quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Funcionários de 1ª

CogumeloSempre que se fala em dívida, em despesa pública e no seu controlo, aparecem os do costume (e hoje em dia já aparecem alguns que não era costume aparecerem) a dizer que há que cortar nos vencimentos dos funcionários públicos e que já não basta congelá-los, mas que se torna imprescindível amputá-los.

Raciocínio recorrente de quem pensa que despesa pública são vencimentos de funcionários e que faz esquecer com esta conversa os milhões esbanjados em serviços, consultorias e fornecimento de serviços com que anualmente se pagam mais uns milhares de funcionários públicos não-quadros da administração, mas de empresas privadas, que fazem do Orçamento do Estado, através de outsourcing e consultadorias, a sua única razão de vida.

Estes funcionários de 1º, os das empresas privadas parasitas do Estado, que auferem vencimentos e mordomias vedadas aos outros, estão na primeira linha dos que reclamam os cortes nos vencimentos e emprego dos funcionários de papel passado.

Percebe-se porquê, não percebe?
LNT
[0.063/2010]

(Atos 9.1-22)

CavaloO homem anda a dar recados para a família através do megafone que lhe puseram na mão.

Anda em Bruxelas, por Estrasburgo, ou lá por onde é, a refilar com os custos e as despesas embora seja um dos convivas no banquete orçamental e, assim de mansinho como quem fala das coisas que lhe pagam para falar, mete os slipes e as peúgas que devia pôr-de-molho na saponária privada, na máquina de lavar comunitária.

Não se descose, o coiso, o que deixa Coelho aos passos e Branco a guiar, nervoso, e a ler o Novo Testamento:

"Saulo, fervoroso defensor da tradição judaica (e por isso talvez mesmo um zelote), foi enviado a Damasco para fazer face à agitação dos seguidores do "Caminho".

Foi durante esta missão a Damasco que Saulo tomou o partido dos cristãos que perseguia anteriormente. Foi aqui que Saulo, indo no caminho de Damasco, já perto da cidade, viu um resplendor de luz no céu que o cercou, e caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?". Saulo muda de lado.

A esta mudança de partido ele fez corresponder uma mudança de nome. Abandonou o nome Saulo e, deste momento em diante, fez-se conhecer como Paulo."

LNT
[0.062/2010]

Já fui feliz aqui [ DCXCV ]

Cerejas
Cerejas - (aos cabazes, no tempo delas) - Portugal

LNT
[0.061/2010]

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nicotina Magazine

Nicotina MagazineJoão Gomes de Almeida lançou ontem a Nicotina Magazine, revista on-line de cultura subversiva e pós-revolucionária onde mistura uma editora, um bar, um restaurante, gente interessante, notícia, esquerda, direita, marche.

Neste primeiro número inclui entrevistas, faz referências à blogos(fera), divulga caixas sobre literatura, cinema, artes, dança, teatro e inclui uma crónica minha entre outras da autoria de Maria Isabel Goulão, Maria Inês de Almeida, Tomás Vasques, Nuno Ramos de Almeida e Vasco Campilho. É o que se chama ficar bem acompanhado.

A Nicotina Magazine tem tudo para vir a ser um êxito de edição. Aqui deixo ao João os meus parabéns pelo arrojo da iniciativa, os meus votos de maior sucesso para todas as vertentes deste seu projecto e o agradecimento pelo convite que me endereçou para fazer parte deste número de arranque.

A pouco mais de um ano da escolha do novo Presidente da República começa a ser tempo de se esboçar o perfil de quem queremos que venha a ser o garante do interesse dos cidadãos e do interesse nacional. Urge que se garanta que o próximo Presidente da República seja uma entidade em que o povo português se reveja ética e consistentemente, o que não implica neutralidade política mas recusa ao engajamento nas máquinas partidárias. Alguém que não envolva ou se deixe envolver na “partidarite” e no jogo de pequenas políticas e em que se confie um juízo pertinente capaz de reunir vontades e impor aos poderes não eleitos rumo sustentado na defesa da qualidade e da decência. LNT

LNT
[0.059/2010]

Rastos:
USB Link ->
o Amor no Tempo da Blogosfera ≡ João Gomes de Almeida
-> Nicotina Magazine
-> Nicotina Magazine ≡ LNT - Voltar a acreditar

Já fui feliz aqui [ DCXCIII ]

Pássaro
Pássaro de jardim - Albarraque - Portugal

LNT
[0.058/2010]

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Falemos de coisas importantes

Rolls RoyceDeixemos de lado os fait-divers para vender livros, aumentar share em canais de notícias e promover os ajustes de contas velhas.

Deixemos de lado, até porque há mais vida para além do orçamento, o dito cujo.

Deixemos de lado as festividades comemorativas do centésimo dia da implantação do diálogo e da convergência das rectas paralelas.

Deixemos de lado esse pormenor urgente de construir um comboio foguete interplanetário que tem de mudar de eixos quando chega aos Pirenéus.

Deixemos de lado todas essas manigâncias como são, por exemplo, os exercícios para cálculo da taxa de desemprego e as projecções que advém da possível devolução dos desempregados portugueses que estão no estrangeiro e que são adicionados às estatísticas desses países e subtraídos às nossas.

