sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Raposices

Matilhas - Raposa Cães


O Raposo tem um primo, primário, burro e manipulador. Eu se tivesse um primo assim não publicava o que ele pensava porque me sentiria, no mínimo, tão burro, primário e manipulador como ele.

Se eu tivesse um primo que me inspirasse, como o primo do Raposo, tentava pensar um pouco antes de passar a inspiração à letra de um jornal porque poderia parecer, aos olhos que me lessem, que afinal o primo é mais esperto do que o Raposo porque tem o cuidado de não expor a sua imbecilidade publicamente.

Não conheço o Raposo, nem o primo do Raposo mas apetece-me dizer-lhes que um funcionário público é muito mais do que um empregado duma tasca qualquer, exigem-lhe mais do que numa tasca qualquer, ganha menos do que em qualquer tasca (ao contrário do que diz o coelho da mesma fábula do Raposo), implica colocações no cu de Judas, não tem carro como tem o primo do Raposo, nem telefone, nem almoçaradas com os amigalhaços para serem descontadas na empresa e incluídas nas declarações do IRS.

Não conheço o Raposo, nem o seu primo, mas gostaria que me explicassem porque terá o primo do Raposo ido trabalhar para a privada e não para o Estado. Teria sido porque sabia que no privado ganhava mais do que no público e ainda tinha todas as outras alcavalas? Se assim não foi, então o primo do Raposo ainda é mais burro do que parece, porque trocou o bom pelo mau.

Já agora, Raposo, diga ao seu primo burro e ressabiado, que se ele tivesse poupado na sua empresa privada e não tivesse andado a passear pelos congressos que se realizavam nas Caraíbas e lhe davam aquele ar dourado impecável para o engate entre dois outsourcing que fazia no Estado encostado aos esbranquiçados funcionários públicos enquanto eles pagavam, com os seus impostos, as escolas dos primos-segundos do Raposo e o hospital onde o tio do primo do Raposo foi tratado quando lhe deu um achaque (e caraças, os próprios que o trataram – médicos, enfermeiros, etc. – até eram também funcionários públicos), se ele tivesse poupado, dizia eu no início deste enorme parágrafo onde muito ficou por dizer, a tasca onde trabalha estaria em boa forma.

Claro que o envelope do fim do ano que lhe era entregue sem recibo também deu uma ajudinha na falência da empresa onde trabalha, embora na altura lhe parecesse imprescindível para as festarolas que gostava de fazer no Elefante Branco.

Só para acabar, Raposo. Informe o seu primo que os funcionários públicos não tem um quadro de excedentários, mas sim de mobilidade e onde as coisas não correm sempre tão bem como no subsídio de desemprego da amante do seu primo, aquela que nunca pôs os pés na empresa do seu primo, mas que lá conseguiu a declaração necessária. Diga ao seu primo que a ADSE é uma porcaria que não cobre o arranjo dos dentes embora se faça pagar com os descontos que os funcionários públicos têm de fazer para o efeito.

Diga-lhe que o despedimento na FP está iminente. Diga-lhe que há centenas de funcionários públicos que nos últimos anos tiveram de deixar de pagar os empréstimos das casas e tiveram de tirar os filhos dos estabelecimentos de ensino onde andavam.

Não se esqueça de aconselhar o seu primo, e já agora acompanhe-o, a ir a uma consulta de psiquiatria (aproveite as do SNS que são baratas).
LNT
[0.539/2011]

9 comentários:

luis reis disse...

E já agora Raposo:Vá prá P. que o P.!!

E já agora Raposo:vais levar nas trombas, depois pedes ao papá que te compre uns óculos...é tão certo como eu estar desempregado!É só uma questão de tempo e oportunidade.Mas ela vai chegar,acredita Raposo.
É como dizia o outro, "há mais marés que marinheiros"...

Storm disse...

Bem respondido, Luís! Na barbearia não há papos na língua mas sim montes de imaginação e humor.

Ao Raposo e aos primos raposinhos nada tenho a acrescentar. Aos meus concidadãos e às minhas concidadãs direi que este governo utilizou uma boa ferramenta para dividir o país entre funcionários públicos (médicos, professores e outros) e não funcionários não-públicos, o que não será grave SE uns e outros não enfiarem o barrete de uma tal hetero-classificação. O Raposo enfiou porque lhe convém. Eu não enfio porque sou, isso sim, e antes do mais, uma cidadã com direitos e com deveres, porque ambos - deveres e direitos - têm de ser exercidos, pouco importando se trabalho para o público ou para o privado.

nottome disse...

