terça-feira, 7 de julho de 2015

Maria de Jesus

Maria de Jesus BarrosoSaber que Maria de Jesus Barroso deixou de estar presente no bom senso deste País, Senhora que desde sempre considerei como sendo o maior marco português do bom senso político, cívico, pedagógico e humanista do século XX, deixa um vazio impossível de comparar com qualquer outra personalidade nacional.

Conhecia como política, como amiga de família, como directora do colégio das minhas filhas.

Conhecia como resistente, como mulher de cultura, como lutadora incansável pela liberdade e pela dignidade humana, como Primeira-dama por ser dama de primeira e não por ter sido a mulher de um Presidente da República, como Mãe sofrida quando o João esteve às portas da morte, como Mãe e Avó extremosa, como uma pessoa corajosa, valente e lúcida.

Nunca esquecerei os seus exemplos e ensinamentos.

A Mário Soares, ao João e à Isabel deixo o meu mais sentido pesar.
LNT
[0.240/2015]

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A vida e as 62 coisas

LNT 1956A vida é um fio. Nem curto, nem comprido. Um fio frágil sujeito a rebentar mas que não se quer tratado com cerimónia e temor.

É uma linha plástica e elástica pronta a ser esticada, apta para construir. Se na construção partir, torcer ou moer, paciência.

Um fio enrolado num carrinho, envolto em celofane e acomodado em algodão acabará por apodrecer à mesma sem ter servido a sua função.

Era só isto. Só, e já não é pouco.

Viva o vinte e seis do seis.
LNT
[0.239/2015]

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Segundas infâncias

AlíviosSua Excelência aliviadíssima que nunca fala (quando calha) do interior quando está no exterior deu mais um sinal da sua senilidade ao referir infantilmente, no exterior, aquilo que o seu interior já não consegue deixar de extravasar.

O ó-ó de sua excelência aliviada, mas que tarda em nos aliviar das suas tontarias, há-de ter-lhe feito repousar o ego inchado pela menor maioria que até hoje fez eleger um Presidente da República.

O descanso que lhe assistirá, de seguida, no condomínio privado do BPN da Coelha é merecido.

Esse e o seguinte que se iniciará em Janeiro, quando sua excelência aliviadíssima nos deixar finalmente de azucrinar.
LNT
[0.236/2015]

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Azar dos Távoras

Távoras - Chão SalgadoO número que Portas e Coelho ensaiaram ontem, à hora em que os jornais televisivos interromperam a torrente de telenovelas (esta boca não é minha), acabou por cair em saco roto no Portugalinho da bola.

É verdade que a tal drible nada trazia de novo uma vez que aquilo que mais interessava saber ficou escondido na finta de não ser apresentado antes dos votos porque depende (dizem os players) de um acordo pós-eleitoral.

As não-notícias políticas com que quiseram tomar conta dos noticiários de hoje ficaram reduzidas à relevância de Paulo ter tratado o Primeiro-ministro por Pedro e de Pedro se ter dirigido a Paulo pelo título de Senhor-vice-primeiro-ministro.

O azar dos Távoras concretizou-se quando, ao mesmo tempo, se fez saber que Jesus estava de malas aviadas para as bandas de Alvalade e que o Benfica poderá passar a ter duas águias Vitória.

Nem da prosápia de Portas, nem do novo para-além-da-troika de Coelho ficou rasto.
LNT
[0.235/2015]

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Mantê-los pobres

CãoEles detestam ter de pensar que, em vez de ser necessário cortar 600 milhões, é preferível conseguir mais 600 milhões. Detestam porque:

1º - Pensar é difícil;
2º - Reduzir as suas mordomias e as das suas clientelas para o conseguirem é impensável;
3º - Cortar é mais precioso ao entendimento da submissão do que conseguir.

Não se percebe o que está a escapar aos leitores.

Será que nunca mais entendem que um reformado com o dinheiro é uma ameaça para o desemprego que se quer alto para rechear a bolsa dos disponíveis baratos?

Sendo verdade que somos aquilo que comemos, a coligação só anda a comer porcaria.
LNT
[0.234/2015]

sábado, 23 de maio de 2015

Enunciado

Física
O Povo largou o actual Governo da varanda do seu quarto, situada a cinco metros do solo. A partir de aí, e sabendo que o actual Governo tem uma massa disforme levezinha, indique a intensidade da força aplicada ao governo durante a queda e o valor da velocidade com que este se escarrapachou no solo tendo em consideração que Boliqueime está ao nível do mar.
LNT
[0.233/2015]

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Da Senhora Dona Amélia

Coroa Real Portuguesa
O novo Museu dos Coches é inaugurado hoje.

