segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Em 2013

Bandeira da RepúblicaFica para memória que, no Cinco de Outubro deste ano, tivemos um discurso de Presidente da República feito por um Presidente da Câmara e um outro de Presidente de Junta feito por um Presidente da República.

Razão tenho ao não deixar de aconselhar à minha clientela que olhe para o autarca com olhos de ver e ganas para o fazer o Mais Alto Magistrado da Nação.

Recordarão nessa altura que o que distingue uma República com um Presidente de uma outra tutelada por uma Magistratura (activa) de Influência é a menor serventia do Tribunal Constitucional.
LNT
[0.359/2013]

Versículos de uma epístola de Portas

Paulo PortasTudo nele é artificial. Ele próprio é artificial.

Não lhe chegando o saque dos vivos para saciar a voracidade que tem por aqueles de quem se arvora defensor, Paulo, democrata e cristão, olhou do topo da montanha para onde o guinaram e viu o precipício à frente dos pés.

Então, bafejado pelo odor da Besta que o contrapôs ao Bem em que se crismou, decretou que aos velhos não lhes basta morrer na miséria mas há que sacar também a quem a eles sobreviva.

Neste tempo de perfídia e de trevas, na impossibilidade de se quedar com a alma arrebatada precocemente aos velhotes a quem diminui cuidados de sobrevivência, esmifra-lhes o legado.

Amem. (até que alguém diga que assim não seja)
LNT
[0.358/2013]

Infinito majestoso

José António BarreirosNa passada sexta-feira fui ouvir José António Barreiros dissertar, na biblioteca Orlando Ribeiro, sobre um coiso que tinha criado (ele chamou-lhe objecto). Aquilo é uma obra magistralmente pincelada com letras sobre o óleo que lhe serviu de lastro.

Entre os muitos sobressaltos decorrentes da conversa (ainda não tinha lido mais que uma página do texto) retive duas perturbações:
Uma, relativa à textura das pinturas a óleo que é conseguida com manchas de tinta em relevo, impróprias para serem lidas per si, e que impõem ao leitor que se afaste o suficiente para não se perder na pigmentação e nas sombras provocadas pelas pinceladas. Há que observar a obra por inteiro para se perceber o sentido.

A outra, relativa à propriedade das obras públicas (ou publicadas) uma vez que a sua leitura e interpretação não pertence ao autor. Barreiros misturou-se na pigmentação de um quadro de que não era o autor e a cada pigmento juntou-lhe uma letra e a cada letra uma ideia e com o conjunto de ideias contou uma história que, diz ele, lhe veio inconscientemente de entranhas que desconhecia ter. Essa será a maior inquietação de qualquer jurista, principalmente se habituado a defender na barra as próprias entranhas desconhecidas dos seus constituintes.
O coiso (o autor chamou-lhe objecto, lembram-se, o que não é por não ser exterior ao espírito) foi lido de supetão até à última pincelada e aguarda releitura para melhor distanciamento antes de ser exposto. A sua condição de coiso deixa-me a questão de saber se, no fim, o devo emoldurar e pendurar na parede, ou encaixá-lo na prateleira dos livros.

Seja como for, o infinito majestoso é uma obra de arte que trouxe para casa.
LNT
[0.357/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXCII ]

Pesca
Pesca na barragem - Alentejo - Portugal
LNT
[0.356/2013]

sábado, 5 de outubro de 2013

Da dignidade e do pífio

JiminyO que esta gente não percebe é que aqueles a quem se dobram são os que nunca se dobraram perante os portugueses.

Se o entendessem percebiam também que, até perante eles, ficam mal vistos.
LNT
[0.355/2013]

oãtsiuqavaC

aseugutroP A

rahcram, rahcram seõhnac so artnoc
ratul airtáP alep
!samra sà, samra sà
ram o erbos, arret a erboS
!samra sà, samra sà

!airótiv à et-raiug ed-áh euq
sóva soigérge suet soD
zov a es-etnes airtáP Ó
airómem ad samurb sa ertnE
!lagutroP ed rodnelpse O
ovon ed ejoh iatnaveL
,latromi, etnelav oãçaN
ovop erbon, ram od sióreH
LNT
[0.354/2013]

País sequestrado

Cara NacionalTenho vergonha de no meu País se comemorar a data do regime dentro de uma sala onde o seu poder eleito em democracia se esconde de portadas fechadas.

