segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A carniça e os ossos

Sanita PionesNos tempos em que se chamavam os nomes tradicionais às coisas dir-se-ia que o BPN foi um negócio da China. Nos tempos que correm chama-se negócio de Angola.

Despachou-se a salganhada ruinosa por 40 milhões sendo que o "custo do Estado com o BPN, descontando do preço de venda, ascende nesta data a cerca de 2,4 mil milhões de euros", com uma salvaguarda de brincadeira e acrescentando à ruína uma responsabilidade a prazo para o Estado dos "custos com a eventual cessação dos vínculos laborais dos trabalhadores das agências e/ou centros de empresa que venham a ser encerrados ou reestruturados num prazo máximo de 120 dias após as transmissões das acções".

O BPN foi, e continua a ser, um negócio maquiavélico para os contribuintes. Todos nós tivemos (e temos) de acarretar com os desfalques, com a má gestão, com os amiguismos, e com as outras trafulhices de toda a espécie, incluindo os favorecimentos de excepção, para que alguns lá fossem buscar aquilo a que agora, por serem "poupanças", se isenta de contribuição especial.

Este negócio acaba na mesma pouca-vergonha que o fez ser uma contaminação sistémica dos impostos que nos são exigidos com agravo sistemático e deixou a rir, na impunidade, quem se encheu “legalmente”.

A expressão "uns comem a carne e os outros roem os ossos" nunca foi tão bem empregue.
LNT
[0.315/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXLVIII ]

Beatles
Beatles - UK
LNT
[0.314/2011]

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Se o ridículo matasse estávamos em autogestão

Laranja MecânicaDepois da inutilidade de fazer publicar em II série do Diário da República um despacho ministerial que determina a desobrigação do uso de gravata quando ela nunca foi obrigatória, o Website do Governo português passou a disponibilizar uma página onde são registados os nomeados para os gabinetes do governo.

Além de mal amanhada, esta página absolutamente inútil (mais não é do que uma duplicação dado que essas nomeações já são do domínio público pelo acesso gratuito ao Diário da República Electrónico), representa o que de pior pode conter o populismo e a demagogia. A composição dos gabinetes dos membros do governo está vertida em diplomas legais e todas as nomeações estão obrigadas a divulgação pública.

Para além do mais, a informação agora disponibilizada não só não é exaustiva, como também não é apresentada de forma a serem perceptíveis as discrepâncias de vencimentos para funções iguais (bastava que tivesse sido apresentada em matriz) nem contém totalizadores para o número de nomeados nem para os montantes globais de despesa que essas nomeações acarretam.

Para terminar.
As nomeações para os gabinetes do governo são uma gota de água no conjunto de nomeações da Administração Pública (que anda num corrupio de "biquinhos-dos-pés" para garantir o seu lugar ao Sol) e essas não constam na página agora disponibilizada.

Mais do mesmo.
Continuamos a brincar ás transparências para empatar o pagode e continuam a desbaratar os recursos do Estado em inutilidades ineficazes e ineficientes.
LNT
[0.313/2011]

Desemprego à vista

Desemprego - Cartaz do CDS/PPJá não sei em que ano ou em que campanha o CDS/PP apresentou o cartaz que se reproduz mas, o canudo por onde a menina espreita, faz adivinhar que seria uma estratégia a utilizar assim que o pote lhes ficasse à mão de semear.

Duvido que a promessa dos cinco ministros se cumpra, uma vez tratar-se de um desígnio do Governo inteiro e desconfio que se cumpra a previsão das 5 políticas uma vez que as políticas actuais são alteradas em cada dia que passa.

Importa o título da propaganda:

Desemprego à vista

Desemprego seleccionado, porque o poder é selectivo como já demonstrou com o assalto ao 13º mês, preventivo, para não se correr o risco de mais tarde ter de taxar os que nunca têm crises para pagar.

