quarta-feira, 11 de junho de 2014

Nada mais vil que a tristeza dissimulada

CucosChocante, verdadeiramente chocante, é verificar que há gente partidária que se arroga da ética e do bem quando agora vê serem esgrimidas as competências do seu apoiado e que, a meia dúzia de dias de os portugueses escolherem os seus deputados ao Parlamento Europeu, não se coibiram de fazer propaganda contra as listas que deviam apoiar para reforçar o único grupo parlamentar europeu capaz de enfrentar o neo-liberalismo que grassa por essa Europa fora e faz dos “bons alunos” portugueses as suas cobaias.

Mais vil ainda foi que, quando nessa altura souberam evocar a falta de competência política para justificar tal absurdo, preferiram a política da terra queimada que lhes permitisse agora colher os cereais que já estavam semeados e só aguardavam um regadio mais esforçado.
LNT
[0.230/2014]

12 comentários:

Jaime Santos disse...

Não sou de nenhum partido e votei PS pelas razões que aponta, pelo que o barrete não me serve. Mas deixe-me que lhe diga que o que diz, mais o que leio nos jornais, mostra que o ambiente está de tal modo inquinado no PS que, ganhe quem ganhar, vai provavelmente haver uma cisão do Partido após Outubro. E que isso quererá dizer que a pulverização do sistema partidário português registada nas europeias se vai acentuar no próximo ano.

Anónimo disse...

Não faço ideia alguma de quem possa estar a falar.....mas vil, vil mesmo, coisa mais reles nunca se viu, foi a figura de um deputado a aplaudir um violento discurso do PR contra um governo apoiado pela bancada que integrava.

Luís Novaes Tito disse...

Apetecia-me responder mas não vou quebrar o meu princípio de não responder a anónimos.

Luís Novaes Tito disse...

Jaime Santos
Há realmente essa verdade. O assalto ao poder democraticamente instituido está feito. Cada um que assuma as suas responsabilidades.

Jaime Santos disse...

Lamento, mas o desafio de Costa não constitui qualquer assalto ao poder democraticamente instituído. Se assim fosse e por analogia, AJS jamais poderia ter pedido a dissolução da AR com base na leitura política que fez da situação do País (o Governo mantém toda a legitimidade constitucional para acabar o seu mandato). O problema de Costa é ter responsabilidades compartilhadas com AJS na presente situação, ao não ter assumido a separação das águas há um ano. O que constitui, isso sim, uma violação das regras internas do PS é a marcação de primárias não previstas nos estatutos. Isto nada tem a ver, obviamente, com a bondade da iniciativa (sou aliás a favor da mesma), mas deveria ser feita como a fez o PSF. Se Seguro tivesse reagido de forma contida ao desafio de Costa, convocando diretas e um Congresso, teria mostrado desapego ao poder e até poderia ter ganho, dada a relação de poder nas distritais (mas continuo a achar que Costa é o melhor candidato a PM). Mas, mesmo que tivesse perdido, não é vergonha nenhuma perder com honra e sair por cima... Assim, dada a presente acrimónia, duvido que o consulado de Seguro à frente do PS fique na memória por boas razões...

Anónimo disse...

O que está a acontecer no PS só prejudica os portugueses. A direita ganhará cada vez mais terreno Só de pensar que poderemos ter novamente esta pandilha a governar o país até sinto calafrios...O Seguro deveria ter permitido o congresso.Dá a ideia de estar mais interessado no seu umbigo.

Luís Novaes Tito disse...

Jaime Santos,
Está visto que temos visões diferentes, mas agrada-me especialmente a sua forma de expor e por isso passo à resposta no mesmo estilo fraterno.
O meu comentário ao seu comentário é o seguinte e vou fazê-lo por pontos para tentar não saltar qualquer um:

- AJS pede a dissolução da AR porque o poder instituído tem governado exactamente ao contrário do que se comprometeu na campanha eleitoral. Isso acumulado com as derrotas eleitorais que o poder tem recebido, deixam fortes dúvidas a que ainda tenha o apoio de quem o elegeu. Para além disso, AJS limita-se a reclamar a antecipação de eleições, porque conhece e respeita a Constituição que nos rege. Julgo que isto diferencia e explica a sua primeira questão.