Já sabemos, pelas notícias, quem lá estará para puxar por eles. Ficou por saber quem transportarão.
LNT
[0.232/2015]

segunda-feira, 11 de maio de 2015

É a democracia que não se entranha

Pista aterragemO País escandalizou-se com a afirmação feita pelo porta-voz do SPAC quando considerou uma vitória o prejuízo de 30 milhões que a greve provocou na TAP.

A democracia primeiro estranha-se mas parece que, em Portugal, mesmo ao fim de 40 e tal anos, não se entranha.

A ideia de qualquer greve é causar prejuízos à entidade patronal. Se assim não acontecer para nada serve uma vez que a entidade patronal não sentirá necessidade de satisfazer as reivindicações dos seus trabalhadores.

Note-se que este texto não é uma forma de mostrar a minha concordância com a greve dos pilotos, porque só em parte (muito pequena parte) concordo, mas causa-me enorme surpresa verificar que as elites, politicas e comentadeiras, continuem a passar uma imagem tão miserável em relação aos direitos dos trabalhadores e um tão miserável entendimento sobre o que é uma greve e para o que serve.
LNT
[0.228/2015]

sábado, 9 de maio de 2015

Também não somos o Labour

LabourÉ doloroso ler que, se o Reino Unido decidir sair da União Europeia pelo referendo que lá se realizará em 2017 (o referendo foi uma das promessas eleitorais que mais fortemente contribuiu para a estrondosa vitória dos Conservadores), a Inglaterra perderá o seu peso na Europa e no Mundo.

É principalmente doloroso porque, uma vez mais, são atirados os papões do caminho único e da inevitabilidade de pertença a uma União Europeia que há muito o deixou de ser quando optou por se transformar num directório germânico/nórdico destinado a exercer o controlo que não conseguiu há 70 anos.

Andamos nisto. Nisto de chamar Europa à União Europeia e de comemorar décadas da queda de um poder de armas que agora se afirmou pelo poder da moeda. Como se o valor maior não fosse a vontade dos povos dessa Europa, como se o valor maior conseguido pelo derrube das armas não tivesse sido transformar o voto na arma desses povos.
LNT
[0.227/2015]

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Se o Mundo não for de sondagem

Manuel AmadoAcordei com a sensação de que os ingleses deitaram fora, de vez, os Blair deste Mundo fazendo saber que entre um tory disfarçado de labour e um tory tal e qual, preferem o segundo.

Eles, possivelmente, preferem encarar a possibilidade de ter de referendar a sua permanência na Europa e equacionar o seu “I want my money back” a ficar nas meias tintas de pertencerem a uma Europa (onde nunca estiveram com os dois pés) só porque há quem queira continuar a fazer crer que estar na Europa é uma inevitabilidade.

E não me venham com a conversa de que o sistema eleitoral britânico, por ser anacrónico, permite estas surpresas porque ele é o mesmo que já permitiu surpresas semelhantes de sinal contrário.

Quando o que é dado a escolher aos eleitores é um ou outro modelo de austeridade (ainda que mais doce) fica provado que os eleitores poderão, apesar das sondagens, optar pelo modelo da austeridade que já conhecem.

Fica a nota aos grandes estrategas académicos que se dedicam às teorias das décadas em vez de se centrarem no que interessa alterar imediatamente na próxima legislatura.

It´s democracy, stupid!
LNT
[0.226/2015]

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Com a verdade “minganas”

Na resposta, Passos Coelho mostrou-se desagradado com a “intriga política” suscitada, assegurando que “nunca na vida” enxovalhou "o líder do principal partido da oposição". Uma gafe que provocou alguns risos, já que se referia à polémica da demissão de Paulo Portas, no verão de 2013.
O trapalhão que temos como Primeiro-ministro até ao próximo mês de Outubro deixou os ferros curtos relatados por terceiros na sua pseudo-biografia (autorizada) para passar aos compridos, ao estribo, desferrados no cachaço do seu parceiro de coligação.

Aquilo do SMS era coisa menor segundo fizeram saber os do Caldas e então, em pleno Parlamento e ainda visivelmente emocionado e enxofrado com as desfeitas que estavam a fazer ao seu parceiro e mentor Dias Loureiro – que ele considera ser um empresário de sucesso que merece ser apontado como exemplo do melhor empreendedorismo nacional - , atirou a Portas o imputo de “líder do principal partido da oposição”.

Sabemos que ele queria dizer – líder do pior (do mais perigoso) partido da contraposição – mas as habituais trapalhices que se lhe conhecem fizeram-no sair-se assim.

Lá para Outubro, na terceira pseudo-biografia de despedida onde comprovará que somos o que queremos que os outros julguem que somos, haveremos de perceber que este lapso foi um MMS intencional.
LNT
[0.225/2015]