quarta-feira, 17 de setembro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Vacadas liberais
Desta vez parece que os liberais (leia-se capitalistas selvagens pseudo-liberais) não estão pelos ajustes (a ver vamos) e que o trambolhão da finança americana se vai efectivar.
Nada de especial gozo ou satisfação porque tudo se irá reflectir também do lado de cá do Atlântico e acabará por nos tocar quando alguma banca portuguesa começar a revelar que parte dos seus investimentos eram em acções e noutros produtos do Lehman Brothers.
Como sempre a massa cinzenta da nossa terrinha desvaloriza a coisa. Aquilo passa-se do lado de lá, dizem, esquecendo que o mercado do lado de lá está aberto ao lado de cá e que as carteiras são formadas com investimentos universais. Esquecem-se também que o lado de cá não é só o que está para cá da fronteira espanhola.
Como sou barbeiro e não bruxo esperarei sentado para observar o efeito de arrasto que mais este crash americano vai provocar, antes de fazer raciocínios como os que se podem ler aqui, mas cada vez mais me convenço que a não mudarem os fazedores de opinião e de dinheiro em Portugal, nunca passaremos da cepa torta.
Isso e também para verificar se continua a ser verdade a máxima de que por trás de cada bom liberal há sempre um bom Estado que lhe garante as mais valias em tempo de vacas gordas e as almofadas dos contribuintes quando as vacas são atacadas de anorexia.
LNT
Rastos:
-> Jornal de Negócios On-line - Economistas desvalorizam impacto da falência do banco americano na banca portuguesa
-> Expresso BlogBrother - Carolina Reis - A crise financeira continua na ordem do dia dos blogues
Fidalguices
Nós, os fidalgos, não nos confundimos com a ralé. Seja ela de não-fidalgos ou de titulares, a menos que o título seja de fidalguia.
Os Condes, Viscondes e Marqueses, podem não ser de casta. Podem ser (ou ter sido) somente mais do mesmo que a República faz quando agracia plebeus com comendas.
Oiço, espanto-me, concordo e registo.
LNT
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
The question
Beef or not beef
Teresa Ribeiro questiona no "Já fui feliz aqui nº 698/2008" sobre se os touros de então terão guardado as terríveis memórias desse dia.
A lide, cara Corta-fiteira, foi feita a garraios, uma espécie de leitões com cornos e sem toucinho, os quais, que me lembre, não terão saído dali para numa churrasqueira mas antes para o campo onde foram bem tratados até ao dia em que alguém os despachou para o talho.
Se memória tiverem, não será nem mais nem menos do que a memória de uma posta mirandesa e como nunca falo com a comida que tenho no prato para a questionar sobre o que a levou à frigideira, não conseguirei saber o que comporta.
No entanto eu, que não sou costeleta de novilho, recordo-me das nódoas-negras que o embolado me deixou no corpo e da farra que fizemos depois de termos levado o animal em ombros até aos curros.
LNT
Rastos:
-> Corta-fitas - Teresa Ribeiro
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Colaborador da Semana [ XLV ]
Feito barbeiro de casórios faço-me à estrada para as bandas de Ponte de Lima, terra de queijo redondo, viras e chulas.
Levo comigo as chaves dos empoados mas deixo a porta aberta ao cuidado da massagista Ruita Pedreira, colaboradora estimada, especialista em concertações estratégicas das zonas erógenas.
Fica o aviso que Ruita gosta de fardas e, embora por pudor não escreva, tem o dom da diplomacia de caserna na fluência dos murmúrios com que justifica os actos falhados que pratica. Escusam de provocá-la nos comentários.
Ruita Pedreira, fica de guarda ao quadro de honra.
LNT
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
September 11 NY
LNT
Ah, perante esta única realidade, que é o mistério, perante esta única realidade terrível, a de haver uma realidade.
Perante este horrível ser que é haver ser.
Perante este abismo de existir um abismo, este abismo de a existência de tudo ser um abismo, ser um abismo por simplesmente ser, por poder ser, por haver ser!
Perante isto tudo como tudo o que os homens fazem, tudo o que os homens dizem, tudo quanto constroem, desfazem ou se constrói ou desfaz através deles, se empequena!
Não, não se empequena... se transforma em outra coisa, numa só coisa tremenda e negra e impossível.
Uma coisa que está para além dos deuses, de Deus, do Destino.
Aquilo que faz que haja deuses e Deus e Destino, aquilo que faz que haja ser para que possa haver seres, aquilo que subsiste através de todas as formas, de todas as vidas, abstractas ou concretas, eternas ou contingentes, verdadeiras ou falsas!
