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quinta-feira, 8 de abril de 2010

25

Manuel Alegre
"O miúdo que pedalava num carro de quatro rodas poderia dizer, como eu próprio já disse: Isto é o que sei de literatura.

Mas ainda falta acrescentar que o miúdo que tocava piano sobre a mesa viu Miguel Torga no hospital segurando o caderno e a caneta como quem, no campo de batalha, ferido de morte, não larga as armas. Eram já poucas as forças, mas a mão mantinha-se firme na caneta e no caderno. Não queria ser apanhado desprevenido (ou desarmado) se uma vez mais lhe aparecesse aquele primeiro verso, que sempre nos é dado, como costumava dizer. Estava preparado, porque nunca se sabe, como se diz na Bíblia, quando vem o sopro e de que lado sopra. A terra respira de muitas formas. Pela boca do vulcão Santiago, pela flauta de Camilo Pessanha, pela grafia do poeta que escrevia pela noite dentro, pelas primeiras e pelas últimas palavras de Sophia e, sobretudo, pela sua entoação de um ritmo já só ritmo. E pelo pulso de Miguel Torga, por aquela mão antiga a segurar o caderno e a empunhar a caneta até ao fim."
Um poema feito prosa pela mão de um poeta presidente, coisa que não pode deixar um País indiferente.
LNT
[0.134/2010]

terça-feira, 6 de abril de 2010

Para que a praça da canção não seja uma ilusão

João SoaresOuvi, com a atenção do costume, a entrevista que João Soares deu no passado fim-de-semana ao Rádio Clube Português.

João Soares merece-me esse tempo de atenção. Ouvi-lo permite-me com ele concordar em muito e em muito discordar, um hábito de décadas que quase sempre nos fizeram estar do mesmo lado da barricada quando o combate foi externo e muitas vezes em oposição dentro do PS.

A excepção externa foi a anterior candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, que espero não se venha a repetir, mas que foi e é um ponto de divergência no conceito do papel fundamental do Presidente da República, que João Soares trata com displicência chegando ao limite de nele (no papel) ainda ver semelhanças com o de corta-fitas da ditadura.

Voltei a ouvir João Soares falar num candidato do PS, coisa inexistente, porque estamos a falar de candidatos à Presidência da República. As forças partidárias devem prescindir da tentação de querer na Presidência da República uma extensão da sua hierarquia.

É um conceito fácil de entender e basta a João Soares lembrar-se do slogan que tantas vezes repetiu: - "o Presidente de todos os portugueses" – para não falar no candidato do PS. O candidato do PS à presidência é eleito no seu Congresso Nacional e destina-se a presidir ao Partido Socialista.

Manuel Alegre não tem, nem deve, ser o candidato do PS. Tem e deve ser um candidato nacional que se compromete com os seus eleitores a cumprir e fazer cumprir a Constituição sem subordinar essa missão aos interesses de uma ou outra força política.

O Partido Socialista e as outras forças de esquerda, apoiarão um ou outro candidato e aconselharão os seus militantes a votarem no candidato que melhores garantias dá para o bom e independente, mas não indiferente, desempenho do cargo.

Não se espera do PS que tente impor um candidato porque isso resultará, como é patente, na vitória do quadrante político de sinal contrário, ainda para mais numa disputa em que o candidato que federa a direita portuguesa se candidata à sua própria sucessão.

Falamos de política, de interesse nacional e da visão política. Confundir isto com tricas pessoais e familiares ou com estados de alma só poderá levar o actual líder da direita, em si representada, a manter o poder por mais cinco anos.
LNT
[0.132/2010]

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Há mais vida para além do Orçamento

Alegra-te

(...)
"E acima de tudo um cidadão [(Manuel Teixeira Gomes)] que nos deixou uma lição de ética e de sentido estético da vida.