Tenho vergonha de no meu País democrático ver o seu máximo representante fugir dos espaços fechados onde faz discursos que ignoram o sofrimento do povo, para o refúgio da viatura que o conduz a novo bunker.

Tenho vergonha de no meu País democrático os votos estarem sequestrados e quem os sequestrou nem sequer ter coragem de encarar os seus verdadeiros detentores.

Tenho vergonha de no meu País o executivo eleito democraticamente não respeitar a Lei Fundamental pela qual foi eleito, nem os preceitos básicos de separação de poderes nela determinados.

Tenho vergonha de no meu País os poderes eleitos não fazerem valer a nossa condição de Nação valente e imortal.

Tenho esperança que no meu País seja eleito como seu máximo representante quem, no dia de comemoração do regime vigente, teve a coragem de pronunciar o discurso que se impunha, neste momento, a um Chefe de Estado.
LNT
[0.353/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXCI ]

Portugal
Bandeira Nacional - Portugal
LNT
[0.352/2013]

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A dissertação

CasteloTópicos para o discurso de amanhã:
1 - Já não vinha aqui desde a última vez que aqui estive;
2 – Mencionar a raça da República;
3 – Apelar à união nacional;
4 – Evocar a sustentável leveza da dívida externa;
5 – Voltar a frisar que já antes não vinha aqui desde a penúltima vez que aqui tinha estado;
6 – Não falar do segundo resgate;
7 – Citar Maquiavel, Sade e um dos masoquistas Roteiros acrescentando a expressão “bem avisei”;
8 – Não fazer qualquer leitura nacional de quaisquer eleições;
9 – Vários vivas.

Cuidado especial: Ouvir o Hino com antecedência para ter a certeza que não começará por “contra os canhões, marchar, marchar”.
LNT
[0.351/2013]

Ditos populares à Moura Guedes [ I ]

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Oliveira escondido com Costa de fora
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LNT
[0.350/2013]

Hoje em Lisboa

Infinito MajestosoComo foi para dar boas notícias lá apareceu o Vice-Primeiro nas pantalhas com a sua irrevogável amiga. A maçaroca já cá canta. Venha o cheque, esqueçam o segundo resgate porque o tempo da chantagem pré-eleitoral já lá vai e tratem de amochar mais um ano porque isto é a vida real e reformar o Estado dá um trabalhão quando se quer ir além da troika e aquém de tudo o que é decente.

A coisa não merece mais referência. Paleio até que o OE entre na Assembleia da República e se entenda, de vez, que o caminho do empobrecimento é um trilho estreito à beira do precipício que terá de ser palmilhado até ao fim, quando se confirmar que o trilho foi um beco sem saída.

Passemos então ao que interessa e o que hoje interessa é a apresentação da narrativa ficcional que está contida pela capa do novo livro de José António Barreiros. Infinito Majestoso será hoje presente em Lisboa, Telheiras, na Biblioteca Orlando Ribeiro e a Labirinto de Letras convida de porta aberta.

Tenho por Barreiros uma simpatia especial que vem desde o tempo do VI Governo Provisório e do I Constitucional onde partilhámos tarefas no gabinete de Manuel Tito de Morais.

Desconheço o que está escrito nesta obra mas posso adivinhar a forma porque lhe conheço o estilo, a clareza de raciocínio e o rigor das palavras.
Até logo.
LNT
[0.349/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCXC ]

Leica
Leica - por aí - Portugal/Alemanha
LNT
[0.348/2013]

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Valha-nos São Jorge

Lisboa Castelo de São JorgeNuma última volta pelas eleições para estabelecer estratégias de fuga de Lisboa dou com:
Oeiras tomada pelos independentes;
Amadora, Odivelas, Vila Franca de Xira, Sintra, Arruda dos Vinhos, Torres Vedras, Alenquer, Azambuja, Lourinhã, Salvaterra de Magos, Cartaxo e Montijo tomadas pelas forças aliadas;
Loures, Sobral de Monte Agraço, Benavente, Almada, Seixal, Barreiro, Moita e Alcochete tomadas pelas forças vermelhas;
Cascais e Rio Maior tomadas pelas forças do poder e Mafra, Cadaval e Santarém tomadas pelas forças laranja.

