[0.458/2008]Bodes expiatórios (act.)No
Água Lisa,
João Tunes rebate a proposta de boicote aos produtos
GALP e chama-me a atenção para vários aspectos desta campanha que apelida de "
pouco clarividente".
Já lá deixei comentário pedindo que explique aquilo que ninguém consegue explicar que é:
-
como é que se pode falar de escalada de preços sem referir que essa escalada é em Dollars/Petróleo e que o Dollar tem sofrido uma desvalorização assinalável em relação ao Euro?
O que é verdade é que com um Euro compra-se, hoje, pouco menos petróleo do que se comprava à uns meses atrás.
Mas há uma coisa que o
João diz que me deixa perplexo porque, embora já esperasse essa argumentação, nunca a esperei a partir do
Água Lisa.
Diz o
João Tunes que esta campanha só "
serve para afunilar ódios perante problemas reais, batendo no “nacional” como se a santidade estivesse na Repsol, na BP ou nos seus irmãos tubarões do negócio mundial petrolífero (em que a GALP é um grão no areal)", o que não é verdade. Ninguém considera qualquer um dos outros tubarões
santos, mas é dos livros que é impossível combater todos em simultâneo. Por exemplo, a campanha para não se abastecer nos dias 1, 2 e 3 de Junho, sendo legítima, é absolutamente inconsequente porque as pessoas abastecer-se-ão no dia antes ou no dia depois e o efeito será nulo.
Não há nenhum crime de lesa-pátria por fazer o boicote aos produtos
GALP porque a
GALP não demonstra qualquer consideração com os portugueses não tendo, até agora, tido qualquer preocupação por liderar os aumentos dos combustíveis em Portugal, apesar dos lucros inacreditáveis que tem tido.
Há no texto do meu amigo
João Tunes muito mais a rebater, começando pela acusação de que os aumentos são decididos pela
OPEP, o que parece não ser verdade
(é a OPEP - Abdullah Salem el-Badrique - diz que estes aumentos resultam de especulação), e pela defesa da queda do
ISP o que seria, no meu modesto parecer, um imenso erro porque rapidamente a
GALP (e os outros) iriam absorver nos seus lucros aquilo que o Estado deixasse de receber
(no mesmo caminho do que se irá fazer com a baixa de 1% do IVA anunciada pelo Governo).
De uma coisa tenho a certeza. Se não forem os consumidores a defenderem-se, a vida vai tornar-se insustentável porque a questão do aumento dos combustíveis não se reflecte só nas bombas de gasolina, mas afecta e encarece todos os produtos básicos.
Criminoso é ficar de braços caídos a deixar que a selvajaria capitalista prossiga desta forma nunca vista, nem mesmo no tempo em que se falava de capitalismo selvagem.
LNTNota: O Post 456/2008 mantém-se em actualização permanente.(act.)
O João Tunes já treplicou no Post "
MAIS UM BODE EXPIATÓRIO PARA A COLECÇÃO (2)" texto extenso, interessante, fundamentado e de boa retórica, como é seu timbre, mas deixa por responder ao essencial que é, desde o princípio, a justificação da "
escalada de preços" dado que o Euro, quando transformado em Dollars, compra agora pouco menos petróleo do que comprava há uns meses atrás.
O João diz que esta conversa não é para aqui chamada... quando sabemos que é exactamente essa argumentação que tem justificado a "escalada de preços" no consumidor.
Percebe-se que o João teria preferido que aqui se tivesse falado da santidade das outras companhias, mas isso não se fez. O que se está a fazer não é por inveja dos lucros da GALP, caro João, mas porque essa grande companhia se está nas tintas para os portugueses e merece da parte dos consumidores portugueses resposta condizente.
Temos de nos defender de uma coisa de cada vez e acredito que seja só por gozo que o João faz o gozo de sugerir que alguém queira
tirar a GALP do mercado (essa ainda me está a fazer sorrir), assim como aquela tirada "
preconceitos serôdio-soviéticos contra a eficiência que leva ao lucro"
como se estivesse a ler nesta Barbearia a cartilha do Avante.
Brincadeiras do João Tunes, velho companheiro destas lides dos Blogs, a quem há muito aprendi a ler a ironia.
Rastos:
-> Água Lisa - João Tunes (1)
-> Água Lisa - João Tunes (2)
-> Boicote aos produtos GALP
-> Canhoto - António Dornelas
-> RTP - OPEP afirma que mercado está "louco"