Descontextualizações
A perplexidade de Pedro Caeiro ao escrever:
Manuel Alegre diz que "dificilmente" será deputado pelo PS nas próximas legislativas, porque o PS se tornou numa "máquina eleitoralista", e, simultaneamente, critica a avaliação dos professores (também) pelos votos que se vão perder.só resulta da descontextualização do que Alegre afirmou.
Bastava ter ouvido ou lido Alegre na entrevista quando disse:
Sim, porque o partido neste momento é uma máquina eleitoral, é uma máquina de poder. Deixou de ter uma vida própria e uma vida autónoma, a direcção do partido é o Governo.
e depois:
Não tenho dúvidas de que a maior parte daqueles professores que vai para a rua votou no PS! Não estou a dizer todos, mas uma grande parte. E, com certeza, muitos deles já não voltarão a votar. Vi muitos deles a chorar, recebi muitas mensagens e muitos apelos, conheço alguns daqueles professores e sei aquilo que estão a passar neste momento. O que gostava é que houvesse uma maneira de o primeiro-ministro perceber em que é que este modelo está errado!
Porque em política ele tem uma virtude, que é a determinação. Mas a determinação tem o seu contrário, que é transformar-se me teimosia. E a teimosia leva à cegueira e à surdez.
e completado a leitura com isto:
tentem corrigir os erros deste modelo de avaliação: menos burocrático, com menos papelada, com coisas menos estapafúrdias, como por exemplo o facto de um professor recém-estagiário estar a avaliar outro que tem um mestrado ou que até tem um doutoramento, ou o de Inglês estar a avaliar o de Alemão, e o do Alemão o de Francês…Coisas absurdas que acontecem nisto e que levam a um mau ambiente, à suspeição, à divisão. Neste momento já houve 55 escolas de Coimbra que decidiram suspender a avaliação, isto não é bom! É preciso haver avaliação, mas uma avaliação que realmente resolva esse problema e pacifique a escola, que acabe com este ambiente de tensão e de guerra civil. Que pacifique a escola e que seja bom para a escola pública, porque a escola pública é necessária, mas também tem de ter critérios de exigência. Um dos erros apontados a este método de avaliação é que um professor que dê boas notas é bem avaliado e um professor muito exigente, mais intransigente ou mais rigoroso na classificação, arrisca-se a ter más notas. Daí o facilitismo das classificações, etc., isso não é bom para a escola pública…e põe em causa o princípio da igualdade, porque quem tem posses manda os filhos para os bons colégios privados.
Pedro Caeiro teria entendido que Manuel Alegre não critica "a avaliação dos professores (também) pelos votos que se vão perder" (limita-se a constatar o facto) mas pela teimosia que leva à cegueira e à surdez que, por sua vez, o PS recusa a reconhecer.
Nota à adenda de PC:
Talvez pareça, como Pedro Caeiro diz, "um pouco infeliz". Mas, caro Pedro, tratam-se de momentos diferentes de uma longa entrevista formada por quatro partes e as respostas referem-se a diferentes questões, com diferentes abordagens que são colocadas pelos jornalistas em cada uma dessas partes.
LNT
Rastos:
-> Mar Salgado ≡ Pedro Caeiro - Dificilmente compreensível
-> Mar Salgado
-> Manuel Alegre ≡ Entrevista TSF/DN
-> TSF