domingo, 25 de maio de 2008

Botão Barbearia[0.466/2008]
No País dos medosVampiros

Chegados a este ponto interessa esclarecer o seguinte:

1. Não estou a liderar qualquer movimento para abater a GALP, estou a defender individualmente os meus interesses enquanto consumidor.

2. Não me deixo amedrontar pelo gigantismo de quem tenho de me defender, mesmo tendo plena consciência da minha pequenez.

3. Não ignoro que as soluções de futuro têm a ver com o ambiente, hábitos de consumo e outros rituais que urgem ser alterados e, embora concorde que já se vá tarde na busca dessas soluções, há a questão presente que tem de ser encarada.

4. Não desconheço totalmente as razões que estão por detrás da crise especulativa que tem feito disparar este carrossel de carestia.

5. Não pretendo fazer esquecer que a questão da escalada dos preços dos combustíveis, que muitos mascaram só com os inconvenientes privados de circulação automóvel (o mal menor), afecta toda a linha de produção e vai agravar as condições de vida de toda a população.


Dito isto, consciente também de que haveriam muitos mais pontos a enunciar, volto a dizer para quem quiser entender, que um Estado não é o Governo e que, tal como todos nós, cidadãos individuais, temos o dever de contribuir para a construção do nosso Estado, também as empresas, principalmente as que devem o seu gigantismo ao apoio do Estado (de todos nós) não podem abdicar do seu papel social.

A GALP lidera o mercado português e o seu exemplo fará com que as outras petrolíferas que actuam em Portugal moderem a sua avidez. No entanto, e perante as gravíssimas dificuldades que estão a ser criadas pela cavalgada incompreensível dos combustíveis justificada publicamente pela mentira da escalada dos preços das matérias-primas, a única resposta da GALP é "a única alternativa para baixar os preços dos combustíveis é reduzir o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP)".

A insensibilidade social da GALP não lhe basta. Pretende que o Estado (todos nós) prescinda dos meios que lhe permitem cumprir as suas obrigações, para que a GALP possa continuar a aumentar os seus lucros privados.

Só nos faltava que perante isto o medo nos fizesse ficar calados e impassíveis.
LNT

Nota: O Post 456/2008 mantém-se em actualização permanente.
Na última actualização já contava com 63 Blogs aderentes.

Referências especiais que levaram à escrivinhação deste POST:
USB Link-> o Jumento
-> Rui Perdigão - Da água, do crude e do gaz(prom)
-> Aqueduto Livre - José Albergaria
-> o Futuro é Agora - Passos Coelho pede descida urgente do imposto sobre os combustíveis
-> Diário Digital - Passos Coelho pede descida urgente do ISP

13 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Barbeiro,

Com o peso específico que tenho, como cidadão, estou a 200% contigo. Há tempos houve umas propostas que me pareceram mais que ineficazes de não comprar durante uns dias a uma gasolineira e depois a outra, até não sei o quê resultar. Nunca alinhei porque era notório que só ia dar um dia de folga ao pessoal das áreas de serviço e muito de vez em quando.
Até prova em contrário (e eu consigo com os descontos do Continente para a Galp e da Galp para o Continente gastar menos 10 cêntimos por litro) também acho que esta é a maneira correcta de lidar com a indústria que nos está a sugar.
Bom trabalho e obrigado.

contradicoes disse...

Meu caro amigo. Desde que se começou a registar o aumento de combustíveis publiquei a denuncia no meu blog que me havia sido enviada por email onde aconselhava na altura e já lá vai mais dum ano o boicote a esta empresa que para além de possuir postos próprios de abastecimento refina os combustíveis para os demais distribuidores com excepção da ESSO e da ELF. Na altura não consegui qualquer apoio de quem quer que fosse no sentido de boicotar a GALP e consequentemente fazê-la recuar nos seus propósitos.
Julgo que nesta altura do campeonato já será tarde para o conseguir. Um abraço do Raul

Luís Novaes Tito disse...

Caro Raul

Será tarde para quê? Então o Raul não vê que estes aumentos, se ninguém fizer qualquer coisa, ainda são só o princípio?

MFerrer disse...