Desemprego tendencialmente sem justa causa e sem indemnização, porque se se onerar o lucro este não poderá vir a ser poupança isenta de sacrifícios.
LNT
[0.312/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXLVII ]

Alentejo
Pesca Achigã (Micropterus Salmoides) - Alentejo - Portugal
LNT
[0.311/2011]

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Palha

Nós de gravata
Cá está.
Com a pompa de publicação no Diário da República e com a circunstância da formalidade, o despacho da Ministra Cristas transforma uma coisa que não era obrigatória, numa outra, em que essa coisa continua a não ser obrigatória.

Fico de atalaia para ver qual será a próxima medida de fundo que transformará mais coisas não obrigatórias em coisas que não são obrigatórias. Por exemplo, o laço (atenção Dr. do coração), que nunca foi obrigatório usar, deverá passar a ser usado só quando e por quem o quiser usar.
LNT
[0.310/2011]

Como se deixa de ser uma coisa que já se não é?

EspreitarHá qualquer coisa de inconsistente entre este título de uma notícia do Negócios – on line:
Escritório de Rebelo de Sousa vai deixar de trabalhar para a CGD
E o teor da própria notícia:
A esse propósito, Rebelo de Sousa garante que a Caixa não é actualmente cliente do seu escritório e que, com a garantia de que não o será enquanto ele for administrador, “os outros escritórios até ficam beneficiados”.
LNT
[0.309/2011]

Burriés

BurriésSe vos contasse o que me vai na alma, fugiam daqui para não mais voltar e por isso não vos contarei.

Se vos dissesse como me apetecia pirar-me daqui, da vidinha, não do Blog, assustar-vos-ia, o que não pretendo, e por isso não vos direi.

Se vos confessasse o colossal (entre parêntesis, ou entre aspas - daquelas que se sinalizam com os dois dedinhos de cada mão no ar - para ilustrar que existe uma série de palavras até chegar a…) desvio da qualidade que ambicionava para mim e para os meus, amargurar-vos-ia, e por isso não confessarei.

Ainda falta tanto para que seja só pensamento, ou passamento, ou passatempo.
LNT
[0.308/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXLVI ]

Bola de Berlim
A dentada na boa da Bola de Berlim com creme - na praia - Portugal
LNT
[0.307/2011]

quarta-feira, 27 de julho de 2011

A mãe de todas as culpas

NetworkÉ vulgar ouvirmos culpar a Net por inúmeros desvios de comportamento. A Net é perigosa, diz-se (diz principalmente quem a não sabe usar), porque é um espaço de depravação, de pornografia, de assédio e agora, mais recentemente, também um incentivo ao mais vulgar crime de agressão, ou ao mais imbecil acto destinado a ganhar o minuto de fama que não se prevê ser possível conseguir de outra forma.

Diz-se tudo isto, esquecendo que a Net é o espaço de excelência da liberdade (ainda é), é o mais importante veículo inventado até hoje para divulgação de informação e opinião, para consulta e estudo a nível universal, para racionalização da burocracia, para concretização do bem estar e também para todo o tipo de cultura e divertimento.

A Net é um meio de comunicação potente. Como todos os outros e como todas as outras actividades no espaço público pressupõe que seja utilizada com cuidado e responsabilidade e, quanto aos menores, que seja acautelado o seu uso da mesma forma como se lhes deve acautelar a circulação numa Feira Popular, ou em qualquer outro local onde se reúna uma multidão anónima.