Neste ano em que se comemora o Centenário da República, voltamos a precisar desse rigor ético na vida privada e na vida pública.E também de algo que vá para além do discurso cíclico sobre as contas públicas.
As pessoas precisam de um horizonte e de uma perspectiva para além dos números e para além dos sacrifícios que lhes pedem no dia a dia. As pessoas precisam de saber porquê e para quê. E sobretudo, para além do direito ao trabalho e do direito ao pão, as pessoas precisam do direito à esperança, do direito ao sonho e do direito à beleza."
Manuel Alegre - Portimão, 2010.01.15
(sublinhados e parêntesis meus)
A bucha (há mais vida para além do Orçamento) que Manuel Alegre introduziu no seu discurso tem feito correr muita tinta, principalmente dos que insistem em transformá-la na essência do discurso, isolá-la do contexto em que foi usada e até, acrescentando à bucha a palavra "deficitário", explicar que sem orçamento não haverá vida.

No entanto esquecem que o Presidente da República não tem poderes executivos. Que não lhe compete governar mas sim exigir rigor ético na vida pública e de fazer valer que "para além dos números e dos sacrifícios" exista um "horizonte e uma perspectiva" que conceda aos cidadãos "esperança e direito ao sonho e à beleza".
No entanto esquecem os preceitos constitucionais, que ao Presidente competem fazer cumprir, nomeadamente os consignados no art.º 9º, onde se explica que vida é essa que existe para além do Orçamento.

É por haver vida para além do Orçamento que a candidatura de Manuel Alegre incomoda muita gente. Gente que não consegue entender que as candidaturas à Presidência da República têm de ser supra-partidárias para que exista equidistância no exigir do rigor ético e do sentido estético da vida, das despesas, do esbanjamento, da corrupção e da justiça.
LNT
[0.034/2010]

domingo, 10 de janeiro de 2010

Visão política, cultural e histórica

Manuel Alegre
"Portugal tem futuro mas o país está doente. E isto não pode ser enfrentado com uma visão tecnocrática, é preciso visão política, cultural e histórica. Essa é a função do PR."
Manuel Alegre – Expresso – 2010.01.09
Esta é uma das frases-chave da entrevista que Manuel Alegre deu ao Expresso desta semana. Não entender que ao Presidente da República compete ser o intérprete dos portugueses através da sua identificação com os problemas dos cidadãos e com o cumprimento das regras da democracia expressas na Constituição, o que faz com que os portugueses sintam em Belém um último recurso para a sua defesa, é não entender o papel fundamental que um Presidente da República tem de desempenhar para que exista confiança no regime.

O Presidente da República tem de ser o zelador pela aplicação de igual justiça, o garante da protecção dos cidadãos mesmo em relação a eventuais abusos de outros poderes. Não lhe compete definir a política mas sim assegurar o cumprimento da Constituição. Não lhe compete governar, nem apresentar linhas de orientação política porque isso é da competência de outros órgãos democraticamente eleitos.

Como diz Alegre na entrevista, ao Presidente não se tem de exigir "visão tecnocrática" porque o que se lhe exige é uma "visão política, cultural e histórica" que assegure a unidade nacional, o cumprimento da Constituição e a garantia da justiça e da segurança, usando todos os meios que a Lei Fundamental lhe concede.

Se Cavaco entendesse isto não se tinha deixado arrastar para a contenda política que desacreditou o seu papel supra-partidário. Um Presidente da República não é um corta-fitas assim como não pode ser contrapoder. Tem funções bem definidas e é com o seu desempenho que garante que Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
LNT
[0.021/2010]

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quase um perfil

Perfil Manuel AlegreAviso:

Quem pretender ter um Presidente da República para apoiar um qualquer Partido ou um qualquer Governo, mesmo um Governo daqueles que prescindem dos Partidos e que são só a cara de alguém, pode desde já abdicar de ler o resto do texto. Para isso haverá certamente outras religiões e outros templos.

Uma barbearia não é uma sede religiosa nem coisa de seita, é um espaço aberto a todas as clientelas e esta, como é unisexo, tanto usa as navalhas para conseguir escanhoados perfeitos aos cavalheiros como usa técnicas de depilação que deixam as damas em condições de poderem utilizar os bikinis mais arrojados.