Tenho seguido o seu empenho nesta cruzada, pelos combustíveis mais baratos e concordo que esta questão, como muitas outras, tem que ser tratada com seriedade.
Reparo agora que não está de acordo com a redução do ISP.
Concordo.
Também acho que uma redução "inocente" desse Imposto, seria tentar parar uma cheia com mais um tijolo: Dada a situação internacional, a redução assim obtida, seria "comida" em poucos dias pela constante alta dos outros factores. E depois?
Então o que é que se pode fazer?
Há apenas uma resposta possível. Mudar de hábitos de vida.
Reduzir em 50 ou 60% o nosso consumo individual.
Colocar pressão nos transportes públicos para que se desenvolvam e ofereçam mais alternativas.
Claro, não é a solução mais cómoda, nem a mais egoísta, nem até a de efeitos mais imediatos.
Mas, é de certeza a que pode funcionar.

Luís Novaes Tito disse...

Caro mferrer

Não duvido do que diz, nem de que é necessário fazer muitas outras coisas mas, enquanto essas coisas de futuro não forem feitas, pelo menos teremos de tentar minimizar a actualidade.

É que as pessoas comem todos os dias (ou deveriam comer), não é verdade?

mdsol disse...

Caro Sr. Luís da Barbearia:

O post que coloquei lá "tarefa da esperança" é todo para si! Não aduz argumentos específicos ... é o meu pequenininho agradecimento!
:)

odete pinto disse...

Caro Luis,

Gostaria de deixar aqui duas dúvidas, na esperança que alguém saiba e/ou queira esclarecer-me:

1. Noto que, abastecendo em Espanha, um qualquer combustível "rende" mais quilómetros. Conferi com várias pessoas que utilizam quer gasolina 95 quer diesel.
O facto de só haver uma refinadora em Portugal, Galp, será provavelmente mais um factor desfavorável ao consumidor, não?

2. Nas estações de serviço em Espanha o preço dos combustíveis está exposto de forma legível à distância.
Porque será que em Portugal não é assim?

Acho que são mais dois motivos para fundamentar o boicote à Galp.

j. manuel cordeiro disse...

Vendas de combustíveis 1995 a Jan. 2008 (gráficos):

Luís Novaes Tito disse...

Cara MDSOL,
Agradeço, como já lá disse.

Cara Odete,
Não sei responder à sua primeira questão. Pode ser que alguém que aqui venha tenha resposta. Quanto à segunda, deve dever-se à velocidade dos aumentos em Portugal.
Ainda não teriam colocado o preço e já estaria desactualizado.

Interessantes gráficos, Raposa Velha. Há que reflectir sobre o que indicam.

Anónimo disse...

Caro Sr Luís

Não há que ter medo, o boicote não é contra a GALP, é sim uma acção legítima dos consumidores face à empresa líder de mercado que actua em monopólio no mercado que detém e em cartel na faixa de mercado que deveria ser concorrencial.
Face a este facto os consumidores têm todo o direito afirmar uma posição, ainda estamos num pais livre!
Abraço

MFerrer disse...

Caro Luis,
Mas é exactamnete por pensar nas Pessoas que comem como eu e vc que afirmo que, como Não-há-Petróleo-no-Beato, temos que racionalizar os consumos.
O petróleo barato acabou.
A escolha é de cada um de nós. Podemos consumir menos e ir comendo, ou podemos consumir toda a gasosa que nos apetecer, e deixar de pagar a renda, a água, a luz e o merceeiro.
Eu não vou comer todos os dias ao Ritz nem ao Tavares Rico. Se calhar nem nunca lá fui...
Também nunca andei em colégios particulares. Nem tive explicadores. Mas tive que fazer pela vida.
Sinceramente
MFerrer
( Desculpe a familariedade no tratamento )

Luís Novaes Tito disse...

Caro Mferrer,
Esteja à vontade. Esta casa tem as portas abertas.

Talvez não me tenha feito entender.

É evidente que a gasolina está cara. Aqui e em toda a parte. Claro que temos de mudar de hábitos e não duvido que o que se está a passar irá forçar essa mudança.

A única coisa que me move é aperceber-me que à pala disso há quem se esteja a aproveitar e é contra isso que me revolto.

O problema maior não é o preço da nossa gasolina (privados), é o que estes aumentos vão fatalmente provocar na inflação de toda a cadeia produtiva e consequente agravamento da qualidade de vida.

Em Portugal há grandes dificuldades e só a insensibilidade social pode levar a GALP a tomar as atitudes que tem tomado levando atrás de si as outras (BP, Repsol, etc), pensando unicamente na sua margem de lucro.

Não existe qualquer ódio contra a GALP, não há razão nenhuma para odiar uma grande empresa portuguesa, antes pelo contrário.

Mas nós somos consumidores e só temos esta forma de nos defendermos.

Anónimo disse...

Estamos convosco nesta luta! Vamos a ver se os portugueses agem ou se só se sabem queixar.

Abraço!