Esta nota foi feita a pensar no toureio de automóveis que culminou em prejuízos insanáveis para os seus praticantes. O motivo, dizem, era disponibilizar na Net uns filmes You Tube e com eles conseguir notoriedade, tal como anteriormente foi também possível consegui-la com o filme da miúda espancada pelos colegas (que agora andam às voltas com a justiça). Esta nota foi feita a pensar que pudemos sempre tentar arranjar bodes expiatórios para a nossa insanidade, mas não serão esses subterfúgios que nos livrarão da responsabilidade e das consequências de as ter cometido.
LNT
[0.306/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXLV ]

Azulejos portugueses
Museu do Azulejo - Lisboa - Portugal
LNT
[0.305/2011]

terça-feira, 26 de julho de 2011

Caciquismo e aparelhismo

Alka SeltzerDiz-nos o prezado Eduardo Pitta:

As directas dos grandes partidos são um assunto demasiado sério para ser deixado nas mãos dos militantes
Presunção e água benta são assuntos demasiado banais que se deixam ficar na mão dos simpatizantes, digo eu que, com o poder que tenho por ter assumido claramente a minha condição de militante, usei o voto que só compete aos comprometidos. O Eduardo tem de entender, se quiser entender alguma coisa sobre o papel dos Partidos Políticos, que os militantes de um Partido não são o”aparelho” como ele quer fazer entender.

O "aparelho" é o dinheiro e o caciquismo que o dinheiro provoca e isso não está na mão dos militantes mas sim na de pequenos núcleos e na amálgama de "elites" que se enquistam à volta do poder personalizado e que julgam que as organizações políticas são seitas reunidas em torno de uma divindade.
LNT
[0.304/2011]

A criação não é um risco, é um direito

Miguel Telles da GamaLeio o artigo de opinião de Iva Delgado e consigo estar de acordo com cada palavra.

O Major Silva Pais é um personagem histórico (tristemente) e como tal pode e deve ser tratado. A direcção que exerceu na PIDE/DGS atribuiu-lhe um papel que importa não esquecer e o direito à criatividade que a liberdade nos concedeu é inalienável, mesmo que possa significar "ofensa à memória" para os que pretendem passar uma esponja sobre a repressão e a censura que foi exercida, no século passado, em Portugal.

A PIDE (e as suas restantes designações ao longo da ditadura) não foi uma polícia secreta mas sim uma polícia política que agiu como o braço repressivo de um regime que, se não foi fascista por falta de doutrina, a usava como instrumento fascista.
"A repressão da PIDE/DGS foi selectiva, verificando-se que, entre 1945 e 1974, num universo de cerca de 15.000 detidos políticos, houve cerca de 400 detenções anuais de carácter político. Houve, no entanto, alguns períodos marcados por «picos» maiores de detenções, nomeadamente entre 1946 e 1954, nos anos de 1958 e 1959 e, entre 1961 e 1964. Em 1973, quando já ia longe a crença na liberalização marcelista, a DGS procedeu, na chamada metrópole, a 561 detenções políticas."
Irene Pimentel
A absolvição de Margarida Fonseca Santos decretada pelo Juiz António Passo Leite faz-nos acreditar na própria justiça. Dá-nos esperança. Inspira-nos confiança neste Portugal que tantas vezes se sente maltratado por sentenças que em nada se coadunam com o sentir dos cidadãos.

Fica a faltar que a peça volte à cena.
LNT
[0.303/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXLIV ]

a Peixaria
A Peixaria - Lisboa - Portugal
LNT
[0.302/2011]

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Da amoralidade

Laço pretoHá assuntos sobre os quais reflicto, falo, mas raramente escrevo. Não vos sei explicar porquê, talvez porque a brutalidade, porque a desumanidade e porque a aberração ultrapassam toda a minha compreensão e me bloqueiam as letras.

Nada, nem mesmo a violência, nem a loucura, nem a guerra me deixam nesse estado.

Em memória dos inocentes da Noruega nem sequer evocarei o entendimento, porque a morte que lhes foi provocada não é bem, nem mal, só um acto de amoralidade que ultrapassa todos os meus limites de racionalidade e me fazem perigar a coerência da defesa intransigente do direito à vida.

O que se passou na Noruega abalou-me como se se tivesse passado na minha rua. Os crimes contra a humanidade não têm limites, nem jurisdição, nem fronteira.
LNT
[0.301/2011]