Aquilo que, quando se abrangeu tudo, ainda ficou fora, porque quando se abrangeu tudo não se abrangeu explicar por que é um tudo, por que há qualquer coisa, por que há qualquer coisa, por que há qualquer coisa!
Minha inteligência tornou-se um coração cheio de pavor, e é com minhas ideias que tremo, com a minha consciência de mim.
Com a substância essencial do meu ser abstracto que sufoco de incompreensível, que me esmago de ultratranscendente, e deste medo, desta angústia, deste perigo do ultra-ser, não se pode fugir, não se pode fugir, não se pode fugir!
Cárcere do Ser, não há libertação de ti?
Cárcere de pensar, não há libertação de ti?
Ah, não, nenhuma – nem morte, nem vida, nem Deus!
Nós, irmãos gémeos do Destino em ambos existirmos, nós, irmãos gémeos dos Deuses todos, de toda a espécie, em sermos o mesmo abismo, em sermos a mesma sombra, sombra sejamos, ou sejamos luz, sempre a mesma noite.
Ah, se afronto confiado a vida, a incerteza da sorte, sorridente, impensando, a possibilidade quotidiana de todos os males, inconsciente do mistério de todas as coisas e de todos os gestos, por que não afrontarei sorridente, inconsciente, a Morte?
Ignoro-a? Mas que é que eu não ignoro?
A pena em que pego, a letra que escrevo, o papel em que escrevo, são mistérios menores que a Morte? Como, se tudo é o mesmo mistério?
E eu escrevo, estou escrevendo, por uma necessidade sem nada.
Ah, afronte eu como um bicho a morte que ele não sabe que existe!
Tenho eu a inconsciência profunda de todas as coisas naturais, pois, por mais consciência que tenha, tudo é inconsciência, porque é preciso existir para se criar tudo, e existir é ser inconsciente, porque existir é ser possível haver ser, e ser possível haver ser é maior que todos os Deuses.
Álvaro de Campos
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Rosa Rodrigues cor de chumbo
A educação evoluiu de forma significativa em Portugal. É um facto inegável que hoje há muito mais licenciados que anteriormente, que para exercer o cargo de recepcionista de hotel é necessário ter um curso superior de hotelaria ou similar, que para se ser empregado de balcão num banco é necessário ser-se economista ou gestor, ou que para se ser Deputado é obrigatório ser Dr. ou Eng. e frequentar uma universidade política de verão.
O novo-riquismo insano instalado decreta todos os dias, por intermédio de uma máquina ciente de que o emprego é escasso, que para se ser alguém pouco importa a habilitação profissional e o currículo do saber-fazer, uma vez que se elegeu a habilitação escolar como pedra diferenciadora.
Trata-se de centrar a questão numa escala de comparação com os nossos vizinhos e é incompreensível que um País decente não possa contar nas estatísticas de desemprego com, pelo menos, digamos, uma percentagem de 60% de licenciados. É imprescindível valorizar o nosso universo de mão-de-obra disponível e aumentar o índice de qualificação dos nossos desempregados.
Quem não estiver de acordo com estas metas é retrógrado, está parado no tempo, não apresenta perspectivas de futuro.
Quem não vir uma evolução positiva e significativa na nossa malha educacional e nos métodos de ensino é incapaz de perceber porque é que, sendo hoje a taxa de retenção escolar a mais baixa desde sempre, a de chumbos-de-vida aumenta em sentido inverso.
LNT
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Demo-crácias
Haverá por aí alguma alma caridosa que saiba informar este Barbeiro dos números da população angolana para que se possa fazer uma ideia da percentagem da população recenseada?
É que tenho a ideia de que esse democrata maior chamado Oliveira Salazar também fazia umas eleições por cá, possivelmente tão democráticas como as que se fizeram por lá e também conseguia o mesmo tipo de resultados sem manipulação das contagens.
Possivelmente, se na altura houvesse observadores internacionais (e se fossemos exportadores de petróleo), também diriam que as eleições tinham sido exemplares (excepção para aquelas de Humberto Delgado, mas isso pouco importa) e os comentadores repetiriam até à exaustão que o voto é soberano.
Obrigadinho e desculpem o incómodo.
LNT
Cortes e Fitas
O Pedro Correia faz a defesa do mês de Agosto e enumera os múltiplos acontecimentos mundiais de extrema relevância que têm acontecido nesse mês. A defesa do bom-nome do mês de Agosto, que internacionalmente é parte integrante da Silly Season, passa por notícias extraordinárias de guerras mundiais e catástrofes imensas, por independências nacionais e pactos mundiais e por coisas domésticas do tipo: quedas de cadeira; Lurdes Pintassilgo; Vasco Gonçalves; Santana Lopes; Bernardino Machado; etc.