Para uma e outra função, bem como para outras ligadas ao relaxamento por métodos de pedras quentes na espinha da clientela mais selecta, amolam-se as navalhas, calibram-se as pistolas de laser e aquecem-se os fornos para rechaud.

Terminado o aviso passamos ao tal texto que, quem pretende ter um Presidente da República para apoiar um qualquer Partido ou um qualquer Governo, mesmo um Governo daqueles que prescindem dos Partidos e que é só a cara de alguém, pode desde já abdicar de ler.

É um texto curto e sem complexidade, mas denso. É mais que um texto, quase um perfil, uma praça da canção:

Voltar a acreditar neste País, voltar a inventar este lugar e ver este País a acordar.

LNT
[0.013/2010]

Rastos:
USB Link ->
Hino da Campanha Alegre de 2006
-> I online ≡ Candidato Manuel Alegre no Facebook e no Twitter
-> o Público ≡ Alegre nega envolvimento na página no Facebook que anuncia a sua candidatura presidencial
-> diário 2. com ≡ Página de apoiantes de Manuel Alegre no Facebook confundida com candidatura oficial

domingo, 20 de setembro de 2009

O que está em causa

O que está em causa é avisar a malta.

Entre considerar, ou não, a família com o único fim de procriação;
entre considerar o direito ao divórcio, ou não;
entre considerar o direito à Interrupção Voluntária da Gravidez, ou não;
entre considerar o Serviço Nacional de Saúde, ou não;
entre Manuela Ferreira Leite ou José Sócrates;

tal como Manuel Alegre, não tenho dúvidas e sem qualquer hesitação escolho José Sócrates e para o fazer votarei no Partido Socialista.

Isto não são fretes.
São escolhas, as mesmas escolhas que já anteriormente nos fizeram escolher entre ser cidadãos de pleno direito, solidários e democratas ou cidadãos emparedados por ditaduras, burocratas e de regime totalitário.
LNT
[0.589/2009]

Rastos:
USB Link
->
Cão como tu ≡ LNT - o que está em causa

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Evitar o pior

Helena RosetaA atitude de Helena Roseta em relação ao acordo que fez com António Costa para integrar a lista concorrente à Câmara Municipal de Lisboa foi um sinal, mais um, de que há na política portuguesa cidadãos muito mais interessados no bem comum do que nas suas estratégias de poder pessoal. Se estivesse em causa o interesse pessoal, Helena Roseta e o Movimento Cidadãos por Lisboa não o teriam feito uma vez que a sua eleição para a vereação da Capital estava garantida de antemão.

Roseta chegou para ensinar todos aqueles que há pouco tempo lhe pretendiam dar lições de ética e de princípios e para demonstrar que em política nem todos são iguais, como é costume ouvir-se dizer.

Ao contrário de outros, penso que Helena Roseta e o Movimento Cidadãos por Lisboa saem mais credibilizados e com uma força superior, tal como já acontecera com Manuel Alegre, que não é alheio a esta negociação (vejam-se as declarações feitas no dia anterior aquando do lançamento do nº 4 da OPS!), por se terem disposto a não entregar de bandeja o poder à direita populista.

Há coisas realmente importantes na nossa vida de cidadãos sendo que uma delas é nunca deixar que as vaidades pessoais se sobreponham à razão.

Se a Câmara Municipal de Lisboa for defendida de ter Santana Lopes como Presidente isso vai ficar a dever-se unicamente aos que se prontificaram a sacrificar algum do seu protagonismo em favor do interesse comum. Os que ficaram de fora desta solução poderão babar-se com o seu umbigo na noite das eleições e tecer loas às vitórias alcançadas, mas os alfacinhas saberão reconhecer quem evitou o pior.
LNT
[0.520/2009]

Rastos:
USB Link ->
Movimento Cidadãos por Lisboa
-> Manuel Alegre na apresentação do nº 4 da ops!
-> Delito de Opinião - Pedro Correia
-> Eleições 2009 - o Público

terça-feira, 14 de julho de 2009

Já disponível OPS! nº 4

OPS! Anúncio de lançamento

Com o habitual Editorial de Manuel Alegre está já disponível, em HTML, o nº 4 da OPS! - Revista de Opinião Socialista cujo caderno aborda o tema Urbanismo e Corrupção.