Aproveito a foto que ilustra o artigo para, como se diz na gíria actual, colocar em draft a minha última teoria.

Esta teoria, embora assustadora, tem tanto de real quanto de possível (fico com urticaria só de pensar...)

O fascismo está de regresso e em força. É verdade... e pior do que o fascismo estar de regresso, é estar a alimentar um novo formato de nazismo.

Já tem inúmeros seguidores (nota-se por algumas raposas que andam no meio de nós) em todos os países da Europa.

Querem subjugar-nos e exterminar-nos através de "medidas" socioeconómicas extremamente desumanas e levar-nos a um estado de desespero tal, que não precisaram de nos destruir. Apostam na nossa implosão.

Este sentimento de impotência que nos vai invadindo, não é mais do que a nossa sensação de estarmos a ser concentrados fisicamente numa área geográfica (chamada país) da qual não conseguimos sair... só morrendo!

Aliás, o plano é tão macabro quanto nos quererem ver mortos sem disparar um único tiro. ZERO BAIXAS para a "grande" nação nazi (esta é a grande diferença entre o nacional socialismo do sec. XX e o do sec. XXI).

Os seus seguidores estão aí... a espalhar a "fé" do quanto pior melhor... "... comecemos por abater os funcionários públicos em toda a Europa... depois, classe a classe, país a país, vamos aculturando os que restarem"... se restarem...

Os que ficarem serão, com toda a certeza, loiros de olhos azuis ou então ruivos mas, cegos!

Anónimo disse...

Tanto funcionário público na blogosfera na hora de serviço.

Luís Novaes Tito disse...

Aqui está um funcionário público a responder, a horas que já lhe são permitidas pelo serviço, ao anónimo privado que publicou às 15:40, para lhe dizer que a essas horas devia estar a trabalhar.
A bem da nação, claro!

Anónimo disse...

Caro Barbeiro, deve-se inferir do seu último parágrafo que os funcionários públicos têm a percepção de que o sistema de ensino privado é francamente melhor? Para lamentarem tirar de lá os filhos é porque:
a) os tinham lá;
b) não os queriam no ensino público.
O Luís lá saberá porquê.

Assinado: Insuspeito funcionário do sector privado que paga todos os impostos e grama com a incompetência dos serviços públicos.

C.C. disse...

Ora deixem-se de reagir a provocações. Os que trabalham nos serviços públicos é porque demonstraram competência para isso; os que trabalham nos serviços privados não sabemos se a demonstraram ou não. Mas uma coisa é certa; o que o Coelho pretende é que os Raposos procriem, para haver muitos. Não lhe façam a vontade dando-lhes tanta importância.

PS-eu posso estar na blogosfera às horas que muito bem me apetecer. É um dos poucos privilégios dos reformados.

luis reis disse...

Principalmente quem paga imposto, nada deve, trabalha "imenso"( ui que cheiro a suor), mas assina como "anónimo"...a isso dá-se um nome : cobardia.
Mas o que é que se espera, afinal de contas, estamos num país, em que havia mais bufos/informadores em cada esquina, que pides?
Como não acertámos contas com a história, pimba, ela aí está, escarrapachada à nossa frente.
Como dizia o outro:"eles andem ai..." mais velhos, mas não morreram, e os seus filhos e netos, receberam a educação da sua/deles cartilha bafienta, por isso, só gostam do escuro, das sombras, onde podem sussurrar, com muito medo que os ouçam, e é por isso que são sempre anónimos e cobardes...

Vítor Fernandes disse...

Só o seu link me obrigou a voltar a ler o tal raposo que escrevo com letra pequena pois a constitução proibe o nazi-fascismo, mas o expresso dá-lhe voz, o que é que se há-de fazer?
A seu texto não é só uma resposta cabal à porcaria que esse senhor escreveu e costuma escrever mas também às de alguns outros sempre os mesmos) que jornais, rádios e televisões, propriedades sabe-se de quem, lhe dá guarida.
Parabéns pelo seu texto, mas cairá em saco roto. Olhe como diz um seu comentador acima que ele vá para a p.q. o p.