- AJS deveria ter convocado eleições, diz-me. A minha opinião pessoal que poderá ser lida neste Blog desde o primeiro dia, é de que concordo consigo. Não por qualquer razão ligada a apego ao poder, que considero não ser o caso de AJS, mas porque é minha prática de vida resolver os incidentes antes que eles se multipliquem e se transformem em problemas. Pode ser por deformação profissional mas é assim que as boas práticas internacionais determinam para evitar males maiores na informática.

- O que Costa está a exigir, no entanto, é algo nunca visto no PS e não existe qualquer referência nos Estatutos que lhe permitam afrontar desta forma o poder instituído no PS. Para que AJS tivesse convocado eleições teria de se demitir e ele assim não entendeu porque considera, e bem, que está no desempenho do mandato que há um ano lhe foi conferido por mais de 90% dos militantes do PS e que foi confirmado pelos cidadãos do País com duas vitórias conseguidas nas duas eleições nacionais que entretanto se realizaram.

- As primárias são um acrescento à democracia, reconheço. Não estão nos estatutos e também já deve ter lido neste Blog que não sou delas um especial defensor, a não ser que se cingissem ao alargamento de competências do estatuto de simpatizante (já considerado nos Estatutos do PS). Concordo consigo. Havia que explorar melhor esta proposta e debate-la num próximo Congresso sob a chancela do Secretário-geral.

Para terminar, porque as caixas de comentário não são o meu terreno: Considero que o ataque à direcção do PS perpetrado por militantes na sequência de uma vitória eleitoral e num período em que o PS devia ter cerrado fileiras (até porque a questão da liderança está resolvida há um ano) foi um erro que se pagará muito caro e que pode eclodir numa fragmentação irreversível do maior Partido da esquerda portuguesa.

Com o mal feito, cada um que assuma as responsabilidades dos seus actos.
Abraço

André Castro disse...

Caro Luis Novaes Tito, a fragmentação irreversível já existe. Começou há 3 anos atrás com um lider que não lidera nada, que parece ter vergonha do passado do partido e que partilha da mesma tese da direita sobre as origens da crise e portanto incapaz de oferecer qualquer solução que não seja uma versão softcore do que Passos esta a fazer. Liderado por alguém que também acha que foi o despesismo que nos trouxe até aqui, o PS está metido num buraco porque até os portugueses menos atentos já perceberam que isso não é verdade. A fragmentação em curso é pois uma fragmentação, não de facções dentro do partido - pois pelos vistos o seguro nem o partido controla - mas do eleitorado com o PS. Só Costa poderá recuperar o capital perdido. Um abraço

jimmyjigler disse...

Desculpe-me a rectificação, mas a palavra graça que está no texto, deveria ter sido escrita grassa, no sentido de disseminação, e não de piada.

Abraço

Luís Novaes Tito disse...

jimmyjigler, tem toda a razão, não sei como cometi a asneira, mas já corrigi.
Muito obrigado.

Luís Novaes Tito disse...

André Castro
Aquilo que tenho para lhe dizer já está escrito no texto que publiquei hoje. Abr.
http://barbearialnt.blogspot.pt/2014/06/o-barbeiro-viii.html#links

Jaime Santos disse...

Aquilo que nos separa, Luís Tito, é sobretudo a leitura que fazemos do resultado das europeias. Eu acho que as mesmas, e o que se seguiu, demonstraram que a atual liderança do PS não tem condições para ganhar as legislativas de 2015, e já expliquei isso num post atrás (Mira Técnica, salvo erro). Quanto à questão das primárias, 4 meses não é sequer tempo suficiente para as preparar, o PSF levou bastante mais tempo, mas, pior do que isso, é organizá-las agora, sem um Congresso Extraordinário. Como disse hoje Freitas do Amaral, elas são muito provavelmente ilegais. Isso destrói completamente a credibilidade de quem se outorga defensor das instituições. E aqui, refiro-me, claro, a Seguro e não ao meu caro, porque têm opiniões distintas nesta matéria.