A apresentação far-se-á pelas 18:30h de hoje e o PDF deverá ficar disponível meia hora antes.

OPS! nº4
Editorial
Em apenas um ano, a CORRENTE DE OPINIÃO SOCIALISTA publicou 4 números da Revista online OPS!, dedicados a outros tantos temas essenciais: TRABALHO E SINDICALISMO, EDUCAÇÃO, ECONOMIA e agora URBANISMO E CORRUPÇÃO. Neles colaboraram personalidades de reconhecida idoneidade e competência especializadas em cada uma destas áreas. Em cada número da OPS! procuraram-se e propuseram-se caminhos novos e soluções alternativas.

Nenhuma outra corrente política, nem o próprio PS, através das suas fundações ou iniciativas criadas para o efeito, conseguiu realizar trabalho semelhante, apesar dos escassíssimos meios de que dispomos. Isto mostra que, mais do que o marketing ou os aparelhos logísticos, o que importa são as ideias, a participação, o espírito cívico e desinteressado na busca de novas políticas para o país e para a democracia. Sem sectarismo nem dogmatismo, no respeito pela pluralidade que é timbre de quem se reclama do socialismo democrático. Seguindo a lição do grande António Sérgio a OPS! tem procurado “abrir as largas avenidas da discussão”, num tempo dominado pela moda, pelo politicamente correcto e pela ditadura do imediato e do mediático
. (...)
Manuel Alegre
LNT
[0.512/2009]

Rastos:
USB Link
->
OPS! ≡ Revista de Opinião Socialista - Nº 4 - Urbanismo e Corrupção

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Não-notícias frescas

DucheDe vez em quando descobre-se a pólvora em Portugal.

Hoje foi o Diário de Notícias a descobrir que afinal Manuel Alegre já decidiu definitivamente que não integraria as listas do PS, mas que apoia o PS principalmente para evitar que Manuela Ferreira Leite possa vir a ser a Primeira-ministra de Portugal.

Para quem participou na reunião realizada há quase dois meses no Altis esta notícia é uma verdadeira não-notícia de capa.

Em Portugal a vida é assim mesmo e "prontus".
LNT
[0.500/2009]

sábado, 13 de junho de 2009

Dos pensadores situacionistas

PS 1975Já se estranhava que ainda não tivessem vindo a terreiro análises sobre a influência da CNOS – Corrente de Opinião Socialista nos resultados das últimas eleições. Tirando uma ou outra opinião alucinada (que lhe atribui culpas nos resultados) registada nos habituais blogs de ódio a Manuel Alegre, pouco ou nada se tinha ouvido aos comentadores situacionistas, o que é compreensível, visto pouco haver a dizer para além de confirmar as razões que assistiram a Alegre e à CNOS nestes últimos anos. Essa razão já tinha sido comprovada nas últimas presidenciais e voltou a ser confirmada agora.

Hoje, Pedro Marques Lopes num programa da rádio portuguesa que partilha com Pedro Adão e Silva ensaiou finalmente a insinuação esperada ao confrontar Pedro Magalhães com a afirmação de que, perante os fracos resultados obtidos pelo PS, a decisão de Alegre de se manter no PS não representou qualquer valor para os resultados eleitorais.

A questão revela a incapacidade de aprendizagem de alguns “pensadores” da nossa praça. A ser colocada alguma questão sobre o assunto, teria de se formular com base no que teria acontecido se Manuel Alegre tivesse apoiado outra força política e por ela tivesse feito campanha. Continuaríamos no Mundo da fantasia e da suposição, é certo, mas pelo menos não se ensaiava a demagogia.

