Sempre que oiço falar de um Alto-Comissário lembro o António Vitorino, aqui há uns anos numa conferência internacional sobre migrações na Torre do Tombo, ao lado do José Leitão, a dizer à assistência que embora o José Leitão não fosse muito maior do que ele se distinguia por ser Alto-Comissário (para a Imigração e Minorias Étnicas) e ele só ser Comissário (Europeu).
Uma chalaça para fazer descontrair uma plateia recheada que me deixou memória sobre a pompa e circunstância que gostamos de cultivar.
Fala-se agora de um alto-comissário que garanta a preparação das emergências da
Trindade (se o outro lhe chama triunvirato, eu prefiro chamar-lhe assim até porque sendo eles resgatadores, contém algo de espiritual) nos
entretantos do poder que ainda estão vinculados à Constituição da República Portuguesa.
Precisamos de pompa e circunstância, hierarquia e autoridade, na aflição dos resgatadores, como se os Partidos que assinaram a Carta de Penhora não estivessem calhados para cumprir os seus pressupostos e não tivessem obrigação de fazer cumprir aquilo a que se comprometeram no dia seguinte ao da tomada de posse do novo Governo. Para o fazerem não precisam de aprovação do seu programa na Assembleia da República assim como não precisaram dela para dar o seu acordo nas negociações e, sendo Partidos responsáveis que ambicionam o poder, têm obrigação de estar preparados para o exercer de imediato.
A criação desta figura de Alto-Comissário é uma aberração. Cavaco não quis dar posse a um Governo transitório da sua confiança quando convocou eleições o que fez este Executivo manter-se em funções até às eleições. Compete-lhe (ao Governo) fazer a gestão, logo, preparar os
dossiers para que se cumpra o acordado.
Se ganhar as próximas eleições executará o que preparou, senão terão de ser os outros a fazê-lo introduzindo-lhes as alterações que nesta altura já terão estudadas.
Sabemos que o que muito os move é o conteúdo do
pote, já o afirmaram, ou o
degredo de Sócrates, também já o disseram, mas nós, que vamos escolher e os que assinam o cheque, exigimos-lhes mais do que isso.
Nota: Se o Bloco ou o PCP ganharem as eleições (agora há quem defenda esses votos como úteis) deverão no mesmo prazo fazer a denúncia do acordo, a devolução dos dinheiros que já nos foram entregues e implementar os seus planos para a renegociação da dívida existente. Rapidinho, não se esqueçam que os salários da Administração, as Pensões, os Subsídios de Desemprego e todas as dívidas do Estado, nacionais e internacionais, não podem esperar.
LNT[0.196/2011]