Deixemos de lado todas essas minudências, essas idiossincrasias, como diria o Paulo Ferreira, e concentremo-nos nas razões que me levam a não poder comprar o Rolls Royce que tem lugar marcado na minha garagem e nunca mais lá entra. Isso sim é motivo sério, sério porque não me reformei aos 50 anos, tenho emprego, trabalho e pago impostos, pago-os para todos e todos me exigem que pague mais, que trabalhe mais, que ganhe menos (agora chamam-lhe congelamento) e não consigo amealhar para o tal bólide que nunca irei ter porque... pago impostos, trabalho, tenho emprego e não me reformei aos 50 anos.
LNT
[0.057/2010]

Já fui feliz aqui [ DCXCII ]

Trânsito à noite
De cá para lá, de lá para cá - Lisboa - Portugal

LNT
[0.056/2010]

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Queixa das almas jovens censuradas

AngocheDão-nos um lírio e um canivete / e uma alma para ir à escola / mais um letreiro que promete / raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário / que tem a forma de uma cidade / mais um relógio e um calendário / onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim / para dar corda à nossa ausência. / Dão-nos um prémio de ser assim / sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu / para tirarmos o retrato / Dão-nos bilhetes para o céu / levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crânios ermos / com as cabeleiras das avós / para jamais nos parecermos / conosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história / da nossa historia sem enredo / e não nos soa na memória / outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados / que adormecemos no seu ombro / somos vazios despovoados / de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho / e um pacote de tabaco / dão-nos um pente e um espelho / pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça / e uma cabeça presa à cintura / para que o corpo não pareça / a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro / com embutidos de diamante / para organizar já o enterro / do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal / um avião e um violino / mas não nos dão o animal / que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão / com carimbo no passaporte / por isso a nossa dimensão / não é a vida, nem é a morte
Natália Correia
LNT
[0.055/2010]

Já fui feliz aqui [ DCXCI ]

Casa Pereira
Casa Pereira - Lisboa - Portugal

LNT
[0.054/2010]

sábado, 30 de janeiro de 2010

Colaborador da Semana [ XCI ]

Colaboradora DollarNuma altura em que os nossos bem falantes economistas não param de dissertar sobre as tragédias que se antevêem, decorrentes da crise e do Orçamento de Estado que entrou para discussão e acordo à la droite na Assembleia da República, a nossa colaboradora Fernandette Ameixieira des Saints, preocupada com os Cisnes Negros, os PIIGS, as Fitch, os CDS, as agências de ratting, as shatter belt e outros animais domésticos que fazem parte da língua de trapos da intelectualidade econo-geo-globalista, resolveu lançar, entre a clientela, um concurso para saber se o Dólar cai ou não cai (como se pode ver aqui em mais pormenor).

Tal iniciativa tem provocado na nossa clientela a maior expectativa e entusiasmo o que acrescenta valor à actividade desta média e pequena empresa, que é a Barbearia do Sr. Luís, aumentando-lhe a cotação nos mercados nacionais, e lhe projecta uma alavancagem capaz de a transformar num franchising com fortes probabilidades de cotação em Dow Jones.

Pelo feito, atribui-se a Fernandette, a distinção desta semana.
LNT
(Créditos para PMP)
[0.052/2010]

Já fui feliz aqui [ DCLXXXIX ]

Viuva Lamego
Fábrica Viúva Lamego - Lisboa - Portugal

LNT
[0.051/2010]

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pachequismos

EscherA consolidação da democracia passa pela desformatação das mentalidades passadistas e pela abertura para a liberdade cívica. Este passo, determinante na maturação do próprio conceito de democracia, não é penoso mas é de difícil concretização e comporta em si disciplina que não vem da educação no sentido da aquisição de habilitações, mas da educação civilizacional que implica a abertura da mente para a tolerância ao diferente, para a aprendizagem, para a desmontagem dos interesses camorranos, para a solidariedade na ética, para a honestidade intelectual e para o respeito pelo pensar alheio.

Pode um intelectual defender o mesmo que defendeu no passado, verificando que as premissas se transformaram, só para manter a coerência aparente? Poder, pode, se quiser sobrepor a retórica ao evidente e, em nome da solidariedade para além da ética, preferir o silêncio ou a cumplicidade, à honestidade intelectual. É aqui que o povo diz que: “tão ladrão é o que rouba como o que fica à porta”.

Vem isto a propósito das reacções de blogs alinhados, à direita e à esquerda, leia-se: - blogs enquistados em objectos de direita e de esquerda, e não em ideias – que arregalam os olhos e não se poupam a juízos, que os caracterizam mais a eles do que aos alvos a quem se dirigem, que retiram conclusões absurdas por incapacidade de observarem que o mundo evolui e os cenários têm de projectar as consequências dos actos que, em cada momento, os actores praticam.

Há gente que não consegue consolidar-se na democracia, não entende a liberdade e julga sempre os outros em função do bloqueio que o seu acantonamento gera.

Há bandos suicidas que preferem amar mal e mal serem amados até à morte do que evitarem a sua morte e a dos outros que amam usando a inteligência para avisar que o suicídio está perto.

Há muita democracia por cumprir, muita abertura de mente por desenrolhar, muita bolha por explodir.
LNT
[0.050/2010]