Será tão difícil entender o óbvio, isto é, que muitos dos eleitores de esquerda quiseram penalizar esta direcção do PS e que, se ainda assim os resultados não foram mais catastróficos, foi devido a parte dos seus militantes continuar a acreditar que, mal por mal e apesar dos desvios, o PS continua a ser o único garante da defesa dos princípios do socialismo democrático e da social-democracia em Portugal que são a sua (deles, militantes/eleitores) doutrina de vida?
LNT
[0.458/2009]
Nota: a imagem publicada reproduz um cartaz de comício do Partido Socialista em 1975. Os tais militantes socialistas que, apesar dos pesares, ainda não votam noutros Partidos, continuam a defender o que está escrito no cartaz.
Chamem-lhes passadistas, não evolutivos, o que quiserem.

Pedido de desculpas e reposição da verdade:
No texto original lia-se que teria sido o Pedro Adão e Silva a equacionar a questão do segundo parágrafo deste texto. Do visado recebi o seguinte comentário que provocou a alteração do texto e me obriga a este pedido de desculpas e rectificação.
PAS - Luís, o teu raciocínio está todo muito correcto, mas acontece que eu não ensaiei rigorosamente nada. Quem disse isso foi o Pedro Marques Lopes. abraço
LNT – Pedro, a assim ser, foi minha falta de atenção e peço as necessárias desculpas. Confesso que tentei confirmar no Site do RCP mas o Podcast ainda não estava disponível.
Vou alterar o texto aqui e no Eleições2009 do Público e transcrever este teu comentário.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Avivar a memória para entender [ III/III ]

Manuel Alegre - XIV Congresso Nacional do PS
(Com este Post encerro esta série de três textos (1 e 2) que entendi necessário fazer para reposição de verdades escondidas)

Manuel Alegre nunca traiu a confiança dos militantes que nele votaram para Secretário-geral do PS, nem a dos que elegeram os delegados ao XIV Congresso Nacional. Antes pelo contrário, defendeu muitas vezes praticamente isolado, aquilo com que se candidatou.

Manuel Alegre não traiu a confiança dos Delegados ao XIV Congresso que votaram as listas para os órgãos dirigentes do PS e das quais saiu a quota a ser considerada na construção das listas de candidatos a deputados que agora terminam o seu mandato. Antes pelo contrário, bateu-se na Assembleia da República, mesmo perante a oposição e silêncio de muitos dos deputados (há raras e honrosas excepções) que ainda lá estão pela sua quota.

Manuel Alegre nunca traiu a confiança dos cidadãos-eleitores que o elegeram deputado porque nunca votou contra o que estava disposto no Programa Eleitoral do PS. Antes pelo contrário, sempre se opôs a que o Programa Eleitoral, ainda em curso, não fosse cumprido.

Manuel Alegre nunca traiu a confiança de quem nele depositou a esperança de o ter na Presidência da República. Antes pelo contrário, mostrou uma coragem impar na nossa jovem democracia tendo levado até ao fim a sua determinação.

Manuel Alegre nunca traiu a confiança do Partido Socialista. Antes pelo contrário, cumpriu o mandato para que foi eleito e soube reconhecer o fim do ciclo que o elegeu sem cedências e sem abandonos.

Apesar de tudo isto e apesar das muitas deturpações e inverdades em todo este processo, incluindo a última falácia de que teria imposto três nomes para as próximas listas de deputados, o que já desmentiu categoricamente, Manuel Alegre mantém intacta a sua credibilidade e é um exemplo de coerência e verticalidade para toda a classe política.

Para os que gostam de falar em modernidade e visão de futuro e que se arrogam dessa modernidade sem que se lhes conheça qualquer contributo a seu favor, é bom que analisem o percurso feito por Alegre e possam concluir que também é a ele que se deve a consciencialização da nova política consubstanciada numa candidatura à Presidência da República independente, baseada em Movimentos de Cidadania que surgiram do nada.

Os caminhos estão traçados. Já não é possível aos Partidos fazerem aquilo que entendem sem considerar que o Mundo mudou e que há muito mais política para além daquela que se cogita nos gabinetes.

