[0.093/2009]Jazigos de família e swingO nosso vizinho
João Tunes, do Água Lisa(6), aborda a questão que mais me tem feito reflectir nos últimos tempos: -
Deveremos, perante uma campanha política cínica e anónima, entregar o poder a Belém através do apodrecimento de uma única figura que, após ter provocado o estado calamitoso em que se encontra a ideologia, deixará o colectivo partidário à beira do orfanato?A resposta imediata é não e ainda mais veemente, antes o
PS/Sócrates, do que o
PSD/Leite. Morte de ideologia por morte de ideologia, prefiro a política que mantém a doutrina nos seus fundamentos à de políticos que repudiam a política.
Manuela Ferreira Leite, moeda boa de Belém, tenta passar a imagem anti-política que
Cavaco cultivou nos seus mandatos de executivo e que ainda hoje demonstra quando é abordado para comentar a situação política portuguesa. No tempo de executivo atafulhava-se de bolo-rei e agora, em posição majestática entre dois sorrisos e o
swing do campo de 18 buracos, evoca razões de estado para manter o silêncio, como se o seu silêncio não se devesse quebrar perante as "
fontes da Presidência" que tanta água inquinada têm brotado, as fugas ao "
segredo de justiça" que tanta injustiça tem criado e a "
boataria lançada pelo anonimato" em que os cobardes do costume se escudam com o argumento da liberdade.
Se Ferreira Leite viesse a herdar o poder, não o faria por valor próprio, que poucos lhe reconhecem, mas por jogos de bastidores que já foram jogados em circunstâncias anteriores ao longo da História, incluindo na História recente.
Seria o acumular do poder nas mãos do Presidente que foi eleito na campa da ideologia aproveitando guerras fratricidas de famílias desavindas.
No entanto parece impossível a concretização
do desejo do João Tunes de ver sair do próximo Congresso do PS a solução que protagoniza, por duas razões:
1 - Porque o Congresso já está antecipadamente concluído e o Líder decididamente escolhido; e,
2 – Porque ressuscitar a ideologia requer tratamento de choque e isso não se consegue com intenções.
Para finalizar deixo um conselho: - Não se façam enterros de mortos-vivos, mesmo que as procissões fúnebres estejam a ser ensaiadas com togas e cabeleiras empoadas. Também aqui, o anúncio da morte precoce pode ser manifestamente exagerado.
LNTRastos:
-> Água Lisa ≡ João Tunes - Devolver a decisão política aos que elegem e aos que são eleitos