Possivelmente Pedro Correia tem razão e o levantamento que efectuou para escrever aquele texto ajuda-o na comprovação da sua tese. O mês de Agosto deveria ser reabilitado, até porque é o mês em que geralmente o hemisfério norte centraliza as suas férias. O mês de Agosto deveria ter uma season específica e não se confundir com a season de Verão, essa sim, profundamente silly, pelo menos até ao dia em que um outro Pedro decida fazer o levantamento de todas as coisas relevantes que já aconteceram nos outros meses de Verão.
A prova mais evidente de que Agosto é um mês pouco silly e de enorme e fecunda evolução é a observação de que este ano foi o mês das notícias da criminalidade urbana e bem organizada quando no passado se cingia aos fogos pacóvios e de periferia.
De resto todos sabemos que Agosto só ganhou aquela má-fama porque o consumo de preservativos aumenta exponencialmente e na praia lê-se muita imprensa cor-de-rosa o que nos deixa convencidos que nesse mês o mundo gira à volta das férias de Sócrates ou das festas da Lili Caneças.
Setembro sim, é um mês característico da Silly Season. O Castelo-Branco que o diga e as reentrés políticas que o confirmem.
LNT
Rastos:
-> Corta-Fitas - Pedro Correia
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Mamma Mia Mamma Mia é um daqueles filmes que faz bem a quem já tem idade para o ver e que, acredito, tenha feito especialmente bem a quem o interpretou.
A estorieta que se desenvolve em ambiente idílico, embora com degraus demasiados para os fumadores que já têm idade para ver e perceber o filme, atira a nostalgia aos píncaros.
Quem viveu naqueles ou noutros cenários mais planos, em iguais tempos de irresponsabilidade, músicas e cenas de praia menos kitsch mas igualmente despreocupadas de racionalidade e mais livres de obsessões de juventude do que as da juventude de hoje (até em países do cu de Judas com políticas oficiais de repressão), vai conseguir retornos de geração.
Ver e ouvir Meryl Streep a actuar como hippie canora fora de prazo, coloca quem já tem idade para ver e compreender o filme em estado de comoção.
Aconselha-se. Sempre é melhor que ficar em casa a teclar textos como este.
LNT
domingo, 7 de setembro de 2008
Colaborador da Semana [ XLIV ]
Jusephina Atuarda nos Cantos é uma eficaz colaboradora desta loja. Gosta de diamantes e negoceia petróleo com os nossos clientes mais ricaços conseguindo vantagem para as partes cúmplices.
Atuarda nos Cantos é sabida, nunca toma o pequeno-almoço em chávena pequena.
Marca eleições para delegada de camarata e quando alguma colaboradora se atreve a fazer-lhe frente usa todos os recursos, fura as regras, manipula as câmaras de vigilância e garante à clientela que os mais puros quilates poderão continuar a ser trocados desde que não se façam ondas.
Jusephina é uma espertalhona, um caso sério na arte de se manter à tona. Nunca ganhou qualquer eleição com menos do que a percentagem das ditadoras.
Nos tempos que correm é uma colaboradora imprescindível.
Neste regresso de férias será a vitoriosa da semana.
LNT
Quando nada se tem para dizer é preferível ficar calado
E ao enésimo dia o silêncio fez-se voz. Diagnosticou, enunciou e identificou, como deve fazer um líder da oposição, mas às soluções disse nada, pior, limitou-se a mencionar o que todos sabem e a informar que tudo faria diferente.
Quem não tem memória curta lembra-se que, quando Manuela foi situação, tudo fez igual, mas pior, mais incompleto e mais ineficaz. Manuela não disse o que faria se voltasse ao poder, mas sim que faria diferente, desigual, possivelmente distinto daquilo que fez quando (não) fez.
Nada de novo, portanto. Tal como se desconfiava, a oposição escolheu para a sua liderança mais do mesmo e não a alternativa ao status quo.
LNT
Rastos:
-> Povo Livre - Discurso de Ferreira Leite
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Pasmem!
O papel de um líder da oposição é falar. Se é oposição não pode governar, dificilmente poderá legislar e raramente poderá fazer qualquer outra coisa pelo seu País que não seja apresentar alternativas às políticas a que se opõe.
Em Portugal existe uma líder da oposição a quem não basta o papel de inutilidade funcional e que ainda se tornou notícia porque um dia destes vai falar na escolinha dos pretendentes a políticos do PPD/PSD.
Há três dias que a notícia é a de que Manuela Ferreira Leite vai quebrar o silêncio, o que cria uma onda de excitação sem par e abre todos os noticiários.
Há coisas fantásticas, não há?
LNT