Agora é tempo dos eleitores se pronunciarem e de se assumir o seu julgamento. Alegre é um militante disciplinado. Não estará contra o Partido Socialista mas não lhe é exigível que assuma a responsabilidade daquilo com que não concordou.
LNT
[0.392/2009]

Avivar a memória para entender [ II/III ]

Manuel Alegre - XIV Congresso Nacional do PS

(a desenvolver em três textos também a publicar no Eleições2009/o Público)

Entendido o que anteriormente foi enunciado fica de imediato igualmente entendida a insensatez dos que ainda não apreenderam a democracia, porque os mandatos são para cumprir e os deputados não são (não têm de ser) mandatários de qualquer Governo, que entendiam que Manuel Alegre deveria ter abandonado a Assembleia da República (e até mesmo sair do PS) no decurso da legislatura que só agora termina com as próximas eleições legislativas.

Manuel Alegre defende coisa diferente de Sócrates, não é novidade e a novidade seria se, depois de terminado o Congresso, Alegre não mantivesse coerência no exercício do mandato de deputado que os militantes socialistas e os cidadãos eleitores lhe concederam. Concluindo, Manuel Alegre foi sempre honesto consigo próprio e com o PS e fiel ao mandato em que foi investido.

Alegre é um resistente, lê-se no seu passado e confirma-se no seu presente e como acredita que é no sufrágio universal que reside a única legitimidade dos estados democráticos sondou a vontade popular e tendo-se apercebido que havia outras vontades importantes para além das que faziam crer que só Mário Soares e Cavaco Silva estariam em condições de assumir a Presidência da República, aglutinou essas vontades, muitas das quais de seus camaradas de Partido e fez-se contar.

O resultado comprovou que a direcção do Partido Socialista incorreu num imenso erro ao tentar impor, contra a vontade dos seus, uma solução comprovadamente inadequada. Nem sequer estava em causa a pessoa de Mário Soares, figura querida de todos os socialistas, mas só o absurdo que esta nova candidatura representava.

Enquanto isto, no Grupo Parlamentar e salvo raras excepções, os deputados indicados pela quota de Manuel Alegre ou faziam silêncio ou até passavam a ser os seus maiores detractores.

Alegre resistiu mais uma vez. Explicou a quem o quis ouvir que havia, e há, outros caminhos a descobrir. Não só o explicou como o demonstrou apontando soluções e comprovando com a sua participação que pode existir diálogo nas esquerdas para além das mecânicas de coligação.

Chegados ao fim deste ciclo e antes de começar o próximo, isto é, antes de se iniciarem as campanhas eleitorais para novo ciclo, Alegre que já não fazia parte, por decisão própria, de qualquer órgão directivo do PS, reuniu-se com os seus camaradas da Corrente de Opinião Socialista (CNOS), falou e escutou, foi mandatado e uma vez mais cumpriu.

Na passada sexta-feira reuniu os seus camaradas da CNOS e companheiros do Movimento de Intervenção e Cidadania (MIC) para lhes anunciar o fim de ciclo e reafirmar a sua condição de militante socialista com a mesma coerência de sempre.

As palavras finais da sua declaração não deixam dúvidas:
Não há ruptura com o PS
Não há abdicação nem retirada.
Há a decisão de continuar, sob outras formas, o meu combate de sempre pela renovação da vida democrática, pela cidadania e pelo socialismo democrático.
LNT
[0.391/2009]

domingo, 17 de maio de 2009

Avivar a memória para entender [ I/III ]

Manuel Alegre - XIV Congresso Nacional do PS

(a desenvolver em três textos também a publicar no Eleições2009/o Público)


Se bem se recordam, com a saída de Ferro Rodrigues da direcção do Partido Socialista em resultado da decisão do então Presidente da República, Jorge Sampaio, de nomear Santana Lopes como Primeiro-Ministro na sequência da demissão de José Manuel Barroso, o PS convocou eleições internas a que concorreram Manuel Alegre, João Soares e José Sócrates.

Foi um processo dinâmico que catapultou o PS para a primeira linha de atenção e fortaleceu a democraticidade partidária. Basta recordar que outros grandes Partidos passaram a ter processos semelhantes.

