sem título
De repente chovem convites para meio milhão de livros que estão a saltar para as estantes antes do Natal. O barbeiro atafulhado nos afazeres da profissão fica sem mãos a medir com tanta vernissage e começa a não ter espaço para amontoar mais um a outro livro por ler, nem para percorrer as amabilidades da arte maior da pintura que se apresenta entre dois croquetes, um whisky rasca e umas porradas nas costas.
Eles estão aí. Hoje, uma mostra de pintura do primo Telles da Gama em Sines, o meu amigo poeta Carlos Mota Soares, dia 20, na FNAC do Chiado, a camarada Ana Gomes, no El Corte Inglês e as colaboradoras desta loja sempre tan exigentes no ciúme da dispersão, raz-as-parta.
Nunca mais chega a reforma, agora atrasada pela benesse que o nosso Primeiro acrescentou com mais cinco anos de cortes, o que quase impede a cultura de entrar e as coisas da vida por saborear antes que seja tarde porque consta que no Paraíso, que sei ser meu destino, não se lê nem se olha pintura só restando tempo para o embasbaque centrado na figura d’Ele.
Um dia morre-se e fica tanto pecado por fazer.
LNT