num cantinho cómodo do tronco, sob a protecção de uma folha que é forte e larga, para se proteger de todos os perigos que possam acontecer.

Dantes, por lá ficava e demorava pelo menos o tempo de duas estações, para crescer e amadurecer bem. Havia um tempo grande de esperar para poder saborear.

Agora, mal a fruta cresce um pouco, vêm os produtores e arrancam-na à força. Encaixotam os pêssegos todos em fila, uns contra os outros, e lá seguem para o armazém, que é uma câmara frigorífica.

Só que a fruta ainda está verde.

Depois as donas de casa vão às compras. Olham para os pêssegos, dizem ter um aspecto lindo. Compram. Passados dois ou três dias estão «tocados». Levaram só uns toques e estragaram-se. Quer dizer, não tinham amadurecido o suficiente para sair da árvore mãe tão cedo e aguentarem-se bem.

E assim andamos todos a reclamar que a fruta além de não ter gosto, não se aguenta. Estraga-se num instante.
Daniel Sampaio
INventem-se novos pais

LNT
[0.210/2014]

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