O Congresso que se seguiu elegeu para os órgãos directivos do Partido Socialista, pelo método estatutário, segundo as quotas sufragadas nas listas, os membros directivos (que neste momento já não são os mesmos porque entretanto houve outros Congressos Nacionais) e a partir dessas quotas (digamos assim, para simplificar) foram propostos como candidatos a deputados os elementos do Grupo Parlamentar que ainda estão em exercício de funções.

Quer isto dizer que o actual Grupo Parlamentar do PS é ainda composto por deputados das sensibilidades concorrentes à direcção do PS no XIV Congresso Nacional.

Assim sendo, uma parte dos actuais deputados do PS são-no porque integraram as listas encabeçadas por Manuel Alegre e ele está na Assembleia da República por direito próprio sufragado pelos militantes do PS, pelos delegados ao Congresso Nacional e ainda pelos cidadãos eleitores em sufrágio universal.
LNT
[0.389/2009]

sábado, 16 de maio de 2009

Os três nãos

Manuel Alegre
"Não lanço um Partido, não saio do PS e não farei parte das listas para deputados".

Mais uma vez Alegre agiu pela razão e pelo coração. Nota-se, basta ler a imprensa e os Blogs da direita para o perceber. Voltou a ser mais difícil ao PSD chegar ao poder, ficou mais difícil haver um Bloco Central.

Alegre está de bem consigo. E isso é bom porque quem está de bem consigo está de bem connosco.
LNT
[0.387/2009]
(Também publicado no Eleições2009/o Público)

1. Não sairei do PS – Ajudei a fazer este partido, a sua história é parte da minha história, posso não concordar com a prática e as políticas, mas reconheço-me nos valores e princípios do socialismo democrático.

2. Não formarei um partido para as próximas legislativas – Reconheço que há uma crise de confiança nos partidos cujo monopólio está a esgotar-se, há a necessidade de renovar a vida política, de cativar os jovens para a política e para a coisa pública, assim como de preparar novas soluções para a esquerda e para a democracia. Mas isso é um processo inseparável do processo social. Exige uma acção pedagógica e o reforço da cidadania. E não se fará sem ou contra o espaço socialista.

3. Não serei candidato a deputado – Fui convidado pelo Secretário-geral, com espírito de abertura e companheirismo, para integrar as listas do PS. Não seria digno impor condições ao Secretário-geral do PS. Só faço exigências a mim mesmo. E são essas exigências que me ditam a decisão de não me candidatar nas próximas eleições legislativas.

Não há ruptura com o PS
Não há abdicação nem retirada.
Há a decisão de continuar, sob outras formas, o meu combate de sempre pela renovação da vida democrática, pela cidadania e pelo socialismo democrático.
Manuel Alegre

sábado, 4 de abril de 2009

Botão Barbearia
[0.277/2009]
Dos ReboquesManuel Alegre - Rui Perdigão


Sobre o caso Domingos Névoa o nosso vizinho Pedro Correia do Delito de Opinião escreve, com a sua habitual assertividade, mas não resiste ao título "O PS a reboque de Alegre".

Coisas de jornalistas habituados a escrever títulos chamativos, dirão, e eu concordo, mas lamento que as coisas sejam enunciadas desta forma.

O PS não anda a reboque de Alegre, ponto final, porque o PS não tem de andar a reboque de ninguém.

Desta vez, e infelizmente não de muitas outras, Sócrates entendeu que a mensagem de Manuel Alegre era um grito de alerta contra a pouca-vergonha e encorpava o sentir geral de repúdio pela imoralidade que representa o caso Névoa tendo emendado a mão que já lhe escapava para a vergonha pública de todos nós, militantes do Partido Socialista.

Em boa hora ouviu Alegre e em boa-hora emendou a mão sem ter sido necessário ser rebocado por alguém.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Delito de Opinião Pedro Correia - O PS a reboque de Alegre
-> Manuel Alegre Alegre apela à direcção do PS para reagir contra a nomeação de Domingos Névoa

quarta-feira, 11 de março de 2009

Botão Barbearia[0.205/2009]
JurisdiçãoCarlos Candal

Candal pai, acha que o Partido Socialista deve levantar um processo disciplinar contra Manuel Alegre. Não sei se ele disse isso só aos jornalistas ou se levantou essa questão no órgão próprio do PS que, como se sabe, é a Comissão de Conflitos (usando a terminologia mais vulgar). Se levantou a questão só para os jornais (ou para outros orgãos de comunicação social), Candal está a fazer aquilo que condena politicamente. Se o fez, e ele é jurista, no orgão disciplinar do PS com competência para tratar destes assuntos, teremos de aguardar a decisão para que ninguém possa depois vir a evocar campanhas negras contra quem quer que seja.

