quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Botão Barbearia[0.317/2007]
Enmerdalamentos do barbeiro

António CostaQuando há meia-dúzia de meses o barbeiro, que ainda o não era, tugia por outros cantos que as eleições em Lisboa, caso se não realizassem em todos os órgãos autárquicos da capital, eram um disparate total, não faltou quem tivesse atirado todos os argumentos para que, mesmo só para a Câmara Municipal, elas se devessem realizar de modo a interromper, a meio do seu prazo, um mandato democrático e sufragado (inclusive por um número maior de eleitores do aquele que veio a interrompê-lo).

Todos sabiam haver maiorias já eleitas que se iam manter no poder e que com isso estariam aptas a inviabilizar boa parte dos projectos futuros de qualquer outra maioria no executivo, mas não houve concorrente que não desprezasse o facto.

O disparate está à vista e já pode começar a ser medido.

Para já, o único responsável pelas eleições já foi substituído na direcção do PSD. Agora, passado meio ano da sua eleição e depois de ter deixado o Governo onde a sua acção era importantíssima, vem António Costa acenar com a ameaça de demissão do cargo de Presidente da Câmara de Lisboa.

Os do costume, os que dizem que é para o futuro que se tem de olhar sem nunca fazerem a monitorização do passado nem a análise do presente, isto é, aqueles que se recusam a aprender e estão dispostos a cometer sucessivamente os mesmos erros, virão agora reclamar, uma vez mais, que se olhe para o futuro e apoiarão certamente as ameaças de demissão das responsabilidades assumidas.
Este método de desresponsabilização permanente e de desculpabilização nunca deixará, enquanto for aplicado, que a inventiva, a inovação e o progresso assumam o seu lugar no desenmerdalamento em que estamos atolados.

Em que gaveta estará guardado o plano B, necessariamente elaborado sabendo-se à partida com o que se contava, que permita avançar soluções para o impasse?
LNT

2 comentários:

António de Almeida disse...

-Este caso, só vem provar a necessidade de alterar a legislação eleitoral autarquica. Pessoalmente gostaria de executivos monopartidários, a meu ver não fazem sentido a existência de vereadores sem pelouro, naturalmente com poderes, e verbas reforçadas nas A.M. mas, a meu ver, a queda do presidente de câmara, deveria segnificar a queda do executivo. Um pouco á semelhança da AR.

Luís Novaes Tito disse...

É realmente um absurdo, esta lei autárquica. Mas não é menos fazer eleições para um só dos orgãos das autarquias.

Quem o fez tem agora pouca razão para protestar contra aquilo que sabia, de antemão, ser inevitável.