As fugas para Norte e terras saloias estão garantidas pela A8 só tendo de me blindar às portas de casa e na passagem pelo Convento.

As fugas para Sul ficam garantidas pela Vasco da Gama desde que cuide do flanco esquerdo ao cruzar o Tejo.

Atravessar a 25 de Abril ou meter-me pela A1 está fora de causa.
LNT
[0.347/2013]

Melhor quer dizer mais bom ou mais bem

Machina SpeculatrixAté percebo o Porfírio. Também me irrita a tendência portuguesa para o exagero, por exemplo quando o nosso Presidente anuncia que terminou a recessão ou o nosso PM diz que estamos no bom caminho, e por isso entendo que teria sido desnecessário o PS andar com cartinhas (aliás, esta moda das cartas irrita-me quase sempre) a anunciar “os melhores resultados de sempre” conseguidos numas autárquicas.

Mas (isto dos mas também me irrita, porque é irritante ter de haver sempre um mas) a verdade é que melhor quer dizer mais bom ou mais bem e mais bom ou mais bem é obter melhores vantagens. O Partido Socialista obteve essas vantagens (mais câmaras, três das quatro maiores e mais importantes câmaras do País e a Associação Nacional de Municípios - a confirmar no dia 23 de Novembro) embora não tenha conseguido ter o maior número de votos de sempre em eleições autárquicas.

Também sabemos que maior não significa melhor mas essa é outra conversa.

No entanto há coisas muito mais importantes para nos irritar, como por exemplo a preocupação com as vitórias "estrondosas" dos comunistas no Baixo Alentejo (qualquer coisa que significa um universo de – Évora: 83512 votos totais entrados + Beja: 82470 votos totais entrados + Setúbal: 302712 votos totais entrados = 468694 votos totais entrados – atenção que se está a falar de votos entrados nas urnas para todos os concorrentes – num universo nacional de 4.996.088 votos entrados) que desta vez concentraram muitos votos dos descontentes com a actuação dos Partidos do "arco da governação".

Eu ficaria muito mais preocupado se esses votos de protesto se tivessem reunido à volta da extrema-direita, como é costume acontecer pela “Europa civilizada”, mas enfim.

Dito isto, resta-me reconfirmar que concordo com o Porfírio sobre a desnecessidade de se ter escrito aquela carta nos termos em que foi escrita. Talvez a sua redacção inglesa devesse ter sido feita com mais cuidado mas, como se sabe, estas coisas do inglês técnico são sempre uma pedra no sapato socialista.
LNT
[0.346/2013]

Falta de inspiração

UnhasA eterna mudança nos tempos correntes e a rápida evolução dos acontecimentos no Mundo moderno provocam nos seres humanos estados de desânimo e de frustração insuperáveis.

Depois de ter aprendido tanto com a magnífica discussão sobre os piropos que animou as hostes e tanta tinta e papel de jornal fez vender na época alta do Sol escaldante, confronto-me agora com a impossibilidade de observação das unhas multicoloridas que, até há pouco, se sentavam nos bancos do Metro onde me desloco todos os dias para a baixa pombalina e dos pombos. Bastou que o Céu abrisse as torneiras para que os pés que expunham tantas obras de arte se escondessem dentro de ignóbeis botifarras.

Resta-me agora pensar, já que não me passa pela cabeça vocalizar piropos embora saiba distingui-los da ordinarice. Resta-me agora olhar para dentro, já que olhar para dentro dos olhos de alguém pode ser assédio. Resta-me agora pedir amizade a desconhecidos no FaceBook, já que se o fizer na rua pode levar-me à prisão. Resta-me observar o calçado sem lhe equacionar a qualidade, já que dissertar sobre o assunto pode fazer-me passar por assassino cruel dos bois (insistem que são vaca) que se compram no talho.

Resta-me isolar, escrever e não falar. Mas assim é difícil a inspiração.
LNT
[0.345/2013]