Devo dizer que concordo que a Comissão de Jurisdição se prenuncie, por iniciativa própria ou por análise de qualquer queixa apresentada, caso entenda haver matéria que o justifique e gostaria de saber quais foram os Princípios da Declaração de Princípios que Manuel Alegre quebrou, conforme afirmou esta manhã o Pedro Adão e Silva no Rádio Clube Português.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Público ≡ Carlos Candal: "Não é pensável que o Manuel Alegre faça o que tem feito sem levar um chuto"

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Botão Barbearia Natal
[1.031/2008]
O poema é uma arma

Na nossa magnífica terrinha, cheia de magníficos pensadores, comentadores e prosadores, sempre que alguém apresenta ideias diferentes ou agita o marasmo, é apelidado das mais diversas coisas e objecto dos mais raivosos ataques.

Atiram-se às pessoas inconformadas agarrando-as pela idade, pela cor dos olhos, pelas suas inconsequências ou pelo seu protagonismo, na ânsia de aniquilar quem venha a público dizer que "o rei vai nu".

Manuel Alegre é um desses inconformados e não é poupado pelos seus detractores que, muito mais interessados na espuma do que em entenderem (o medo, sempre o medo) o que de novo esse inconformismo pode acarretar, lançam raivinhas acéfalas, ataques pessoais malévolos objectivamente dirigidos para o insulto e sem qualquer substância.

"Diga ao que vem, defina-se, apresente propostas alternativas, forme partido, concorra, faça-se votar, morra, morra! pum" porque está a fazer ondas no lago sereno da podridão onde os actuais agentes políticos, mediáticos, económicos e sociais, públicos e privados, estão mergulhados e cada vez que agita essas águas empesta o ar com o enxofre que emana dessa gente.

Grande Manuel, grande poeta que consegue criar nos acomodados e encostados tanto incómodo, tanto escoicear e tanta fel.
LNT
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Pub.
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Manuel Alegre (na foto) impecavelmente barbeado e escanhoado por profissionais de a Barberia do Senhor Luís, a tal que não deixa um único pêlo fora de su sítio.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Botão Barbearia[0.905/2008]
O vento nada me dizGuilhotina

Para início de conversa gostaria de esclarecer que não sou Alegrista, mas sim um socialista que concorda muitas vezes com Manuel Alegre.

Quer isto dizer que, como militante socialista, me parece um erro de palmatória excluir Manuel Alegre do próximo Grupo Parlamentar do Partido Socialista por razões de divergência de opinião com a actual direcção do PS.

O Partido Socialista sempre se distinguiu dos outros partidos de "esquerda" pelo pluralismo que comporta e pela concordância ou discordância que tem para com a direcção do Partido entendendo que, se é verdade que à direcção compete a representação e a decisão, ela não é o Partido. Há-de haver, sempre, dentro do PS quem concorde e discorde com algumas das suas actuações, principalmente quando é poder, o que é salutar e serve para demonstrar que os seus militantes são cidadãos que não abdicam do pensamento e da sua interpretação da Declaração de Princípios que rege o Partido Socialista, até quando não pretendem disputar a liderança do Partido.

Mesmo que Manuel Alegre não faça campanha eleitoral por não concordar com alguns dos métodos do PS, silenciar a sua voz na bancada do PS pode vir a redundar em erro crasso até porque, como se sabe, a frase "a mim ninguém me cala" é-lhe atribuida há décadas.
LNT
Rastos:
USB Link
-> Canhoto Paulo Pedroso - Alegre respira o socialismo democrático de um modo que o PS não pode dispensar sem deixar de ser o que é